Parecem palavras do Governo
mas foram mesmo do líder da oposição. O pretexto foi um agradecimento à
comunidade chinesa que investiu em Portugal e que acreditou que o país sairia
da crise.
Rita Dinis
A propósito das comemorações
do ano novo chinês, que António Costa [foto] celebrou junto da comunidade chinesa no
Casino da Póvoa de Varzim, o secretário-geral do PS admitiu que Portugal está
hoje melhor do que estava há quatro anos. A declaração foi feita no contexto de
elogio aos investidores chineses que nunca deixaram de acreditar “que o país
tinha condições para vencer a crise”.
“Em Portugal, os amigos
são para as ocasiões, e numa ocasião difícil em que muitos não
acreditaram que o país tinha condições para enfrentar e vencer a crise, a
verdade é que os investidores chineses disseram ‘presente’, vieram, e deram um
grande contributo para que Portugal pudesse estar na situação em que está hoje,
bastante diferente daquela em que estava há quatro anos”, disse António
Costa no passado dia 19 de fevereiro, durante a cerimónia comemorativa da
entrada no ano da Cabra que se realizou no casino da Póvoa, e que Observador
ouviu através de um vídeo colocado na página de Facebook do eurodeputado Nuno
Melo.
As declarações foram em
jeito de agradecimento à comunidade chinesa que tem investido no país nos
últimos anos, e a quem Costa quis “agradecer” por “todo o apoio”, que, disse,
“é um sinal do muito que ainda temos para desenvolver nas relações entre todos
nós”. Mas não passaram indiferentes aos mais críticos do líder socialista. O
dirigente centrista e eurodeputado Nuno Melo foi um dos primeiros a tirar nota
das palavras de Costa, colocando na sua página oficial de Facebook
um excerto do vídeo do discurso do socialista.
“[António Costa]
reconhece que Portugal está muito melhor em 2015, do que estava em 2011, depois
de meses passados a criticar uma estratégia do governo que só provocava
‘desemprego, paralisação da economia e emigração em massa’. Mais vale
tarde do que nunca”, escreveu o dirigente do CDS.
O eurodeputado do PSD, Paulo
Rangel, também já comentou as declarações do secretário-geral do PS. “Elas
falam por si. E mostram que o líder socialista tem um discurso para dentro do
país e outro para fora. Esclarecedoras”.
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