Valdemar Habitzreuter
Em 1980 nasceu um novo partido
no Brasil. Aos trancos e barrancos foi-se firmando como partido dos
trabalhadores até chegar ao poder em 2002 com a eleição de Lula. A ênfase de
fazer do trabalhador brasileiro o símbolo de progresso e justiça social fez do
PT um partido radicalmente de esquerda combatendo a frouxidão dos partidos
tradicionais concernente aos problemas sociais.
Em duas décadas angariou
milhares de simpatizantes com a esperança de que o Brasil estaria no rumo certo
com as propostas do PT de erradicar a pobreza extrema e proteger o trabalhador
brasileiro.
Lula conseguiu impor seu
discurso socialista por oito anos na presidência. Teve sucesso nesta
empreitada. Mas, desde seu primeiro mandato - o que é bem patente agora - havia
uma cilada nas entrelinhas de seu discurso: aferrar-se ao poder por meios os
mais escusos possíveis. As benesses sociais que beneficiaram milhares de
brasileiros não passaram de engodo para sustentar-se no poder e, ainda, eleger
seu sucessor oito anos depois.
Vemos hoje que toda estrutura
social erigida para beneficiar milhares de pessoas está ruindo, a multidão está
insatisfeita com o governo. Os bilhões de reais que se gastou para isso no
reinado petista foi uma insensatez tamanha que está mergulhando o Brasil numa
recessão. Do BNDES saía quantias astronômicas para obras fantasmas, mal
projetadas e superfaturadas; dinheiro que falta hoje para escapar da crise
econômica que o país atravessa. O país está falindo por falta de
responsabilidade de um partido que se dizia ser o salvador da pátria.
Não recrimino a que se governe
para a melhoria na área social; a justiça e igualdade sociais são bens
imprescindíveis de uma nação. Recrimino, sim, o método petista de impor sua
política governista: sua falta de ética de administrar a coisa pública; o
manuseio sem pudor do nosso dinheiro para suas campanhas eleitorais, como no
caso do assalto à Petrobrás; a sangria dos Bancos públicos para financiar obras
duvidosas e fora do contexto social (inclusive portos, aeroportos, estradas,
ferrovias em outros países).
Agora, os dirigentes petistas
vêm com essa: “assumir responsabilidades, sair da defensiva e corrigir rumos”
(saiu ontem no jornal Folha de S. Paulo). Venhamos e convenhamos: assumir
responsabilidades após doze anos de bagunça política e roubalheira? Quem vai
acreditar? Querem fugir das acusações da autoria da crise política e econômica
a que o Brasil mergulhou.
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Rui Falcão conversou com a
imprensa depois de passar a tarde em reunião com o ex-presidente Lula e mais 27
dirigentes regionais do PT. Foto: Mariana Serafini
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No entanto, propõem corrigir
rumos. Ora, se chegaram à conclusão que precisam corrigir rumos, é sinal de que
o PT, desde a sua origem, não tinha rumo algum, ou se o teve era sinônimo de
desvio que está levando o país à bancarrota.
Vem pra rua no dia 12 de abril…
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 1-4-2015
Manifesto dos Diretórios
Regionais do Partido dos Trabalhadores:
Nunca como antes, porém, a ofensiva de agora é uma campanha de cerco e aniquilamento. Como já propuseram no passado, é preciso acabar com a nossa raça. Para isso, vale tudo. Inclusive, criminalizar o PT – quem sabe até toda a esquerda e os movimentos sociais.
Condenam-nos não por nossos erros, que certamente ocorrem numa organização que reúne milhares de filiados. Perseguem-nos pelas nossas virtudes. Não suportam que o PT, em tão pouco tempo, tenha retirado da miséria extrema 36 milhões de brasileiros e brasileiras.
Que nossos governos tenham possibilitado o ingresso de milhares de negros e pobres nas universidades.
Não toleram que, pela quarta vez consecutiva, nosso projeto de País tenha sido vitorioso nas urnas. Primeiro com um operário, rompendo um preconceito ideológico secular; em seguida, com uma mulher, que jogou sua vida contra a ditadura para devolver a democracia ao Brasil.
Maus perdedores no jogo democrático, tentam agora reverter, sem eleições, o resultado eleitoral. Em função dos escândalos da Petrobrás, denunciados e investigados sob nosso governo – algo que não ocorria em governos anteriores –, querem fazer do PT bode expiatório da corrupção nacional e de dificuldades passageiras da economia, em um contexto adverso de crise mundial prolongada.
Como já reiteramos em outras ocasiões, somos a favor de investigar os fatos com o maior rigor e de punir corruptos e corruptores, nos marcos do Estado Democrático de Direito. E, caso qualquer filiado do PT seja condenado em virtude de eventuais falcatruas, será excluído de nossas fileiras.
