Vasco Mina
Todos temos presente a tomada
de posição comum (uma das poucas) dos partidos da esquerda: indigitar Passos
Coelho como PM e dar posse a um governo por este formado seria perda de tempo!
Ou seja, mais valia indigitar António Costa e dar posse a um governo com apoio
da esquerda na AR. Tudo estaria, à esquerda, preparado para esta alternativa e
só mesmo Cavaco Silva empataria que tal acontecesse. Duas semanas após e, pelos
vistos, o tempo não chegou para que conseguisse o tão almejado e histórico
acordo entre o PS e os partidos à sua esquerda.
O Governo entregou ontem o seu
Programa para ser debatido no Parlamento nos próximos dias 8 e 9 de Novembro.
Também ontem soubemos que o BE tinha aprovado um documento resultante das
negociações com o PS. Um acordo a dois e que com a transparência habitual da
esquerda ficou por se saber o que no dito constava. Apenas se confirmou que era
apenas um acordo a dois. Sem perda de tempo o PCP fez também saber que tinha enviado
um texto sobre uma “posição conjunta do PS e do PCP sobre solução política”. Os
comunistas nada referem quanto ao acordo e apenas repetem a cassete dos últimos
dias: “estão reunidas as condições para pôr fim ao Governo PSD/CDS-PP”; ficámos
apenas a saber que o Governo será da iniciativa do PS com o apoio na AR do PCP
mas sem participação comunista no elenco governativo. Ou seja, o PCP empatava,
assim, mais algum tempo para negociar e convocou o Comité Central para Domingo.
António Costa, de seguida, na SIC, informa que serão três os acordos (um
deveria saber a “poucochinho”) mas que ainda faltava o acordo político com o
PCP. O PS irá discutir o Programa de Governo a apresentar pelos socialistas mas
ainda não tiveram tempo para negociar com os comunistas a duração do hipotético
acordo que garanta a continuidade governativa para além do Programa e,
eventualmente, do Orçamento.
O PNEC (Processo Negocial em
Curso) continua assim o seu percurso e ainda muito assistiremos neste fim de
semana pois a crise (na esquerda) impede que se consiga prever de manhã o que
acontecerá à tarde. Até as previsões meteorológicas conseguem ser mais fiáveis!
Estamos a dois dias da
discussão e aprovação do Programa do Governo de Passos Coelho e, até agora, o
tal tempo perdido foi, afinal, tempo ganho para a tentativa de António Costa
conseguir um acordo (que serão, afinal, acordos) à esquerda. Quanto mais tempo
será necessário perder para sabermos se existe uma verdadeira solução
governativa à esquerda? E quando conheceremos o conteúdo e âmbito de tais
acordos? Será que ainda vão derrubar o Governo e só depois chegarão a acordo
(perdão, a acordos)? Tudo isto é, no plano lúdico-político, muito estimulante
mas o problema é que está um país inteiro à espera! Por que nos fazem gastar tanto
tempo à espera quando este tempo era apenas tempo perdido?
Título e Texto: Vasco Mina, Corta-fitas, 7-11-2015
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