A oposição venezuelana anunciou que não
aceita a proposta do Vaticano para ser retomado o diálogo com o Governo
Foto: Miguel Gutierrez/EPA
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Agência Lusa/Tiago Palma
A oposição venezuelana
anunciou esta quarta-feira que não aceita a proposta do Vaticano para ser
retomado o diálogo com o Governo a 13 de janeiro e que vai voltar aos
protestos. “Enquanto não se cumprirem os acordos, nós não vamos estar em nenhum
espaço [de diálogo]”, disse o secretário da Mesa de Unidade Democrática (MUD),
a aliança que junta a oposição, durante uma conferência de imprensa em Caracas.
Na terça-feira, o enviado do
Vaticano, Cláudio Maria Celli, anunciou que o Governo venezuelano e a oposição
iriam retomar o diálogo e que tinha sido agendada uma nova reunião de trabalho
para 13 de janeiro de 2017. “Não concordámos com a data de 13 de janeiro para
uma futura reunião, porque a data será determinada pelo cumprimento dos
acordos. Não há nenhuma razão para o Governo não cumprir com os quatro acordos
alcançados”, disse o responsável da MUD.
Segundo Jesus Torrealta, o
Governo tinha prometido à oposição que libertaria os presos políticos, que
criaria um canal humanitário para a entrada de alimentos e medicamentos no
país, que estabeleceria um cronograma eleitoral e que avançaria com uma data
para uma eleição presidencial. Por outro lado, anunciou que a oposição decidiu
retomar a “agenda de luta na rua” (manifestações), no parlamento e no âmbito
internacional que tinha sido suspensa a pedido do Vaticano.
O enviado do Vaticano havia
dito que os “mediadores” do diálogo na Venezuela tiveram reuniões, em separado,
“com delegações” do Governo e da MUD, durante as quais apresentaram uma
proposta de trabalho a ambas partes. “Solicitamos aos poderes públicos que não
aprovem ou se abstenham de ditar decisões que dificultem a relação entre eles
ou o processo de diálogo até ao 13 de janeiro de 2017”, disse. Segundo o
representante do Vaticano, estão ativas quatro mesas de diálogo: paz, respeito
pelo estado de direito e soberania nacional; verdade, justiça, Direitos
Humanos, reparação das vítimas e reconciliação; situação socioeconómica;
calendário eleitoral.
A 30 de outubro, o Governo e a
oposição iniciaram um diálogo, sob a mediação do Vaticano e da Unasul (União
das Nações da América do Sul), que levou à criação destas quatro mesas de
negociação. A 1 de novembro, o parlamento, onde a oposição tem maioria, adiou
“por alguns dias”, a pedido do Vaticano, um debate para determinar a
“responsabilidade política” do Presidente Nicolás Maduro, acusado da “rutura da
ordem constitucional” no país.
A 12 de novembro, o Governo e
a oposição acordaram trabalhar conjuntamente para a recuperação da economia e o
combate à insegurança, tendo agendado nova reunião de diálogo para 6 de
dezembro na qual a MUD não participou devido à falta de cumprimento dos acordos
por parte do Governo de Nicolás Maduro.
Título e Texto: Agência Lusa/Tiago Palma, Observador,
8-12-2016
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