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Foto: Waldemar Barreto, 08-04-2014 |
A senadora Ana Amélia (PP-RS)
destacou o Dia Mundial do Combate ao Câncer, 8 de abril. Ela cumprimentou médicos, cientistas e
integrantes da sociedade civil e do governo que dedicam tempo e esforço no
combate à enfermidade.
O câncer, ressaltou a
parlamentar, é uma doença ardilosa, imprevisível e dolorosa e informou que a previsão é de que, somente
neste ano, 570 mil brasileiros sejam atingidos pela doença.
Ana Amélia fez uma analogia
entre a enfermidade e a ineficiência do estado, citando como exemplo a demora
na solução do caso do Instituto Aerus de Seguridade Social.
A senadora registrou que
ex-funcionários, aposentados e pensionistas da Varig estão há 28 dias em
vigília, na Câmara dos Deputados, pedindo uma solução para a situação do fundo.
A maioria dos segurados da Aerus tem mais de 70 anos e está recebendo menos de
10% do que teria direito, desde o ano de 2006.
Ana Amélia contou que, no dia
12 de março, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu o direito da Varig de
receber indenização no caso da defasagem tarifária. O governo, então, teria de
pagar cerca de R$ 7 bilhões para a empresa. Parte desse valor vai para o Aerus,
o que poderia viabilizar o acerto do pagamento das pensões. A senadora disse
que o governo já sinalizou que quer negociar, mas criticou a demora na solução
do problema.
— Há 28 dias, vários
pacientes, pacientes de uma doença chamada ineficiência do Estado,
irresponsabilidade do Estado, pacientes que, como aqueles portadores de câncer,
nunca sabem o destino que terão. Refiro-me aos funcionários da Varig, que, há
28 dias, estão ali, numa vigília, no Salão Verde da Câmara dos Deputados,
aguardando, como os pacientes de câncer aguardam, uma saída e sucesso para um
tratamento doloroso e imprevisível — explicou.
AgênciaSenado, 08-04-2014
Notas taquigráficas:
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Maioria/PP - RS. Pronuncia o seguinte
discurso. Sem revisão da oradora.) – Cara Presidente, caro Presidente desta
sessão, nossos telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado,
servidores desta Casa, hoje é o Dia Mundial de Combate ao Câncer. É uma doença
ardilosa, imprevisível, dolorosa, dramática.
Por que abro falando nessa
doença, que atinge milhares e milhares de pessoas no mundo e no nosso País?
Porque também se pode fazer uma analogia com outra doença, que, da mesma forma,
ardilosamente, omissamente, irresponsavelmente, não responde àquilo que o
paciente necessita.
Há 28 dias, vários pacientes,
pacientes de uma doença chamada ineficiência do Estado, irresponsabilidade do
Estado, pacientes que, como aqueles portadores de câncer, nunca sabem o destino
que terão. Refiro-me aos funcionários da Varig, que, há 28 dias, estão ali,
numa vigília, no Salão Verde da Câmara dos Deputados, aguardando, como os
pacientes de câncer aguardam, uma saída e sucesso para um tratamento doloroso e
imprevisível.
Então, faço essa analogia em
respeito a essas mulheres, a esses homens de cabelos brancos, porque, em média,
têm 75 anos, minha cara Graziella Baggio.
Fico imaginando essa dor,
porque é uma dor muito dolorida, muito profunda. É a dor da desesperança, a dor
de não perceber uma luz no fim do túnel. A cada dia que passa, a esperança, que
aparecia como uma luzinha tênue no fim desse túnel, vai de novo se apagando
como vela. Acende e apaga.
São 28 dias desse drama,
vivido pelos senhores e pelas senhoras. Nós estamos aqui acompanhando. O
Senador Paim já abordou. No sábado, dia 12 de abril, serão oito anos dessa
silenciosa tragédia do Aerus. Oito anos!
Cinco Ministros do Supremo
Tribunal Federal, no dia 12 de março de 2014, deram ganho de causa para a Varig
no processo da defasagem tarifária. O Governo diz que quer fazer um acordo
principalmente com os ex-trabalhadores da Varig. Quer? Por que não o fez até
agora? Por que não cumpriu até agora essas promessas? Por que nada aconteceu
desde esse dia até agora?
É exatamente isso que
justifica 28 penosos dias de uma vigília que massacra, que massacra pela falta
de perspectiva de uma solução razoável. Não é a melhor solução que nós todos
queremos e que vocês aceitariam. É uma solução razoável para um direito
reconhecido pela Suprema Corte de Justiça.
O Senador Paulo Paim, na
abertura desta sessão, voltou a falar sobre o tema. Nós não vamos nos calar
enquanto não houver a perspectiva de uma solução para isso, porque esta é a
nossa arma, este é o nosso instrumento de trabalho e de luta, como o de vocês é
essa mobilização permanente.
Fico imaginando a dor das
famílias. A cada lugar que vou encontro um servidor, o filho de um aposentado
do Aerus perguntando a mesma coisa: “Vai haver solução, Senadora?”
E eu digo: “Lamentavelmente,
eu gostaria que tivesse. Não sei, porque ninguém sabe.”
