sexta-feira, 16 de agosto de 2013

As origens do terrorismo islâmico

Francisco Vianna
Entre outros locais, são nas atuais ruas do Cairo, no Egito, que se formam os principais terroristas islâmicos, por lavagem cerebral da doutrinação do fundamentalismo islâmico que prega o ódio e a jihad (guerra santa) a quem pensa diferente do Corão ou simplesmente não segue religião alguma.

Um homem abraça seus filhos depois de ser desalojado do acampamento de protesto por Mursi na Praça Nahda
Os Irmãos Islâmicos não são apenas um grupelho de barbudos. Foram, em conjunto, a força política mais votada nas primeiras eleições democráticas da história do Egito. E os milhões de pessoas que se identificam com essa força (a Irmandade Islâmica) não podem receber como única alternativa a repressão do governo.
Foram muitos os erros do ex-presidente Mursi, um político que, em nenhum momento buscou a reconciliação, a negociação, e o diálogo na formação de uma base com a qual pudesse governar. E era o que o Egito mais necessitava naquele momento. Ao invés disso, ele achou que seu cargo lhe conferia autoridade suficiente para enfiar a sua Irmandade Islâmica goela abaixo de todos os egípcios. Mas, em que pese todos os erros de seu líder, os islâmicos fundamentalistas, defensores de um regime islamo-fascista, da Irmandade tinham apostado que foi ganha pela via democrática.

E, como o comportamento de Mursi foi autoritário, após a sua deposição e prisão preventiva, o que se oferece a essa multidão que o elegeu é um banho de sangue como única opção e consequência da revolta e desobediência civil, e não será de se estranhar se alguns de seus militantes passarem a se dedicar à ação terrorista e aos procedimentos mais radicais e fanáticos do islamismo.
Nós, no Ocidente, estamos lamentavelmente habituados a fechar os olhos para os fatos geradores da violência islâmica contra nós e nos limitamos a apenas perguntar, atônitos, quais seriam os motivos de tanta violência e fanatismo religioso quando os atentados terroristas jihadistas nos atingem. Entre outros locais, são nas atuais ruas do Cairo, no Egito, que se formam os principais terroristas islâmicos, por lavagem cerebral da doutrinação do fundamentalismo islâmico que prega o ódio e a jihad (guerra santa) a quem pensa diferente do Corão ou simplesmente não segue religião alguma.

O Egito é, na verdade, um país profundamente dividido. A divisão é tanta que não apenas afeta os golpistas e os não muçulmanos, mas a todos os muçulmanos. Uns e outros, por sua vez, também não se entendem entre si. O ódio e a desconfiança se encontram amplamente disseminados entre a população. Tais sentimentos reprimidos por séculos resultam num terreno fértil para o derramamento de sangue. Para quem escreve sobre tal cenário, há a necessidade de definir o termo ‘muçulmano’ como sendo o maometano não radical, que aceita e respeita as diferenças desde as demais crenças até a ausência de fé, e a de definir a palavra ‘islâmico’ como sendo o maometano que não se comporta dessa forma, é fundamentalista, radical, jihadista e nutre o ódio aos infiéis e quer a morte de quem não pensa como ele ou quem não compartilha a mesma fé. Seguramente, entre os maometanos, há uma noção nítida dessa diferença.

Mas o que o Egito necessita é estender pontes para criar o entendimento e a tolerância. Precisa de ‘muçulmanos’ e não de ‘islâmicos’, capazes de conviver e tolerar os que não têm o Corão como livro guia. É preciso que a Irmandade Islâmica e seus seguidores compreendam que uma vitória nas urnas não dá direito ao vencedor de governar de costas para a praticamente metade do seu povo. E os laicos e agnósticos não podem se esquecer de que, afinal, por mais ‘modernos’ que se considerem, continuam sendo uma minoria, e que não é nada democrático aferrar-se ao poder através da ação de militantes de partidos políticos oportunistas e golpistas, que, em última análise desejam é implantar uma ditadura e dar a falsa impressão ao resto do mundo que eles são a vanguarda e o futuro. Um triste futuro, caso desemboque em qualquer sistema socialista assim como num regime militar onipotente, ainda mais num país sem qualquer  tradição democrática.
Título e Texto: Francisco Vianna, 15-8-2013

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