Ambec é uma das associações investigadas na Operação Sem Desconto
Estadão Conteúdo
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Foto: José Cruz/Agência Brasil |
A Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec), entidade que está no centro das suspeitas de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), teve um aumento vertiginoso de arrecadação nos últimos anos. Em 2021, as contribuições dos associados foram de R$ 135. O total saltou para R$ 14,9 milhões em 2022 e 91 milhões em 2023 Entre janeiro e março de 2024, as contribuições alcançaram R$ 71,6 milhões. O faturamento da associação soma R$ 178 milhões entre 2019 e 2024.
A Ambec é uma das associações
investigadas na Operação Sem Desconto, deflagrada nesta quarta-feira, 23, pela
Polícia Federal. Foram cumpridos 211 mandados de busca e apreensão e seis
mandados de prisão temporária em 13 estados e no Distrito Federal. As suspeitas
levaram o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, a pedir demissão após ter
sido afastado do cargo por ordem judicial.
O Sindicato Nacional dos
Aposentados (Sindnapi), dirigido por José Ferreira da Silva, o Frei Chico,
irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também é citado no
inquérito. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou
operações suspeitas envolvendo o sindicato e a Ambec entre 2020 e 2023. Frei
Chico é vice-presidente do Sindnapi.
Os advogados Daniel Bialski e Bruno Borragine, que representam a Ambec, informaram que a associação não "não pratica atividade ostensiva de captação, prospecção e afiliação de seus associados, sendo tais atividades praticadas por empresas privadas diversas, de forma que, se qualquer fraude ocorreu, a associação é tão vítima quanto seus associados" (leia a íntegra da manifestação ao final da matéria).
Em nota, o Sindicato Nacional
dos Aposentados informou que apoia a investigação rigorosa das denúncias para
proteger os aposentados e fortalecer a credibilidade de instituições que
defendem seus direitos.
Em agosto de 2021, a
Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos assinou um acordo de
cooperação técnica com o INSS. O credenciamento permitiu que a entidade
descontasse mensalidades diretamente na folha de pagamento de aposentados e
pensionistas, desde que houvesse autorização expressa dos filiados.
O aumento expressivo no
faturamento da associação chamou a atenção da Controladoria-Geral da União
(CGU), que fez uma auditoria na entidade. Segundo a CGU, associação não
apresentou a documentação necessária para comprovar que aposentados e
pensionistas tinham conhecimento e concordaram com os descontos, como fichas de
filiação e termos de autorização.
Segundo a investigação, os
dados dos aposentados foram obtidos junto a servidores do INSS, mediante o
pagamento de propinas. As informações teriam sido cadastradas na Ambec e em
outras associações semelhantes, sem o conhecimento dos aposentados, para operar
os descontos nos contracheques.
Os descontos eram de pequenos
valores. Em muitos casos, as vítimas não perceberam os abatimentos. Mas,
somados, os valores apropriados indevidamente por essas associações somam R$
6,3 bilhões entre 2019 e 2024, segundo cálculos da CGU.
Os valores eram descontados a
pretexto de mensalidades e de serviços que não eram efetivamente prestados,
como suporte jurídico aos aposentados. Segundo a PF, essas associações existiam
apenas no papel, ou seja, eram entidade de fachada usadas exclusivamente parar
operar as fraudes.
A CGU apontou que, no caso da
Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos,
"inexiste estrutura física adequada e compatível com as ações de captação,
filiação e atendimento da quantidade de associados registrados" e que os aposentados
vítimas dos descontos registrados na entidade "desconhecem por
completo" a associação. Há mais de 2 mil reclamações registradas contra a
Ambec.
O empresário Maurício
Camisotti é um dos principais investigados. Ele é descrito no inquérito como
"figura central" do esquema. Camisotti seria "sócio oculto"
da associação e teria usado familiares como laranjas em diversas empresas para
receber e lavar o dinheiro das fraudes. A mulher, o filho, dois primos, um
sobrinho e o cunhado dele são investigados. Os três últimos presidentes da
associação têm parentesco com o empresário.
