segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Gregos dizem "não" à extensão, Portugal ouve "sim" ao reembolso

Maria Luís Albuquerque rejeita falar de cenários de saída da Grécia do euro. Em Bruxelas, a ministra das finanças recebeu o apoio unânime do Eurogrupo para antecipar o reembolso de Portugal ao FMI
Susana Frexes, em Bruxelas

Maria Luiz Albuquerque, foto: Oliver Hoslet, EPA
Na mesma reunião em que os gregos disseram não, Portugal ouviu um sim do Eurogrupo. Os países da moeda única estão disponíveis para autorizar o reembolso antecipado ao Fundo Monetário Internacional (FMI). "Houve um apoio político unânime de todos os ministros do Eurogrupo relativamente a esta pretensão", disse a ministra das finanças no final do encontro.

O pagamento antecipado de 14 mil milhões de euros ao FMI permitirá a Portugal economizar vários milhões de euros em juros, uma vez que o país já consegue financiar-se nos mercados a taxas mais baixas do que as acordadas com o FMI. Mas o governo não adianta um número.

O acordo de resgate inclui uma cláusula em que os pagamentos antecipados têm de ser proporcionais a todos os credores. Um reembolso antecipado ao FMI implicaria também que Portugal pagasse na mesma proporção aos países que emprestaram dinheiro. Hoje os membros da moeda única, credores através do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF), mostraram-se disponíveis para "dispensar" Portugal dessa obrigação.

Amanhã, terça-feira, a ministra das finanças volta a fazer um ponto de situação no ECOFIN, aos 28 ministros das finanças, credores de outra parte do financiamento, através do Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSM). "Mas a correr da mesma forma que hoje, e estamos em crer que assim será, fica dado o apoio político para este processo poder avançar", explica Maria Luís Albuquerque, referindo-se à aprovação parlamentar exigida por alguns países.  

Ministra não quer falar de Grexit
Maria Luís Albuquerque salienta a chama de "sinal positivo dos progressos feitos por Portugal", mas rejeita fazê-lo por comparação com a situação da Grécia. 

Questionada sobre se Portugal teria um plano, caso os gregos saíssem do euro, a ministra responde que "não estamos a falar desse tipo de cenários". Maria Luís Albuquerque garante ainda que essa possibilidade não foi falada nem no Eurogrupo passado, nem nos grupos de trabalho em que Portugal participou.

"Nós temos estado a fazer uma discussão com o novo governo grego no sentido de saber como se podem ter em conta as pretensões, as alterações, e a discussão tem estado pura e simplesmente nessa base", acrescenta.

A ministra diz respeitar a estratégia de negociação de Varoufakis e que o diálogo com a Grécia "se mantém vivo", desde que dentro do que são as condições estabelecidas, por unânimidade, no seio do Eurogrupo: se o governo grego quiser pedir uma extensão do resgate, terá de fazê-lo no âmbito do atual programa de assistência.

"Estamos à espera do pedido e por isso não faz sentido falarmos em alternativas", diz Maria Luís Albuquerque. Só Atenas pode pedir a extensão do resgate, mas o governo de Varoufakis já fez saber que o braço de ferro é para manter. A Grécia rejeita assinar qualquer acordo que mantenha vivo o Memorando. 
Título e Texto: Susana Frexes, em Bruxelas, Expresso, 16-2-2015

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