Tavares Moreira
1. Em função das muitas
centenas de comentários, escritos e falados, publicados nos últimos tempos, já
se conseguiu perceber que o conceito “Reforma do Estado”, segundo o Código do
Politicamente Correcto que nos ilumina, significa apenas e tão só “Reforma do
Estado”, sem mais: trata-se de um conceito superior, que não pode ser
conspurcado por medidas, melhores ou piores, dirigidas à sua aplicação prática.
2. Quer isto dizer que
quaisquer medidas que intentem dar corpo a esse conceito estarão sempre a mais,
não podendo, por definição, ser justificadas pela necessidade de reformar o
Estado... sendo claramente o caso das anunciadas/aprovadas
(i) regime da mobilidade
especial, inerente à reestruturação de serviços públicos,
(ii) regime das 40 horas e,
ainda,
(iii) a convergência das
condições dos regimes de pensões da CGA e da Segurança Social.
3. Em qualquer dos casos,
trata-se claramente de medidas que pretendem reformar a estrutura do
Estado-Administração, visando agilizá-la e, futuramente, reduzir os encargos de
funcionamento...
4. ... mas também, em qualquer
dos casos, trata-se de uma fuga ao princípio do politicamente correcto segundo
o qual a Reforma do Estado, conceito superior, não pode ser conspurcada por
aplicações práticas que a desvirtuem, colocando-a ao serviço de políticas
“neo-liberais” cuja finalidade é destruir o Estado, não a sua Reforma...
5. É forçoso concluir que para
o imenso exército de comentadores e analistas que servem nas fileiras do
Politicamente Correcto, só existe uma solução para promover a Reforma do
Estado, solução quimicamente pura e que não vai contra interesses instalados
nem causa desordem no remanso da Mesa do Orçamento...
6. ... a qual consiste em
fazer aprovar uma Lei, na AR, dotada de um extensíssimo preâmbulo - para a
redacção do qual deveriam ser convidados a contribuir os muitos comentadores e
analistas que generosamente têm dado o seu melhor por esta causa, podendo a seu
bel-prazer dissertar sobre as funções do Estado e outros temas de interesse
geral - e que na parte dispositiva conteria um único artigo...
7. ... dizendo simplesmente
isto: “É aprovada a Reforma do Estado”. Nada mais: o País comentador e
politicamente correcto irromperia num enorme aplauso, glorificando a qualidade
da produção legislativa. Paradoxalmente, sem nenhum problema se resolver, todos
os problemas ficariam resolvidos...
8. Um verdadeiro “Ovo de
Colombo”, por que não tentar?
Título e Texto: Tavares Moreira, no blogue “4R– Quarta República”, 19-8-2013
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