João Bosco Leal
Semana passada viajava só,
pela BR 267, que liga a BR 163 no MS à Rodovia Raposo Tavares em SP, quando vi
alguns carros estacionados dos dois lados da rodovia. Sem saber do que se
tratava diminui a velocidade e vi várias pessoas saqueando um caminhão baú que
estava capotado, fora da rodovia, na lateral direita da mesma, sentido MS-SP.
Alguns levavam para seus
carros, nas costas, sacos com produtos furtados. Sem parar, liguei para 191, o
número de emergência da Polícia Rodoviária Federal. Uma gravação dizia: ”Você
ligou para o 191, o telefone de emergência da Polícia Rodoviária Federal. Para
sua segurança esta ligação poderá ser gravada e seu número monitorado. Já
iremos lhe atender.”
Por vários minutos ouvia-se
uma música até a ligação cair. Foram várias tentativas, sempre com o mesmo
resultado. Como o sinal de celular não é bom nesse trecho da rodovia, continuei
até um novo posto da PRF que acaba de ser construído, mas sem nenhum policial.
Agora com melhor sinal, tentei novamente, mas sem sucesso. Só quando cheguei a
outro posto da polícia rodoviária – já a 140 km de distância de onde ocorria o saque
-, pude comunicar o fato aos três policiais presentes no interior do escritório
daquele posto.
Ao dizer que já havia ligado
oito vezes para o número 191 sem sucesso, fiquei ainda mais estarrecido quando
os mesmos disseram que eles também estavam tentando se comunicar com a central
em Campo Grande e que para isso utilizavam o mesmo número, mas também não
estavam conseguindo e que isso era muito comum, pois o sinal da comunicação com
a central do número 191, localizado na capital do estado, era muito ruim.
Durante todo o resto da viagem
pensava na infinidade de possibilidades do que poderia ocorrer em uma rodovia e
de como esse telefone – que teoricamente deveria ser o que melhor funcionaria
-, poderia salvar vidas.
Esse é um simples exemplo do
país em que vivemos. Com toda a tecnologia hoje disponível, não conseguimos
sequer equipar nossas rodovias com o que é muito mais importante inclusive que
sua construção e conservação: um meio eficiente de se comunicar urgentemente
com quem poderia ajudar os que por algum motivo pedem socorro.
Pessoas clamando por esse
socorro estão morrendo nas portas dos postos de saúde e hospitais sem serem
sequer atendidas. Crianças estão nas ruas sendo aliciadas por traficantes,
viciando-se em crack e outras drogas simplesmente porque o governo é incapaz de
mantê-las em escolas, preparando-as para um futuro melhor.
Batalhões praticamente
inteiros de policiais, inclusive com seus comandantes, estão sendo presos pela
Polícia Federal, por estarem envolvidos com os mais diversos tipos de
corrupção, de proteção a criminosos e até os mais violentos assassinatos a
sangue frio, a mando de traficantes.
O Brasil precisa,
urgentemente, ser passado a limpo, desde os garis que ganham pouco e trabalham
muito, a políticos que ganham e roubam muito, sem nada fazer pelo país. E o
início dessa faxina é não eleger nenhum político, de vereador a presidente da
república, que não seja totalmente integro.
Os jovens precisam ser
incentivados a se interessar por política, pois um grande país precisa de
raízes sólidas, uma vez que, sem elas, sequer as árvores resistem à menor
ventania.
Só mudaremos o país se, em
busca do bem comum, encararmos as nossas realidades e lutarmos por todas as
alterações necessárias.
Título, Imagem e Texto: João Bosco Leal, 17-10-2014
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