Na
evolução dos tempos nós perdemos ou sublimamos muitas habilidades funcionais. Com
a industrialização de quase tudo, perdemos instintos, perdemos habilidades físicas
e mentais, perdemos até o tempo de contemplação; não vemos mais nada que
curiosamente há vinte anos atrás víamos, pois nos chamavam a atenção. Hoje
ganhamos habilidades virtuais... vivemos de cabeça baixa, fitando e dedilhando
nossos smartphones, tablets, palm tops, netbooks, etc, etc, etc... “Cadê”
aquele sexto sentido? Quem viu uma lagarta virar borboleta? Quem “sentiu” a
natureza? Quais são os cinco sentidos e como estão “acontecendo” agora? Quem acompanhou o desabrochar de uma rosa?
Quem distinguiu o canto do sabiá do canto da cambaxirra?
Estamos
perdendo tanta coisa, inclusive o moral, que é a vontade de participar, de
cooperar e colaborar, enfim... de enfrentar os problemas e encontrar as
soluções. Estamos mais fixados no virtual e, consequentemente, deixamos de
viver o “existencial”.
Já
não temos o “faro” que antecede a atitude e nem mesmo podemos ser chamados de omissos,
pois sequer detectamos os problemas ou a magnitude deles.
Nos
surpreendemos quando uma nova tecnologia se apresenta, “facilitando” a nossa
vida, mas, na realidade, essa tecnologia nos retira alguma habilidade que, de
certa forma, ignoramos e então nos negamos a ler nas entrelinhas o que foi
“escrito” por toda a Natureza.
Estamos
deixando de ter sabedoria e estamos usando somente a inteligência virtual. Não
se sabe mais somar, dividir, subtrair e multiplicar sem uma máquina de
calcular, aquela que só dá o resultado, mas não diz como foi todo o processo
antes da execução. Esse processo, não sendo operado pelo cérebro,
descaracteriza o aprendizado e o conhecimento passa a ser uma nuvem que, se for
soprada pelos ventos do tempo, desaparece levando com ela o que nos é mais
necessário: PENSAR!! Prenuncia-se aquilo que muitas vezes é mostrado nos filmes
futuristas: uma guerra totalmente destruidora e o retorno de uma pequena
parcela da “humanidade” voltada ao desconhecimento; será como a evolução dando
marcha à ré na história, quase se comparando ao que conhecemos hoje como a
idade da pedra.
Em
função desse mundo virtual, também nos tornamos mais preguiçosos; compramos
desnecessariamente alimentos já preparados, alterados geneticamente, congelados,
desidratados, engarrafados; muitos dos quais poderiam ser trabalhados no fogão
mas, consideramos que é mais prático tê-los no freezer, embalados e prontos para serem utilizados quase que
imediatamente, bastando só colocá-los num micro-ondas e consumi-los. Passamos a
não lidar com palavras que consideramos antiquadas e apesar delas conterem um
significado importante na vida; simplesmente as descartamos. Ser romântico é
coisa que nem se pensa... o vento levou e lavou o sentimentalismo nas
turbulentas águas passadas debaixo da ponte.
Nossa
inteligência emocional parece que regrediu. Aquela paciência tão cultivada
perdeu-se e passamos a viver para dentro de nós mesmos, como uma ostra. E
aquela força de vontade que nos instigava a fazer coisas tal qual aquele
“complexo” de Don Quixote, que nos impulsionava a tentar mudar o que estava
estabelecido, a trocar o arcaico inusitado pelo novo esclarecedor, a modificar
o jardim da nossas vidas, a buscar e salvar o amor de nossos sonhos, a trocar os
móveis da nossa consciência e com isso dar uma “arejada” no interior da nossa
cabeça que é o epicentro dos pontos de interrogação, será que feneceu? Sei que
perdemos muito, quando nos vimos sem as nossas provisões que pensávamos estarem
acumuladas e guardadas para a nossa velhice.
Será
que também perdemos também a vontade de lutar pelos nossos direitos? Será que
esse esmorecimento, derramou sobre nós um “cimento” que já secou e endureceu
nossos ânimos? Será que nem os sentimentos das perdas, da sensação da falta de justiça,
da indiferença daqueles que detêm o poder e a autoridade, não nos move?
Será
que tudo isso não nos motiva a tomar atitudes para a correção dessas maldades e
torturas perpetradas contra nós, pessoas idosas, desde 2006?
Grosso
modo, somos 10 mil participantes do Aerus. Se considerarmos que a metade (cinco
mil) não tenha condições de locomoção; que a metade do contingente restante
(2.500) resida em rincões distantes dos grandes centros; que a outra metade
dessas almas estejam trabalhando em outras atividades; ainda assim sobram 1.250
participantes.
Até
então, “ninguém sabe, ninguém viu”, qualquer manifestação que envolvesse um
número de 500 participantes do Aerus.
Me
causa estranheza toda essa falta de atitude; eu estranho essa falta de pedidos
de socorro, eu estranho essa falta de gritos de dor.
Estamos
aposentados, perdemos muito ou quase tudo mas, não estamos mortos.
...
por isso, GRITEM!!
Título
e Texto: Jonathas Filho, grita
diáriamente... 03-06-2014
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