Outro personagem fundamental
do inquérito é Antônio Carlos Camilo Antunes, o "careca do INSS",
apontado como lobista do esquema. De acordo com a PF, foi ele quem abordou
servidores do INSS para conseguir os dados cadastrais dos aposentados.
Veja quem são os
investigados:
- Maurício Camisotti seria o
"sócio oculto" da Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos e
operador das fraudes;
- Cecília Montalvão Simões,
mulher de Maurício e sócia da Benfix, uma das empresas supostamente usada para
movimentar os recursos desviados e que movimentou mais de R$ 6 milhões entre
créditos e débitos com a Ambec;
- Paulo Otávio Montalvão
Camisotti, filho de Maurício, titular da Mais Saúde, empresa que recebeu R$ 13
milhões da Ambec;
- Ademir Fratic Basic,
fundador e primeiro presidente Ambec, sobrinho de Maurício;
- Antônio Fratic Basic,
cunhado de Maurício, ex-presidente da Ambec, responsável por assinar o acordo
de cooperação com o INSS;
- Luciene de Camargo Bernardo,
prima de Maurício, ex-diretora da Prevident Assistência Odontológica, que
recebeu R$ 11 milhões da Ambec;
- Edmar Policarpo Júnior,
primo de Maurício, foi presidente do Centro de Estudo dos Benefícios dos
Aposentados e Pencionistas, que mandou R$ 3 milhões para a Benfix;
- Ademir Umberto Califoni,
presidente da presidente da União Nacional dos Aposentados e Pensionistas do
Brasil, empresa que segundo a investigação atua de forma semelhante à Ambec e
que transferiu R$ 4,7 milhões à Benfix;
- Rodrigo Rosolem Califoni,
administrou a Brasil Dental Serviços, que hoje é controlada por Maurício;
- José Hermicesar Brilhante
Palmeira, presidente da Odonto Seg, que era administrada por parentes de
Maurício;
- Antônio Carlos Camilo
Antunes, suposto lobista do esquema;
- Associação dos Aposentados
Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec);
- Rede Mais Saúde;
- Prevident Assistencia
Odontológica;
- Benfix Corretora de Seguros
e Administradora de Benefícios;
- Centro de Estudo dos
Benefícios dos Aposentados e Pencionistas (Cebap);
- Brasil Dental Serviços
Compartilhados;
- Odonto Seg Operadora de
Planos Odontológicos;
- Prospect Consult Empresar;
- União Nacional dos
Aposentados e Pensionistas do Brasil (Unabrasil);
- PMC Participações;
- THG Investiment &
Services.
Até a publicação deste texto,
a reportagem buscou contato com as defesas, mas sem sucesso. O espaço segue
aberto.
Ao autorizar a operação, o
juiz Massimo Palazzolo, da 4.ª Vara Criminal Federal de São Paulo, justificou
que há "fundadas razões" e "indícios suficientes da(s)
possível(is) prática(s) criminosa(s)". Além das buscas, ele autorizou o bloqueio
de bens até R$ 174 milhões da Ambec, da Rede Mais Saúde, da Prevident
Assistência Odontológica, da Benfix Corretora de Seguros e da Prospect Consult.
Também suspendeu o acordo de cooperação técnica da associação com o INSS.
O procurador da República
Alexandre Jabur pediu o bloqueio do dinheiro alegando que os desvios foram
milionários e que os investigados "vem interpondo meios para ocultação e
dissimulação do dinheiro até então recebido".
Com a palavra, a Associação
dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos
A Associação de Aposentados
Mutualista para Benefícios Coletivos - AMBEC, através de seus advogados Daniel
Bialski e Bruno Borragine, reestabelecendo a verdade, esclarece que a
associação não pratica atividade ostensiva de captação, prospecção e afiliação
de seus associados, sendo tais atividades praticadas por empresas privadas
diversas, de forma que, se qualquer fraude ocorreu, a associação é tão vítima
quanto seus associados.
