José Manuel
De terça-feira, 4 de março de
2014, a terça-feira, 18 de fevereiro de 2015, será praticamente um
ano em que o povo de Pindorama foi submetido a um espasmo cerebral sem
precedentes na história da República, ou seja, o país resolveu ausentar-se de
si mesmo.
São dois carnavais e suas
prévias, uma Copa do Mundo de futebol, um escândalo do Petrolão sem par no
planeta, e uma eleição para presidente, governadores, senadores e deputados
federal e estadual.
Depois disso tudo fica difícil
a um país aguentar um tranco forte e negativo à sua economia tão fragmentada
como está, e o resultado, como se pode ver, são os índices econômicos e sociais
que o país está atravessando, com a gestação de uma crise politica já esperada
face ao que vem ocorrendo.
Se quisermos tentar
decodificar o que significa um ano zero de crescimento e quantificar
alguma coisa neste período, o que é muito fácil, pois, para começar, se um
carnaval já faz tremer os alicerces econômicos pelos dias em que o país fica
parado, vamos imaginar dois, mais a falta de chuva, o gasto excessivo de água
nestes períodos, mais o consumo exorbitante de energia,
consumo extraordinário em combustíveis nos deslocamentos em longos
feriados, o apagão social e político pelo povo nesta época momesca, e
pelos fatos que estão por aí noticiados, que vão acontecer na pátria educadora,
sem o menor retorno econômico ao país e tudo isso em menos de 365 dias.
Se pudéssemos medir
hipoteticamente em um placar virtual os males que isto vem acarretando à
nação, poderíamos começar dizendo que o resultado parcial, estaria em 1
para a crise, 0 para o país
Depois da primeira abstinência
e a luxúria dos famosos "carne vale" desde 2014, logo a seguir, bem
no sexto mês do ano, mais trinta dias de falso pragmatismo de que "a taça
do mundo é nossa", com gastos que saem fora da nossa compreensão e sem
relação alguma com o nosso real crescimento, desaba-se em um resultado pífio e
vergonhoso ao final da competição. Mais uma vez nenhum retorno econômico,
em contrapartida aos absurdos gastos no evento esportivo, pois
a entrada do capital esperado ficou absurdamente longe do que foi
investido em uma festa perdida e largamente anunciada.
Logo após a perda das dignidades esportiva e econômica, e não muito longe, em setembro, estoura um escândalo de proporções intercontinentais, fazendo com que a principal empresa petroleira, com contratos ao redor do planeta, perca o seu valor de mercado sendo rebaixada por agências internacionais e hoje tenha até o seu prédio sede e ícone de uma pujança nacional penhorado por uma pequena refinaria do Rio de Janeiro, tendo em causa a falta de pagamento em compromisso financeiro assumido.
O escândalo atinge em
cheio não só a petroleira, bem como o partido do governo vigente, pelos
políticos envolvidos e com sérias implicações politico-institucionais.
Ainda parcial, 3 para a crise,
0 para o país.
Trinta dias depois, em
outubro, acontece aquela que seria a eleição que além de um
gasto indecifrável, incomunicável à sociedade e que poderia
tentar colocar nos eixos novamente a economia e a decência. Mais uma vez, e com
trinta milhões de eleitores válidos não comparecendo às urnas, ou seja uma
abstenção recorde de 20% em um universo de Cento e Quarenta e Dois milhões de
habitantes, ou melhor, uma Argentina inteira, a oposição com 49% dos votos não
consegue se eleger e o partido ora no poder ganha as eleições. Inimaginável
que por causa de uma ausência irresponsável o país tenha que passar pelo
que está ocorrendo no momento.
Aqui, o resultado
é inquestionável, sendo 4 para a crise, 0 para o país.
Mas, tudo o que aqui está
escrito, não são meras observações ou sinais do cotidiano de uma nação
sintomática, pois é explicado pelo renomado cientista
americano, Noam Chomsky, especialista em abordagem matemática dos
fenômenos da linguagem, quando descreve a técnica usada por alguns governos para
a manipulação das populações. Vejamos:
A estratégia da
distração
O elemento primordial do
controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção
do povo, dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites,
políticas e econômicas. Manter a atenção do povo distraída, longe dos
verdadeiros problemas sociais e atraída por temas sem importância real. (Carnaval,
copa do mundo.)
