[O cão tabagista conversou com…] Almir Papalardo: "foi o PT o partido mais insensível e pernicioso para os aposentados e pensionistas"

Nome de guerra: Papalardo.

Comecei a trabalhar em janeiro do ano de 1951.

Empresas (e setores) onde trabalhei: Companhia Cervejaria Brahma (atual AMBEV), na Administração Central (Rio de Janeiro). Iniciei no Departamento de Exportação (de janeiro de 1951 até dezembro de 1965) e Diretoria de Marketing (de janeiro de 1966 a janeiro de 1987).

Cargos ocupados: Funcionário, Escriturário, Auxiliar de Administração e Encarregado de Seção.

Iniciei a minha aposentadoria em fevereiro do ano de 1987

Se dedicou a alguma atividade após se aposentar?

Após alguns anos gozando minha aposentadoria, fui convidado por dois sócios empresários, ou melhor, quase intimado por eles, que não podiam dar assistência em tempo integral, a assumir o compromisso de manter, reorganizar e tocar prá frente uma gráfica promissora, já que várias firmas sólidas só entregavam suas necessidades gráficas aos cuidados daquela loja. E assim, com um pouquinho de organização, coerência e dedicação, fiquei mais uns doze ou treze anos mantendo o equilíbrio financeiro da Gráfica. Infelizmente, os sócios se desentenderam, dissolvendo aquela gráfica, nada pude fazer na pretensão de adquiri-la, porque o capital que tinha conseguido construir foi desfeito pelos expurgos da poupança nos planos econômicos, que todos já conhecem e até hoje irresolvidos. Somado a isso, o futuro da minha aposentadoria me assustava, pois cedo cedo visualizei os sérios problemas que adviriam com esses governos insensíveis, incompetentes e destruidores de aposentados.

Qual, na sua opinião, foi o governo mais insensível e destruidor de aposentados?

Sem dúvida alguma foi o PT o partido mais insensível e pernicioso para os aposentados e pensionistas que ganhavam mais de um salário mínimo. Para estes, o PSDB na era FHC, deu-nos reajustes com percentual inferior ao dos aposentados do salário mínimo, num total de 22,39%. Já o PT, nas gestões Lula e Dilma, cortou dos nossos proventos mais do dobro do que já havíamos sofrido, impingindo-nos outra perda assustadora e covarde de mais 53,99%. E olha que foi tudo ao contrário do que nos prometia Lula, garantindo-nos recuperar a defasagem na nossa aposentadoria, afirmando que nos daria uma vida igual a do aposentado europeu.

E não parou por aí; compute-se ainda aquele vergonhoso veto de um reajuste de 16,67% que nos fora dado pelo Congresso, a fim de atenuar tamanha corrosão na nossa aposentadoria. E ainda vetou, antes de entregar o governo, o fim do Fator Previdenciário. Dilma, segue os mesmos passos do seu mestre petista, tendo enrolado os aposentados nos seus dois mandatos e meio, fugindo sempre de um bom entendimento com as Centrais dos aposentados, já tendo declarado em alto e bom som que os "problemas dos aposentados não são prioridades do seu governo." Por que dois percentuais diferentes na atualização das aposentadorias, se todos os aposentados, ganhando ou não salário mínimo, pertencem ao mesmo RGPS?

Esse percentual de reajuste diferenciado para a mesma categoria – aposentados do RGPS – não é inconstitucional?

Deveria ser inconstitucional sim amigo Jim, considerando-se as leis abaixo:

- Lei 8213/91 (Plano de Benefícios da Previdência Social) – Art. 2º – Inciso V – Irredutibilidade do valor dos Benefícios a preservar-lhe o poder aquisitivo (preceitos que já tinham sido determinados na Constituição Federal de 1988).

- Lei 10741/03 (Estatuto do Idoso)- Art. 29 – Os benefícios de aposentadoria e pensões do RGPS, observarão na sua concessão, critério de cálculos que preservem o valor real dos salários sobre os quais incidiram as contribuições.

O que fizeram de tais leis? Num passe de mágica mandrakeana, fizeram-nas desaparecer. Pretensos gênios de inteligência curta, desprovidos de criatividade, incompetentes ou mal intencionados mesmo, resolveram criar dispositivos que lhes permitissem prejudicar os aposentados e os trabalhadores aptos a se aposentarem, protegidos pelo manto da legalidade. A derrota imposta pela Juíza Salete Maccaloz, no affair 147%, ainda lhes doía no lombo pelas merecidas chicotadas da justiça e da ética. Conseguiram enfim, sorrateira e arbitrariamente, legalizar um covarde absurdo, mas conseguiram também, no mínimo, implantar uma imoralidade.

Inverteram o real objetivo daqueles artigos obtendo um funcionamento com resultados inversos. Explicando melhor: criaram o perverso desvínculo do reajuste do aposentado versus reajuste do salário mínimo, resultando que o trabalhador que se aposentava com 04, 05 ou 06 salários mínimos, que deveria persistir até o fim da sua existência, assiste hoje, indefeso e manietado, seus proventos serem degradados ano a ano, até que sejam reduzidos apenas a 01 piso mínimo. Pronto! Estará concluído o castigo imerecido, que insensatos acham que o trabalhador merece por estar agora improdutivo.

Ora, senhores feudais, o aposentado é um cidadão idoso que cumpriu integralmente suas obrigações como trabalhador, merecendo um mínimo de respeito e consideração. Existem peixes maiores que merecem e devem ser tolhidos com entraves nos seus milionários vencimentos, não o pobre aposentado que jamais poderá ultrapassar o limite máximo pago pela Previdência, hoje, se não estou enganado, em pouco mais de R$ 4.000,00. Portanto, senhores usuários de antolhos, não é o aposentado que oferece perigo para o desequilíbrio das contas orçamentarias do país.

