Tavares Moreira
1. À medida que o tempo vai passando, soluções
não se vislumbram e o dinheiro vai desaparecendo, o indomável governo grego
tenta criar novas frentes de combate com o exterior, certamente persuadido que
essa será a melhor forma de manter o Povo Unido…
2. A edição de ontem do F. Times (FT), sob o título
“Greece prepares debt default options”, noticiava que a Grécia se prepara para
um cenário de “default” no serviço da dívida aos credores internacionais (FMI
em 1ª linha), no caso, provável, de não conseguir chegar a acordo com
esses credores até final de Abril sobre as condições a cumprir para aceder a um
desembolso de € 7,2 mil milhões que restam do programa “em vigor” (se é que
ainda se pode falar nestes termos…).
3. Esta notícia do FT, que referia fontes do
próprio governo grego, foi duramente desmentida no próprio dia pelo Ministro da
Defesa da Grécia - a questão é pois tomada como de defesa
nacional - o qual afirmou “O FT já fabricou 5 cenários de falência.
Mas eu digo que não vamos falir a 25 de Abril”, acrescentando que o País “não
vai falir nem aceitar mais austeridade”…
4. A verdade, porém, é que o governo grego tem
vindo a esvaziar todas as gavetas onde encontra alguns Euros, para satisfazer
as suas necessidades correntes – já “saqueou” as contas da Segurança Social, as
contas do SNS, as contas de diversas empresas públicas – e agora encontra-se em
“palpos de aranha” para encontrar € 2,4 mil milhões para pagar salários e
pensões do corrente mês…
5. ..ao mesmo tempo que tem compromissos com o FMI,
para pagar € 203 milhões em 1 de Maio, mais € 770 milhões a 12 de Maio e €
1,6 mil milhões em Junho…
6. Convenhamos que, (i) com os cofres em
situação de seca extrema, (ii) as receitas fiscais em queda, (iii) sem
qualquer crédito do exterior, (iv) com aqueles compromissos a
avizinhar-se e (v) sem perspectiva de um acordo em tempo útil na negociação com
o Eurogrupo – onde o governo grego parece gozar de um crescente superavit
de desconfiança – as coisas estão mesmo a tornar-se muito negras…
7. …sendo por isso perfeitamente natural, porque
perfeitamente plausível, o cenário de “default” equacionado pelo FT.
8. A resposta do governo grego, numa retórica
nacionalista e do tipo “sol na eira e chuva no nabal” (não vamos falir nem
vamos aceitar mais austeridade), abrindo mais uma frente de combate “contra o
inimigo externo”...em lugar de a desmentir, é bem capaz de reforçar a
verosimilhança da hipótese colocada pelo FT
Título e Texto: Tavares Moreira, “4R – Quarta República”, 15-4-2015
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