“Se a Europa se recusa a ver no terrorismo uma
ameaça é talvez porque a sua capacidade de intervenção militar se degradou no
decorrer dos últimos dez anos, enquanto que a dos Estados Unidos não cessou de
aumentar e de se aperfeiçoar, cavando entre as duas Uniões um fosso estratégico
já impossível de transpor. Com base na sua impotência, a Europa formula um
princípio.
A teoria de que o terrorismo resulta unicamente
das desigualdades económicas e da pobreza do mundo, não resiste a qualquer
análise. A maioria dos terroristas provém de meios abastados dos países
islâmicos mais ricos, tendo muitos deles seguido cursos universitários no
Ocidente. A fonte do novo
‘hiperterrorismo’ é essencialmente ideológica: é o extremismo islâmico.
Como escreveu Francis Fukuyama, ‘o presente
conflito não constitui um choque de civilizações no sentido em que se defrontam
zonas culturais da mesma importância, é mais próprio de um combate de
retaguarda conduzido por aqueles que se sentem ameaçados pela modernização e
pela sua componente moral, o respeito pelos direitos do homem’. Para os
terroristas islâmicos, continua Fukuyama, o inimigo absoluto é o ‘caráter laico
do conceito ocidental dos direitos, conceito esse que está nas origens da
tradição liberal’. Esta tradição liberal que é o horror dos ocidentais que são
adversários da globalização.
Isto não quer dizer que não se deva fazer tudo
quanto for possível para facilitar o desenvolvimento dos países pobres. Mas as
ajudas não chegam, se forem delapidadas e desviadas. A solução de fundo passa
pelas reformas: a boa gestão económica, a democratização política, a educação
laica, a erradicação da corrupção, a igualdade entre homens e mulheres, a
liberdade de informação, o pluralismo dos credos, a tolerância, em suma, tudo
aquilo a que se opõe o extremismo islâmico, tudo aquilo que odeia e que combate
por via do terrorismo que alimenta. Para todos os países pobres, o meio de
reduzir a distância que os separa dos países ricos é a modernização. Ora é
precisamente isso que os islamitas não querem, pelo menos sob a forma que seria
eficaz, pois para a pôr em prática seria renunciar à sharia.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-