Houellebecq imagina a França
(e depois a Bélgica, en passant)
governada por maometanos.
O narrador, professor de
Literatura, 44 anos, na Universidade de Sorbonne, especialista em Joris-Karl Huysmans,–
escritor francês que se converteu ao catolicismo –, objeto da sua tese de
doutorado, além de, naturalmente,
citá-lo várias vezes, também passa ou hospeda-se nos locais por aquele
frequentados.
Outros autores também são
citados no livro.
Logo nas primeiras páginas
(34) ficamos a saber da proibição de acesso de organizações estudantis judias à
universidade, enquanto multplicam-se as antenas da Fraternidade Muçulmana…
Houllebecq continuou a
imaginar e a descrever uma França islamizada, recorrendo ao narrador que acaba
por ser despedido da Universidade Islâmica Sorbonne-Paris, já que esta apenas
aceita professores muçulmanos. E aquilo que esse professor vê é um país com uma
baixíssima taxa de desemprego (as mulheres são encorajadas a abandonar o
mercado de trabalho para se concentrarem na família), pouco crime nas ruas e
escolas islâmicas.
As conversões ao Islã
aumentam, o que, de acordo com o narrador, conduz à morte da liberdade de
pensamento e do espírito crítico.
Houellebeck não perde a
oportunidade para lembrar aos leitores que a mídia francesa (e os comentaristas
televisivos) é de centro-esquerda (“Le Monde, ainsi plus généralement que tous
les journaux de centre-gauche, c’est-à-dire en realité tous les jornaux...) e
por isso ironizaram regularmente as ‘cassandras’ que previam uma guerra civil
entre imigrantes muçulmanos e as populações autóctones da Europa ocidental. E
repetiram a cegueira dos troianos – que não acreditaram no aviso de Cassandra sobre
o cavalo utilizado pelos gregos. Mas a cegueira desses comentaristas não é historicamente
inédita: aconteceu o mesmo com os intelectuais, políticos e jornalistas dos
anos 1930, unanimemente persuadidos que Hitler acabaria se rendendo à razão.
O professor resiste durante
algum tempo a “colaborar” com a nova ordem política e social, mas acaba também
ele por se converter. Isto porque lhe é prometido um salário mensal de dez mil
euros e a possibilidade de ter três mulheres. Na França de Mohamed Ben Abbes a
poligamia é legal.
O livro é uma fábula política
e moral.
No vídeo Houellebeck afirma: “Eu
procedo a uma aceleração da História. Não posso dizer que o livro seja uma
provocação, na medida em que não digo coisas que penso fundamentalmente serem falsas.
Neste livro condensei uma evolução que, na minha opinião, é realista”.
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