Criar problemas e depois
oferecer soluções
Se cria um problema, uma
situação prevista para causar certa reação no povo, a fim de que este seja o
suplicante das medidas que se deseja aceitar.
Deixar que se desenvolva ou
se intensifique a violência urbana, a fim de que o povo seja o
requerente de leis de segurança e políticas, em prejuízo das liberdades. Criar
uma crise econômica, para que o povo aceite como um mal necessário, o
retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos. (Nossa
violência de cada dia, alta da inflação, escândalos).
A estratégia da
gradualidade
Para fazer que se aceite uma
medida inadmissível, basta aplicá-la gradualmente em conta-gotas, num prazo
ampliado.
Dessa forma, as novas
condições impostas, as mudanças radicais são aceitas sem provocar revoltas. (Prometido
antes, não realizado depois).
A estratégia do adiar
Uma decisão impopular é a de
apresentá-la como "dolorosa e necessária", obtendo a aceitação
pública no momento, para uma aplicação futura.
É mais fácil aceitar um
sacrifício futuro que um sacrifício imediato.
Primeiro porque o esforço não
é imediato, segundo porque a massa ingenuamente crê, "que
amanhã tudo irá melhorar" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. (Vaselina
de resultados dos novos ministros).
Dirigir-se ao povo como
criaturas de pouca idade
Dirigir-se ao povo utilizando discursos,
argumentos, personagens e entonações particularmente infantis, muitas vezes,
próximos à debilidade, como se o expectador fosse uma criatura de pouca idade
ou um deficiente mental. Quanto mais tente-se enganar o povo, mais tende-se a
adotar um tom infantil, porque dirigir-se a uma pessoa como se tivesse doze
anos, tenderá por sugestão, a adotar reações ou respostas mais infantis e
desprovidas de sentido crítico. (Discursos confusos ou absolutamente
irracionais).
Utilizar o aspecto
emocional, muito mais que a reflexão
Fazer uso do aspecto
emocional, é uma técnica clássica para curto-circuitar a análise racional e
neutralizar o sentido crítico dos indivíduos. (Doença dos dirigentes
pré e pós).
Manter o povo na
ignorância e na mediocridade
A qualidade da educação dada
às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de
forma que a distância entre estas e as classes altas permaneça inalterada no
tempo e seja impossível alcançar uma autêntica igualdade de oportunidades para
todos. (Qualidade péssima da educação pública, cotas raciais em faculdades).
Estimular o povo a ser
complacente com a mediocridade
Fazer crer ao povo que está na
moda a vulgaridade, a incultura, o ser mal falado, ou admirar personagens
sem talento ou mérito algum, o desprezo ao intelectual, o exagero do culto ao
corpo e a desvalorização do espírito de sacrifício e do esforço pessoal. (Falta
de controle à exposição indevida e desprezo pela meritocracia no serviço
público).
Reforçar o sentimento de
culpa pessoal
Fazer crer ao indivíduo, que
ele é o único culpado pela sua própria desgraça, por insuficiência
de inteligência, de capacidade ou de esforço.
Assim, em lugar de rebelar-se
contra o sistema econômico e social, o indivíduo se
desvaloriza, se culpa, gerando em si um estado depressivo, que inibe a sua
capacidade de reagir. (Falta de apoio técnico e financeiro ao
empreendedorismo da iniciativa privada).
Conhecer melhor os
indivíduos do que eles mesmo se conhecem
Graças à biologia,
à neurobiologia e à psicologia aplicada, o sistema tem
desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física
como de psicológica.
Isto significa que, na maioria
dos casos, o sistema exerce um maior controle e poder
sobre os indivíduos, superior ao que pensam que realmente têm. (A
monitoração do indivíduo é exercida com mensagens subliminares, segundo
critérios pouco ortodoxos).
Qualquer semelhança com a
realidade vigente em Pindorama nos últimos anos é apenas
mera coincidência.
Título e Texto: José Manuel, trabalhando no carnaval,
20-2-2015
Nota: a descritiva nas
crônicas por mim publicadas é o resultado de pesquisa em notícias veiculadas em
mídia nacional idônea, apenas compondo um pensamento lastreado em liberdade de
expressão e ancorado no Artigo 5 inciso IX, da constituição Federal
de 1988.
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Bom texto, José Manuel. A menção de Chompsky realça sua capacidade de escrever um texto seriamente fundamentado. Parabéns!
ResponderExcluirwww.youtube.com/watch?v=s7nhcOShzYM
Habitz