quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Desarmado? Espada do General Osório é roubada de monumento que já se encontra totalmente depenado

Inaugurada em 1894, escultura de oito metros de altura, diante do Paço Imperial, se encontra em péssimo estado de conservação

Altair Alves

A espada empunhada pela estátua erguida em homenagem ao General Osório, no Centro do Rio, foi roubada. O monumento na Praça XV, inaugurado em 1894, e que frequentemente é alvo de vândalos, já teve as balas do canhão e a placa de bronze de identificação levada por criminosos. O gradil que circunda a obra, assim como as cabeças e patas dos cavalos que ficam localizadas na base da escultura, também não escaparam da ação dos bandidos. 

O conjunto artístico equestre de 8 metros de altura, que celebra a figura do General Osório, um dos militares que, entre a segunda metade do século XIX e meados do século XX, era uma dos nomes mais populares do exército, vêm sendo destruído e saqueado aos poucos.

DIÁRIO DO RIO tem noticiado delitos desse tipo contra o patrimônio histórico da cidade. Em setembro deste ano, por exemplo, partes dos quatro pedestais que cercam a estátua do General Osório também desapareceram. Os próprios frequentadores do espaço, entre trabalhadores e residentes do trecho, denunciaram os crimes.

O destino dessas peças, em sua maioria de bronze, são os inúmeros ferros-velhos clandestinos que operam no Rio. Em sua maioria, esses depósitos ilegais funcionam em “parceria” com moradores de rua, apontados pelas autoridades como os principais responsáveis pela degradação dos monumentos.

Veja o estado atual da obra »

Mas essa triste realidade não é exclusividade da estátua do General Osório. A mutilação dos equipamentos culturais na capital carioca, sobretudo na região central, tem aumentado nos últimos anos.

Os episódios mais chocantes têm ocorrido no Passeio Público, no Centro do Rio, local que já perdeu vinte esculturas nos últimos anos. Dez foram furtadas. As outras dez, retiradas pela própria Prefeitura após atos de vandalismo ou tentativas de roubo.

Outras obras como a estátua em homenagem à vereadora Marielle Franco, no Buraco do Lume, e o monumento que celebra o ativista indiano Mahatma Gandhi, na praça homônima, também entraram na mira dos infratores, e já tiveram suas placas de identificação roubadas na região central da cidade.

Além de bustos e estátuas, grades de áreas públicas como o Campo de Santana e Praça Paris, são constantemente vandalizados na cidade.

Nem as igrejas são perdoadas. No fim do ano passado, uma das poucas relíquias de São Benedito ainda existentes foi furtada da Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, na Rua Uruguaiana, no Centro do Rio

Na Zona Norte, as ocorrências têm se multiplicado. A Escola Municipal Noel Rosa, no Grajaú, precisou improvisar tapumes de madeira para proteger os alunos, após o furto das grades de ferro que cercavam o prédio.

Outro local conhecido da região, o Parque do Trovador, em Vila Isabel, que durante anos abrigou o Jardim Zoológico, já teve boa parte do gradil roubado. 

Dados da Polícia Civil mostram que, desde setembro de 2024, mais de 310 ferros-velhos foram fiscalizados, com cerca de 100 responsáveis pelos estabelecimentos presos nestas ações. Neste mesmo período, mais de 267 toneladas de fios de cobre e materiais metálicos foram apreendidas pelos agentes.

O que dizem as autoridades

Em nota enviada ao DIÁRIO DO RIO, a Secretaria de Conservação informou que prepara um orçamento para realizar os reparos em peças em resina, sem valor de revenda.

Guarda Municipal, por sua vez, disse que atua em toda a cidade com foco no ordenamento urbano e do trânsito. Quando há o flagrante de algum tipo de delito ou crime de menor potencial ofensivo durante o patrulhamento de rotina, os guardas municipais efetuam a prisão e conduzem os suspeitos para a delegacia da área para o registro de ocorrência, em apoio às forças policiais. 

Já a Polícia Civil, por meio da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) e de outras delegacias da instituição, disse que realiza ações diárias e contínuas para combater o furto de materiais metálicos. A Polícia Civil atua também em conjunto com a Polícia Militar, responsável pelo policiamento ostensivo, para reprimir as práticas delituosas.

Polícia Militar informou que o comando dos batalhões realiza o patrulhamento diuturnamente voltado à proteção do patrimônio público e privado da população.

Título, Imagem e Texto: Altair Alves, Diário do Rio, 16-10-2025

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