Pedro Frederico Caldas
Por razão de ofício e por alguns pendores, passei uma vida lendo, sempre
armado com diversos dicionários. A palavra sempre foi meu instrumento de
trabalho. Quando via uma palavra não conhecida, consultava sempre o “pai dos burros”.
Um belo dia, vi Lula usar uma que jamais lera ou ouvira. Nunca tinha
visto alguém, por qualquer meio, usá-la. Pensei comigo, essa palavra não
existe. Depois de usada por Lula, virou moeda corrente na imprensa, nos
comícios, nas entrevistas, nos debates. Fiquei acabrunhado, com tanta leitura
nunca lancei mão de tal vocábulo, nem nunca vi alguém lançar, exceto Lula.
A palavra retrata algo muito comum nos últimos tempos, no meio
político-administrativo. Os léxicos apontam na mesma direção: algum negócio que
envolva fraude, roubo, corrupção, sacanagem; algo ilícito, safado, de má fé,
que tenha a intenção de beneficiar poucos e ferrar muitos outros,
principalmente as ilicitudes praticadas no âmbito político-administrativo.
Realmente, Lula podia não ser uma pessoa de muita leitura, mas trouxe ao
mundo político uma palavra cujo significado entendia bem: maracutaia.
Título e Texto: Pedro Frederico
Caldas, 19-2-2019
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