Ontem, por interferência do
Presidente da Câmara, Deputado Henrique Eduardo Alves – e faço justiça, dizendo
que o Senador Renan Calheiros, meses atrás, fez um encaminhamento ao Governo, à
autoridade máxima do País, invocando solução e entendimento –, deveria haver,
no âmbito da Administração Pública, especificamente do Ministério do
Planejamento e da Advocacia-Geral da União, um passo para isso. O passo não
aconteceu ontem e não aconteceu hoje.
Então, nós vamos continuar
aqui. Vamos continuar lembrando dessa dor, porque, como disse o José Paulo de
Resende, lá de Niterói, que é incansável na sua rede social: “O Governo diz que
quer fazer um acordo, principalmente com os ex-trabalhadores da Varig, mas tudo
não passa de uma grande falácia. O Governo está fazendo, nesses quase oito
anos, um verdadeiro genocídio com milhares de ex-trabalhadores da Varig,
pessoas com idade média entre 70 e 80 anos. [...] triste tudo isso. Genocídio
impiedoso e cruel com pessoas que trabalharam corretamente.” E eu diria: e
pagaram para ter uma aposentadoria complementar. Além, de terem trabalhado,
pagaram, porque acreditaram no sistema que havia para terem essa aposentadoria
digna e tranquila.
“Agora são largadas na rua da
amargura por um Governo que [...] deveria fazer ‘justiça social’”. E honrar o
erro do próprio Governo, ao não fiscalizar na Secretaria de Previdência
Complementar.
O Sr. Casildo Maldaner (Bloco
Maioria/PMDB - SC) – V. Exª me permite um aparte, Senadora Ana Amélia?
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Maioria/PP - RS) – Com muito prazer,
Senador Casildo Maldaner.
O Sr. Casildo Maldaner (Bloco
Maioria/PMDB - SC) – Eu gostaria de me congratular com V. Exª e de destacar o
esforço que tem desenvolvido aqui, no Senado Federal. Trata-se de uma luta
diuturna em prol dessa gente que há anos vem aguardando isso. Que a situação de
êxito se concretize. Há todo esse pessoal, todas essas famílias, inclusive
alguns já viajaram deste mundo.
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Maioria/PP - RS) – Estão ali ouvindo esse
aparte, Senador.
O Sr. Casildo Maldaner (Bloco
Maioria/PMDB - SC) – Eu quero me congratular porque essa é uma luta muito
grande, não só de V. Exª, dos Senadores do Rio Grande do Sul, mas nossa também,
dos catarinenses, por sermos vizinhos e muito ligados à Varig. Aliás, essa é
uma questão nacional.
Não só nossa, do Sul. A sede
era em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Então, muito vinculada, mas é uma
questão nacional. V. Exª destaca bem a questão da fiscalização. A coisa ficou
muita solta por parte dos responsáveis do Governo Federal em relação a esses
fundos. Para isso tem que haver uma dedicação muito grande e responsável,
porque as pessoas começam a profissão, depositam nesse fundo para, quando não
puderem mais trabalhar, ter algo para poder ter uma vida digna. Com o azar de o
fundo não ir bem, de acontecer o que aconteceu, foi tudo, como se diz na gíria,
para o beleléu. Isso deixou milhares de pessoas, os dependentes, todos eles
naquela aflição, que vem há anos. Então, eu gostaria de destacar o papel de V.
Exª,sempre extraordinário nessa defesa. Finalmente, pelo menos, está para
acontecer – e que venha o quanto antes – aquilo que é justo por natureza, pelas
circunstâncias todas da vida. É uma questão humana inclusive. Meus cumprimentos
a V. Exª.
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Maioria/PP - RS) – Muito obrigada, Senador
Casildo Maldaner.
Eu não posso também, por
questão de justiça, deixar de mencionar o Senador Paulo Paim, o Senador Alvaro
Dias, o Deputado Rubens Bueno e outros Parlamentares que, da mesma forma, têm
se empenhado nessa causa. Eu preciso enfatizar essa participação coletiva e
colaborativa no sentido de ajudar essa demanda.
É claro, Varig quer dizer
Viação Aérea Rio-Grandense. Esse é o slogan Varig, nascida no Rio Grande do
Sul, cujo fundador foi Ruben Berta, em memória dessa Varig saudável, em memória
dessas pessoas que já se foram e que contribuíram para essa companhia, que pôs
a imagem do Brasil lá fora. Muito antes de várias outras empresas, que hoje são
globalizadas, a Varig fez isso, porque voou pelos céus do Planeta. Então, nós
temos também o compromisso com essa imagem e com esse patrimônio, que é
intangível. Nós não temos condições de quantificar.
Hoje, estamos falando de
pessoas, de seres humanos, de famílias que estão aguardando uma decisão do
Governo. Eu nem diria, Senador Casildo Maldaner, que se trata de boa vontade,
mas de dever, do dever que o Poder Executivo tem de resolver essa questão para
evitar o que estamos vendo ali: aquele grupo de pessoas, desoladas, que estão ali,
há 28 dias, nessa vigília, incansavelmente.
Acordo Governo/Aerus: a presidenta Dilma ordenou ou não...?
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