quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Capitalismo vs Socialismo: três livrinhos


Socialismo, porque não?
EM DEFESA DO SOCIALISMO

A Gradiva publica em simultâneo dois pequenos livros, tão interessantes quanto oportunos, escritos por dois nomes que estão reconhecidamente entre os grandes filósofos defensores de dois sistemas antagónicos – o socialismo e o capitalismo –, para responderem à grande questão política que desde o séc. XVIII continua a dominar, de forma apaixonada, o debate político e a dividir, por vezes tão dramaticamente, as sociedades. Dois livros únicos que levam o leitor que não se queira enganar a si próprio a reavaliar ou a confirmar, informada e criticamente, as suas convicções.

Este é o primeiro dos dois livros, uma serena e ponderada defesa do socialismo, feita por um dos mais prestigiados e discutidos filósofos políticos da esquerda contemporânea, G. A. Cohen.

O socialismo é desejável? É possível? Muitos afirmam que o socialismo é impossível.

Cohen refere que o principal obstáculo ao socialismo não é, ao contrário do que frequentemente se diz, o egoísmo humano inveterado – é a ausência dos meios óbvios para dirigir correctamente a generosidade humana que existe.

O autor pretende que a questão que constitui o título do livro não seja retórica.

Propondo um «acampamento» como base para explicitar a sua teoria, especifica dois princípios – igualdade e comunidade – aí postos em prática e apresenta as razões pelas quais o modo de organização de um acampamento é apelativo. Esses princípios e esse modo de organização tornarão o socialismo desejável? E, sendo-o, serão viáveis quando se transpõe o acampamento para a sociedade como um todo? As sociedades podem diferir de acampamentos coletivos, mas continua a ser atrativo que as pessoas se tratem com igualdade.

Contudo, por desejável que seja, muitos defendem que o socialismo é impraticável. Cohen afirma que o principal obstáculo ao socialismo não é, ao contrário do que é comum dizer-se, o egoísmo humano inveterado – é a ausência dos meios óbvios para dirigir corretamente a generosidade humana que existe.

Não tendo esses meios, confiamos no mercado. Mas há muitas formas de limitar o ímpeto do mercado: há mudanças desejáveis que nos podem levar a uma sociedade socialista na qual, para citar Albert Einstein, a humanidade “supere e ultrapasse o estádio predatório do desenvolvimento humano”.

Autor:
G. A. Cohen (1941-2009) foi o mais persuasivo, influente e respeitado defensor contemporâneo do pensamento político da esquerda marxista e também um dos mais importantes filósofos políticos das últimas décadas, a par de figuras como John Rawls, Robert Nozick, Ronald Dworkin ou Michael Sandel. Nasceu em Montreal (Canadá), mas foi em Inglaterra que acabou por ensinar a maior parte do tempo, primeiro no University College of London e depois na Universidade de Oxford, onde se veio a tornar emeritus fellow do All Souls College. É autor de vários livros, entre os quais Karl Marx’s Theory of History: A Defence, If You Are an Egalitarian, How Come You’re So Rich?, Rescuing Justice and Equality e este Socialismo.Porque não?, que foi o último escrito, antes de falecer em 2009, em Oxford.

Capitalismo, porque não?
EM DEFESA DO CAPITALISMO

Argumentos em defesa do capitalismo, numa resposta directa ao livro Socialismo. Porque Não?

O segundo dos dois livros publicados em simultâneo pela Gradiva apresenta uma incisiva resposta do filósofo libertário Jason Brennan ao livro de G. A. Cohen. Brennan argumenta a favor da superioridade não apenas prática, mas sobretudo moral, do capitalismo.

Refere que a maioria dos economistas acredita que o capitalismo é um acordo com a natureza humana egoísta. Como afirma Adam Smith, «não é da benevolência do talhante, do cervejeiro ou do padeiro que esperamos o nosso jantar, mas da consideração do seu próprio interesse», o que significa que o capitalismo funcionaria melhor do que o socialismo, só porque os seres humanos não são amáveis e generosos o suficiente para fazer com que o socialismo funcione.
Mas Jason Brennan vai mais longe na sua defesa do capitalismo.

Em Capitalismo: Porque Não?, argumenta que o capitalismo se manteria como o melhor sistema mesmo se fôssemos moralmente perfeitos. Mesmo num mundo ideal, a propriedade privada e a liberdade de mercado seriam a melhor forma de promover a cooperação mútua, a justiça social, a harmonia e a prosperidade. Os socialistas procuram fixar-se na superioridade moral mostrando que o socialismo ideal é moralmente superior ao capitalismo realista. Mas, diz Brennan, o capitalismo ideal é superior ao socialismo ideal, pelo que o capitalismo bate o socialismo em todas as frentes.

Um livro escrito de modo persuasivo, cativante e às vezes provocador que levará os leitores de todos os quadrantes políticos a reavaliarem a sua posição em relação às prioridades económicas e aos sistemas – como existem agora e como poderiam ser desenvolvidos no futuro.

Autor:
Jason Brennan doutorou-se em filosofia pela Universidade do Arizona, ensinou na Universidade de Brown e é actualmente professor associado de Estratégia, Economia, Ética e Políticas Públicas na Universidade de Georgetown. É autor de Compulsory Voting: For and Against, com Lisa Hill, Libertarianism: What Everyone Needs to Know, The Ethics of Voting e A Brief History of Liberty, com David Schmidtz. A filosofia política e a ética aplicada são as suas duas principais áreas de investigação.

Conclusão
Cohen refere que as nossas teorias da justiça deviam ser sobre o que é melhor, ponto final, não sobre o que é melhor tendo em conta quão egoístas e desagradáveis as pessoas são.