E o rolo compressor desgovernado continua direcionado para cima dos trabalhadores. Os que requerem a aposentadoria, muitos necessitando dela devido ao seu desgaste físico, proveniente da idade, é punido pelo Fator Previdenciário que pode reduzir a sua aposentadoria em até 40%.

Evidente, portanto, que criaram um terrível preconceito e uma abominável discriminação contra o idoso trabalhador, anulando as leis que os protegia, naturalmente, alcunhando quem implementou tais leis, de incompetentes que não entendiam de nada (?!). Como sempre, prevalece na nossa justiça social, uma grande inversão de valores!... Ah, políticos brasileiros...

Para corrigir aberrações contra o trabalhador brasileiro é necessário restaurar as leis anteriores, que nunca poderiam ser descartadas, principalmente porque as inventadas posteriormente castigam trabalhadores, a verdadeira coluna vertebral que sustenta a soberania de um país.

O nosso saudoso Ulisses Guimarães deve estar se contorcendo de revolta no fundo do mar, ele que protegia o trabalhador inativo, chamando aqueles que pretendiam prejudicá-lo, de  “Perseguidores de Aposentados”.

A sociedade brasileira, que é escorchada por impostos e taxas abusivas, acha-se com plenos direitos de cobrar da Câmara dos Deputados a votação urgente, urgentíssima, dos PLs. 01/07, 3299/08 e 4434/08.

Portanto, amigo Jim, o critério de dois percentuais diferenciados na correção das aposentadorias, é legal sim, mas  em contrapartida, é também, no mínimo, IMORAL!

Para ratificar todos os argumentos que tenho lhe passado, envio-lhe em anexo uma tabela com valores consolidados, um verdadeiro Raio-X da destruição que os governos federais vêm fazendo nas aposentadorias dos segurados que recebem mais de um salário mínimo. Trata-se de uma soma simples de percentuais, mostrando as perdas que nos são impostas a cada novo reajuste. É lógico que se fizermos as contas ano a ano, aplicando os índices concedidos nos proventos, as nossas perdas serão agravadas porque passarão a ser cumulativas.

Sem medo de errar, tenho a certeza que se fossem o PT e acólitos oposição, os “aposentados” estariam marchando nas ruas todo o santo dia… não?

Com toda a certeza, amigo Jim. O Partido dos Trabalhadores sabia como ninguém fazer oposição. Nisso eles eram mestres. Em todo comício realizado pelo PSDB, no governo FHC, lá estavam centenas de bandeirolas vermelhas atrapalhando e tumultuando as manifestações, ao contrário dos tucanos, que se mantêm inertes e acomodados. Fernando Collor, por muito menos sandices das que cometeu Lula, sofreu um "impeachment", provocado por uma oposição implacável que marcava em cima.

É verdade!

Então, só nos resta lamentar que os aposentados brasileiros não tenham organizações que lhes apoiem. Me refiro a estrutura, faixas, cartazes, carros de som… enfim, toda a parafernália necessária para uma manifestação.

Ou é possível promover e realizar manifestações independentes e apartidárias?

Realmente, amigo, os aposentados brasileiros sofrem de um abandono total sendo discriminados pela maioria da própria sociedade, que se recusa a pensar que um dia também será uma pessoa idosa, ou, só quer pensar no assunto, somente quando a velhice chegar. Por isso somos descartados e entregues à própria sorte, sem que os poderosos se interessem em nos defender. A nossa verdadeira "Carta de Alforria" está estagnada na Câmara dos Deputados, onde os líderes partidários, impedem a todo custo, que os nossos três projetos de justiça aos aposentados, cheguem à pauta de votação.

Qual é a sua sugestão para mobilizar os aposentados para as ruas e praças do Brasil?

Fazer com o que os aposentados saiam às ruas para reivindicar seus direitos vilmente usurpados, tem sido uma missão dificílima. O aposentado é acomodado e conformado! Somos mais de nove milhões de aposentados servindo de cobaia para os governos que nos massacram e, no entanto, são poucos os que realmente soltam o verbo. Muitos o fazem, entretanto, de forma, a meu ver, equivocada. Na maioria das vezes com xingamentos e ofensas pessoais, só afasta quem está indeciso e resolve, num momento, vir em nosso favor. É um dos motivos da nossa equipe de defensores ser bastante reduzida, quando poderíamos ter, sem dúvida alguma, em nossas fileiras parlamentares do PSDB, do PMDB e até mesmo do Partido dos Trabalhadores. 

Quem tinha forças para realmente mobilizar agrupando os aposentados, seriam as Centrais e todas as Federações dos segurados da Previdência Social. Uma mobilização bem feita e organizada, sem excessos condenáveis, todas no mesmo dia e horário, atrairiam trabalhadores que ainda estão na ativa e até mesmo os restantes dos aposentados do salário mínimo, que não hesitariam em juntar-se à nossa categoria, que, afinal, é a sua própria. Isto deveria ser organizado em nível nacional, em todas as regiões do país.

Agora, para finalizar, me permitam uma sugestão: Uma nova eleição se aproxima em 2014. Vamos, para o bem do povo brasileiro, procurar equilibrar as forças entre "situação X oposição", para não fortalecer um desequilíbrio nefasto, que só tem favorecido o Executivo, onde os líderes partidários sempre puxam a brasa para a sardinha do governo, pouco se importando com os trabalhadores, onde a maiores vítimas têm sido, nestes últimos 15 anos, os aposentados que se atreveram a ganhar benefícios acima do salário mínimo. Isto o governo não perdoa.

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