sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Soumission (Submissão), livro de Michel Houellebeck

Houellebecq imagina a França (e depois a Bélgica, en passant) governada por maometanos.

O narrador, professor de Literatura, 44 anos, na Universidade de Sorbonne, especialista em Joris-Karl Huysmans,– escritor francês que se converteu ao catolicismo –, objeto da sua tese de doutorado,  além de, naturalmente, citá-lo várias vezes, também passa ou hospeda-se nos locais por aquele frequentados.
Outros autores também são citados no livro.

Logo nas primeiras páginas (34) ficamos a saber da proibição de acesso de organizações estudantis judias à universidade, enquanto multplicam-se as antenas da Fraternidade Muçulmana…

Houllebecq continuou a imaginar e a descrever uma França islamizada, recorrendo ao narrador que acaba por ser despedido da Universidade Islâmica Sorbonne-Paris, já que esta apenas aceita professores muçulmanos. E aquilo que esse professor vê é um país com uma baixíssima taxa de desemprego (as mulheres são encorajadas a abandonar o mercado de trabalho para se concentrarem na família), pouco crime nas ruas e escolas islâmicas.

As conversões ao Islã aumentam, o que, de acordo com o narrador, conduz à morte da liberdade de pensamento e do espírito crítico.

Houellebeck não perde a oportunidade para lembrar aos leitores que a mídia francesa (e os comentaristas televisivos) é de centro-esquerda (Le  Monde, ainsi plus généralement que tous les journaux de centre-gauche, c’est-à-dire en realité tous les jornaux...) e por isso ironizaram regularmente as ‘cassandras’ que previam uma guerra civil entre imigrantes muçulmanos e as populações autóctones da Europa ocidental. E repetiram a cegueira dos troianos – que não acreditaram no aviso de Cassandra sobre o cavalo utilizado pelos gregos. Mas a cegueira desses comentaristas não é historicamente inédita: aconteceu o mesmo com os intelectuais, políticos e jornalistas dos anos 1930, unanimemente persuadidos que Hitler acabaria se rendendo à razão.

O professor resiste durante algum tempo a “colaborar” com a nova ordem política e social, mas acaba também ele por se converter. Isto porque lhe é prometido um salário mensal de dez mil euros e a possibilidade de ter três mulheres. Na França de Mohamed Ben Abbes a poligamia é legal.

O livro é uma fábula política e moral.


No vídeo Houellebeck afirma: “Eu procedo a uma aceleração da História. Não posso dizer que o livro seja uma provocação, na medida em que não digo coisas que penso fundamentalmente serem falsas. Neste livro condensei uma evolução que, na minha opinião, é realista”.



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