A associação vê com
surpresa a deflagração da Operação "Sem Desconto" pela Polícia
Federal, já que os MESMOS FATOS são, há mais de 1 (um) ano, investigados e
esclarecidos no âmbito de investigação da Polícia Civil do Estado de São Paulo,
sendo que a associação, desde 2022 e de forma espontânea, colabora
irrestritamente com a Autoridade Policial, Ministério Público e Poder
Judiciário.
Reforça-se a seriedade da
associação, que possui sede conhecida, Presidente, Secretário, 8 funcionários
próprios e 3 operacionais, assim como um robusto programa de compliance, hábil
a justificar a lisura de suas atividades, tudo em prol do bem-estar e melhoria
da qualidade de vida de pessoas da "terceira idade".
Não por menos que a própria
auditoria realizada pelo INSS confirmou não apenas a existência da associação,
como também a efetiva utilização pelos associados dos benefícios e produtos
disponibilizados.
Quando solicitada a
comprovação de consentimento de afiliados, AMBEC enviou tanto à CGU, como ao
TCU e ao INSS os documentos que demonstram a consentida e legitima associação
pelos aposentados
Tais documentos já estão
sendo apresentados nos autos do inquérito policial.
Por fim, destaca-se que a
associação, para além da representação associativa e orientação jurídica
especializada, dispõe de diversos produtos e benefícios direcionados a seus
afiliados, tais como: telemedicina ilimitada para a família, subsídio de medicamentos,
plano odontológico, seguro por invalidez permanente, rede de descontos,
assistência funeral, título de capitalização, auxílio cesta básica, descontos
em consultas, exames e medicamentos, dentre outros.
Com a palavra, o Sindicato
Nacional dos Aposentados e Pensionistas
Para o Sindnapi, a proteção
dos direitos dos aposentados é uma prioridade fundamental para garantir uma
sociedade mais justa e solidária. Quando surgem denúncias de descontos
irregulares nos benefícios, é essencial que essas alegações sejam levadas a sério
e investigadas de forma rigorosa. Essas denúncias podem afetar diretamente a
vida de muitas pessoas que dependem desses recursos para garantir seu sustento
e bem-estar
Uma investigação séria e
transparente ajuda a identificar possíveis irregularidades, corrigir falhas e
evitar que injustiças continuem acontecendo. Além disso, demonstra o
compromisso das autoridades em proteger os direitos dos aposentados, promovendo
confiança no sistema previdenciário.
Desta forma, o Sindnapi
apoia a investigação das denúncias de irregularidades nos descontos em
benefícios dos aposentados. Faz parte do DNA do sindicato a defesa dos
beneficiários do INSS e a luta contra golpes dos mais diversos que afetam os
ganhos dessa população.
Investir em uma
investigação detalhada também serve para fortalecer a credibilidade das
instituições que, como o *Sindnapi*, buscam dar apoio e garantir os direitos
dos aposentados, pensionistas e idosos. Afinal, garantir que os aposentados
recebam o que lhes é de direito é uma questão de justiça e respeito à dignidade
de cada pessoa que contribuiu ao longo da vida para construir o país.
Com a palavra, as defesas
A reportagem busca contato com as defesas. O espaço está aberto para manifestação.
Título e Texto: Estadão Conteúdo, via O Dia, 24-4-2025, 16h44
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Nem sabia que existia a tal da CALHAMBEC. Pensei que fosse só coisa do Roberto Carlos. Se existe uma entidade séria e honesta, sem dúvida alguma é o INSS. A sigla é bem clara e não deixa dúvidas: INFELISMENTE NÃO SOCORREMOS SALAFRÁRIOS. Os aposentados podem ficar tranquilos, logo a CALHAMBEC mostrará a que veio.
ResponderExcluirCarina Bratt
da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro.