Um novo estudo sugere que o vírus que
origina a doença Covid-19 pode permanecer 72 horas em superfícies como plástico
ou aço, além de sobreviver em gotículas até três horas.
Ana Cristina Marques
Nesta fase do campeonato já se
sabe que é possível ficar infetado quando em contacto com superfícies
contaminadas, mas só agora se começa a perceber durante quanto tempo o novo
coronavírus consegue sobreviver fora do corpo humano.
Um novo estudo — publicado esta terça-feira no New England Journal
of Medicine — sugere que o vírus que origina a Covid-19 consegue sobreviver
até três dias em algumas superfícies, como plástico ou aço, mas o
risco de as pessoas ficarem infetadas ao tocar nestes materiais continua a ser
baixo, escreve o The New York Times. Se o vírus sobrevive
cerca de 72 horas no plástico e no aço, o mesmo não se pode dizer em
relação ao cobre, material que limita a sua existência a um período de quatro
horas.
Os dados reunidos pelos
investigadores resultam de experiências envolvendo dois vírus (SARS-CoV-2 e
SARS-CoV-1 — o primeiro diz respeito ao vírus que dá origem à doença Covid-19 e
o segundo é o seu “primo”, que entre 2002 e 2003 infetou 5.237 pessoas em território continental chinês)
em cinco ambientes diferentes: aerossóis, plástico, aço inoxidável, cobre e
cartão/papelão. Ambos os vírus foram aplicados às diferentes superfícies e
mantidos a uma temperatura entre 21 e 23ºC, com 40% de humidade, durante sete
dias.
O estudo sugere também que o
vírus se desintegra ao longo de um dia em cartão, o que se traduz
em boas notícias para quem, por estes dias, está em quarentena e com vontade de
encomendar comida e objetos diversos via e-commerce. Tal não é válido caso a
pessoa que está a entregar a encomenda espirre ou tussa para cima das caixas a
receber (o mesmo se verifica caso as mãos deste estejam contaminadas). Na via
das dúvidas, a recomendação passa por desinfetar as embalagens.
Mais relevante será a
quantidade de tempo que o vírus sobrevive no ar. Segundo os investigadores, o
vírus é capaz de sobreviver em gotículas até três horas após terem
sido tossidas para o ar — as gotículas com uma dimensão inferior a 5
micrômetros, esclarece a BBC, podem permanecer durante várias horas
no ar sem circulação. Esta é uma ideia que contrasta com a posição da
Organização Mundial de Saúde, que continua a assegurar que o vírus não é
transmissível pelo ar.
O vírus não permanece no ar em
níveis elevados capazes de pôr em risco as pessoas que não estão fisicamente
perto de alguém infetado, continua o NYT, jornal que esclarece que os
procedimentos usados pelos profissionais de saúde quando a tratar de pacientes
infetados — como, por exemplo, entubar alguém com uma pneumonia diagnosticada —
podem gerar aerossóis. A isso acresce outro argumento sugerido no estudo: os
profissionais de saúde podem ficar com gotículas no equipamento de proteção, na
sequência de tratamentos a pessoas infetadas, as quais ficam uma vez mais
suspensas no ar quando o equipamento em questão é retirado.
Segundo os autores do estudo,
a habilidade do vírus perdurar tanto tempo acresce para a importância da
higiene das mãos e da limpeza de superfícies, sem nunca esquecer as normas de
etiqueta social.
Título e Texto: Ana
Cristina Marques, Observador,
18-3-2020, 16h13
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