Justiça é algo que acontece num mundo em que as pessoas têm motivações moralmente perfeitas e fazem sempre o que a moral exige delas. Nesse tipo de mundo, os problemas do socialismo da vida real desaparecem. E então, segundo alega Cohen, o socialismo torna-se num desejável modo de viver. Tem razão.

Mas nesse tipo de mundo, os problemas do capitalismo da vida real também desaparecem, enquanto muitas das suas virtudes permanecem. E isso faz toda a diferença. Os socialistas estão sempre a oferecer-nos um produto inferior. O capitalismo ideal é melhor do que o socialismo ideal, e o capitalismo realista (de algum tipo) é melhor do que o socialismo realista.

O Mickey Mouse Clubhouse mostra-nos, para nossa grande surpresa, que quando julgamos sistemas pelos padrões filosóficos marxistas, o capitalismo torna-se um modo de vida intrinsicamente mais desejável. E, surpreendentemente, uma razão pela qual o capitalismo Clubhouse se torna o modo de vida mais desejável é que, sendo o socialismo para uma pequena percentagem de nós o modo de vida mais desejável, o capitalismo também lhe permite defrontá-lo.

No mundo real, o capitalismo encoraja os empreendedores a proporcionarem-lhe as coisas que quer a preços que tem a possibilidade de pagar.

No mundo ideal, o capitalismo ainda consegue melhor: oferece-lhe a oportunidade de viver na sua utopia pessoal.
Grifos: JP 



Sobre a Desigualdade
Harry G. Frankfurt

A desigualdade económica suscita pouco consenso nos tempos que correm. No entanto, poucos argumentariam que a desigualdade é um mal maior do que a pobreza. Os pobres sofrem porque não têm o suficiente e não porque os outros têm muito.

Neste livro provocador, o autor, um dos filósofos morais mais influentes da actualidade, apresenta uma resposta convincente e perturbadora para os que acreditam que o objectivo da justiça social deve ser a igualdade económica ou menos desigualdade. Argumenta que estamos moralmente obrigados a eliminar a pobreza, não a alcançar a igualdade ou a diminuir a desigualdade. Devemos estar focados em garantir que todos têm dinheiro suficiente para viver uma vida decente. Focar-se, ao invés, na desigualdade é perturbador e alienante.

Se nos dedicarmos a garantir que todos tenham o suficiente, podemos reduzir a desigualdade como um efeito colateral. Contudo, sublinha que é essencial considerar que o objectivo último da justiça é acabar com a pobreza, e não com a desigualdade.

Lançando um desafio às nossas mais enraizadas crenças, quer estejamos politicamente mais à esquerda ou à direita, Sobre a Desigualdade promete causar um imapcto profundo num dos maiores debates do nosso tempo.

Autor: 
Harry G. Frankfurt é Professor Emérito de Filosofia na Princeton University. A sua importante obra filosófica reparte-se principalmente pelas áreas da filosofia moral, da filosofia da mente e da filosofia da acção. Os seus contributos para a discussão do problema do livre-arbítrio fazem dele uma referência nesse domínio. Da sua obra, destacam-se ainda os sucessos de vendas On Bullshit (Da Treta) e The Reasons of Love.

2 comentários:

  1. Prezados, creio que o Capitalismo é mais cruel e muito invejado, vejam o caso do EI, eles vivem uma vida miserável, e querem combater o conforto de quem vive com o Capitalismo. O Socialismo é muito deturpado, no mundo inteiro, pois em grande maioria querem viver às custas do Socialismo sem trabalharem, e portanto também invejam o conforto do Capitalismo, que ao contrário, conquistam suas ambições às custas deles próprios. Convenhamos viver com alguém lhe sustentando é bem mais fácil.
    Esta é a minha visão!
    Claro que cabe mudanças em ambos!
    Heitor Volkart

    ResponderExcluir
  2. Caro Heitor, esta será minha segunda postagem sobre o assunto.
    Somos obrigados a separar sistemas econômico de sistemas políticos.
    Socialismo NÃO É UM SISTEMA ECONÔMICO.
    Capitalismo NÃO É UM SISTEMA POLÍTICO.
    Existem apenas dois sistemas econômico, e os dois são praticados.
    O primeiro é você trocar o que você tem em excesso pelo que lhe falta. Muitos países fazem isso, com o Brasil faz com a soja trocando-a por trigo.
    O segundo é o vender a força do trabalho.
    Nos dois sistemas há especulação, Quando o Brasil precisa de TRIGO a soja é desvalorizada e vice versa.
    Já o capitalismo há diversas especulações, e o sistema político é que as fazem, optando pleo livre mercado, ou pelo intervencionismo.
    Quando você tenta pagar o mesmo salário a todas profissões. do gari ao cientista, você intervem no mercado produzindo menos pessoas a adquirirem conhecimentos, mas produz por exemplos mais atletas.
    O capitalismo evidencia o mérito das pessoas.
    Para mim, a única mudança a fazer no capitalismo é para r de pagar salários inadmissíveis, para as propagandas e os atletas.
    Já no mercado intervencionista não há o que fazer, os estados corruptos intervem no mercado, se não o fizerem deixam de ser socialista para serem capitalistas de mercado, produzindo uma maior pobreza para o país.
    Se eu plantar uma macieira no meu pátio ela é minha, se o estado quiser a metade deixaria de plantá-la e ficaria na fila dos super mercados socialista com meu tíquete para conseguir uma.
    Espero ter sido sucinto.
    FUI, daqui a pouco volto.

    ResponderExcluir

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-