Inaugurada em 1894, escultura de oito metros de altura, diante do Paço Imperial, se encontra em péssimo estado de conservação
Altair Alves
A espada empunhada pela estátua erguida em homenagem ao General Osório, no Centro do Rio, foi roubada. O monumento na Praça XV, inaugurado em 1894, e que frequentemente é alvo de vândalos, já teve as balas do canhão e a placa de bronze de identificação levada por criminosos. O gradil que circunda a obra, assim como as cabeças e patas dos cavalos que ficam localizadas na base da escultura, também não escaparam da ação dos bandidos.
O conjunto artístico equestre
de 8 metros de altura, que celebra a figura do General Osório, um dos militares
que, entre a segunda metade do século XIX e meados do século XX, era uma dos
nomes mais populares do exército, vêm sendo destruído e saqueado aos poucos.
O DIÁRIO DO RIO tem
noticiado delitos desse tipo contra o patrimônio histórico da cidade. Em setembro deste ano, por exemplo, partes dos quatro pedestais que cercam a estátua do General Osório também desapareceram. Os próprios
frequentadores do espaço, entre trabalhadores e residentes do trecho,
denunciaram os crimes.
O destino dessas peças, em sua
maioria de bronze, são os inúmeros ferros-velhos clandestinos que operam no
Rio. Em sua maioria, esses depósitos ilegais funcionam em “parceria” com
moradores de rua, apontados pelas autoridades como os principais responsáveis
pela degradação dos monumentos.
Mas essa triste realidade não é exclusividade da estátua do General Osório. A mutilação dos equipamentos culturais na capital carioca, sobretudo na região central, tem aumentado nos últimos anos.
Os
episódios mais chocantes têm ocorrido no Passeio Público, no Centro do Rio,
local que já perdeu vinte esculturas nos últimos anos. Dez foram furtadas. As
outras dez, retiradas pela própria Prefeitura após atos de vandalismo ou
tentativas de roubo.
Outras obras como a estátua
em homenagem à vereadora Marielle Franco, no Buraco do Lume, e o monumento que celebra o ativista indiano Mahatma Gandhi, na praça homônima, também
entraram na mira dos infratores, e já tiveram suas placas de identificação
roubadas na região central da cidade.
Além
de bustos e estátuas, grades de áreas públicas como o Campo
de Santana e Praça Paris, são constantemente vandalizados
na cidade.
Nem as igrejas são perdoadas.
No fim do ano passado, uma
das poucas relíquias de São Benedito ainda existentes foi furtada
da Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens
Pretos, na Rua Uruguaiana, no Centro do Rio.
Na Zona Norte, as
ocorrências têm se multiplicado. A Escola
Municipal Noel Rosa, no Grajaú, precisou improvisar tapumes de madeira
para proteger os alunos, após o furto das grades de ferro que cercavam
o prédio.
Outro local conhecido da
região, o
Parque do Trovador, em Vila Isabel, que durante anos abrigou o Jardim
Zoológico, já teve boa parte do gradil roubado.
Dados da Polícia Civil mostram
que, desde setembro de 2024, mais de 310 ferros-velhos foram fiscalizados, com
cerca de 100 responsáveis pelos estabelecimentos presos nestas ações. Neste
mesmo período, mais de 267 toneladas de fios de cobre e materiais metálicos
foram apreendidas pelos agentes.
O que dizem as autoridades
Em nota enviada ao DIÁRIO
DO RIO, a Secretaria de Conservação informou que prepara um orçamento
para realizar os reparos em peças em resina, sem valor de revenda.
A Guarda Municipal,
por sua vez, disse que atua em toda a cidade com foco no ordenamento urbano e
do trânsito. Quando há o flagrante de algum tipo de delito ou crime de menor
potencial ofensivo durante o patrulhamento de rotina, os guardas municipais
efetuam a prisão e conduzem os suspeitos para a delegacia da área para o
registro de ocorrência, em apoio às forças policiais.
Já a Polícia Civil, por meio
da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) e de outras delegacias
da instituição, disse que realiza ações diárias e contínuas para combater o
furto de materiais metálicos. A Polícia Civil atua também em conjunto com a
Polícia Militar, responsável pelo policiamento ostensivo, para reprimir as
práticas delituosas.
A Polícia
Militar informou que o comando dos batalhões realiza o patrulhamento
diuturnamente voltado à proteção do patrimônio público e privado da população.
Título, Imagem e Texto: Altair
Alves, Diário do Rio, 16-10-2025
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