Peço antecipadamente perdão
aos seguidores de Seguro, àqueles que depositam grandes expectativas no génio
das suas propostas, mas à falta de outros qualificativos mais suaves, como tilt
(como nas máquinas de pinball) ou avaria (por favor, consulte o manual
de instruções), penso que disfunção cognitiva assenta relativamente bem ao seu
quadro diagnóstico reservado. Seguro apresenta-se em campanha autárquica como o
inventor da roda. Julga que lá por se encontrar em cascos de rolha, no Portugal
profano, que pode atirar asneiras ao ar sem que ninguém dê conta (por estar
longe do literal, no interior):
Oh amigo! Essa é velha.
Enquanto afaga a lamparina socialista de Aladino, esgotando e corroendo a sua
parca credibilidade com a lata das suas palavras, parece esquecer a história de
Portugal na Comunidade Económica Europeia (CEE). Não se lembrará ele dessa
máxima política usada e abusada por outros que o precederam, ou por colegas de
cor ideológica distinta. Ainda não percebeu que todos esses dinheiros fáceis que
vieram de Bruxelas durante tantos anos de ajustamento e coesão já foram para o
interior - o interior do bolso de alguns beneficiários.
O busílis da questão, caro
Seguro, não tem a ver com fundos e subvenções, tem a ver com algo designado por
sustentabilidade, capacidade local ou empreendedorismo sem a necessidade de
Troikas ou Bruxelas (que em termos praticos vai dar à mesma bancarrota de
ideias e dinheiros); ou seja, a capacidade das próprias regiões criarem as suas
dinâmicas residentes e sem necessitar de bengalas e ajudinhas. Não percebeu o
secretário-geral que essa fórmula já foi usada vezes sem conta e não funcionou.
E os "novos
dinheiros", os famosos fundos comunitários chegam assim sem mais nem
menos? Sem juros? Este grau de ingenuidade começa a ser preocupante, caro
Seguro. Acresce a estes disparates todos, saídos com tanta facilidade da sua
boca em Vila Nova de Tozé, perdão, Vila Nova de Tazém, o facto do sentido de
nojo já não ser o que era. O camarada-honorário Almeida Santos ao apresentar-se
ao lado do afilhado para dar o seu apoio espiritual, acaba por demonstrar o seu
próprio quadro patológico. Almeida Santos parece estar por todas. Não se
importa nada em manchar o seu espólio político, o serviço prestado à nação na
Assembleia da República e locais diversos.
Parece que os barões do
partido já nada temem. Seguro tem um poder inócuo de contágio, mas os outros
não dão conta (não são alérgicos) e querem lá saber se o seu acervo de respeito
vai desta para melhor, se fica comprometido. Veja-se Soares, que até certa
altura residia no museu dos intocáveis da democracia portuguesa, e agora consta
num calendário de baboseiras ditas em tão curto espaço de tempo. No entanto, há
que dar a mão à palmatória a Seguro que não tem a noção de que se está a referir
a si quando fala em política com "p" pequeno. P pequeno, João
Pequeno, Tozé Pequeno - que tristeza -, quando o que Portugal precisa é de algo
em grande.
Título e Texto: John Wolf, Estado Sentido,
15-9-2013
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