O PT precisa identificar melhor e enfrentar a maré conservadora em marcha. Combater, com argumentos e mobilização, a direita e a extrema-direita minoritárias que buscam converter-se em maioria todas as vezes que as 2 mudanças aparecem no horizonte. Para isso, para sair da defensiva e retomar a iniciativa política, devemos assumir responsabilidades e corrigir rumos. Com transparência e coragem. Com a retomada de valores de nossas origens, entre as quais a ideia fundadora da construção de uma nova sociedade.
Ao nosso 5º Congresso, já em andamento, caberá promover um reencontro com o PT dos anos 80, quando nos constituímos num partido com vocação democrática e transformação da sociedade – e não num partido do “melhorismo”. Quando lutávamos por formas de democracia participativa no Brasil, cuja ausência, entre nós também, é causa direta de alguns desvios que abalaram a confiança no PT.
Nosso 5º Congresso, cuja primeira etapa será aberta, a fim de recolher contribuições, críticas e novas energias de fora, deverá sacudir o PT. A fim de que retome sua radicalidade política, seu caráter plural e não- dogmático. Para que desmanche a teia burocrática que imobiliza direções em todos os níveis e nos acomoda ao status quo.
O PT não pode encerrar-se em si mesmo, numa rigidez conservadora que dificulta o acolhimento de novos filiados, ou de novos apoiadores que não necessariamente aderem às atuais formas de organização partidária.
Queremos um partido que pratique a política no quotidiano, presente na vida do povo, de suas agruras e vicissitudes, e não somente que sai a campo a cada dois anos, quando se realizam as eleições.
Um PT sintonizado com nosso histórico Manifesto de Fundação, para quem a política deve ser “ atividade própria das massas, que desejam participar, legal e legitimamente, de todas as decisões da sociedade”.
Por isso, “o PT deve atuar não apenas no momento das eleições, mas, principalmente, no dia-a-dia de todos os trabalhadores, pois só assim será possível construir uma 3 nova forma de democracia, cujas raízes estejam nas organizações de base da sociedade e cujas decisões sejam tomadas pelas maiorias”.
Tal retomada partidária há de ser conduzida pela política e não pela via administrativa. Ela impõe mudanças organizativas, formativas, de atitudes e culturais, necessárias para reatar com movimentos sociais, juventude, intelectuais, organizações da sociedade – todos inicialmente representados em nossas instâncias e hoje alheios, indiferentes ou, até, hostis em virtude de alguns erros políticos cometidos nesta trajetória de quase 35 anos.
Dar mais organicidade ao PT, maior consistência política e ideológica às direções e militantes de base, afastar um pragmatismo pernicioso, reforçar os valores da ética na política, não dar trégua ao “cretinismo”parlamentar – tudo isso é condição para atingir nossos objetivos intermediários e estratégicos.
Em concordância com este manifesto, nós, presidentes de Diretórios Regionais de 27 Estados, propomos:
1. Desencadear um amplo processo de debates, agitação e mobilização em defesa do PT e de nossas bandeiras históricas;
2. Defesa do nosso legado político-administrativo e do governo Dilma;
3. Participar e ajudar a articular uma ampla frente de partidos e setores partidários progressistas, centrais sindicais, movimentos sociais da cidade e do campo, unificados em torno de uma plataforma de mudanças, que tenha no cerne a ampliação dos direitos dos trabalhadores, da reforma política, da democratização da mídia e da reforma tributária;
4. Apoiar o aprofundamento da reforma agrária e do apoio à agricultura familiar;
5. Orientar nossa Bancada a votar o imposto sobre grandes fortunas e o projeto de direito de resposta do senador Roberto Requião, ambos em tramitação na Câmara dos Deputados;
6. Apoiar iniciativas para intensificar investimentos nas grandes e médias cidades, a fim de melhorar as condições de saneamento, habitação e mobilidade urbana;
7. Buscar novas fontes de financiamento para dar continuidade e fortalecimento ao Sistema Único de Saúde;
8. Apoiar uma reforma educacional que corresponda aos objetivos de transformar o Brasil numa verdadeira Pátria Educadora;
9. Levar o combate à corrupção a todos os partidos, a todos os Estados e Municípios da Federação, bem como aos setores privados da economia;
10. Lutar pela integração política, econômica e cultural dos povos da América, por um mundo multipolar e pela paz mundial. O momento não é de pessimismo; é de reavivar as esperanças. A hora não é de recuo; é de avançar com coragem e determinação. O ódio de classe não nos impedirá de continuar amando o Brasil e de continuar mudando junto com nosso povo. Esta é a nossa tarefa, a nossa missão. É só querer e, amanhã, assim será!
São Paulo, 30 de março de 2015″
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