terça-feira, 7 de abril de 2020

Deserto, Centro do Rio tem cenário de cidade-fantasma e relatos de violência

Raphael Fernandes


Todos sabem que o Rio de Janeiro tem seus problemas. O apelido de “Cidade Maravilhosa”, que ressalta as belezas naturais locais (que, sim, existem e são relevantes) e a alegria do povo carioca, por vezes camufla a sensação de insegurança que assombra o município há tempos.

E nesse período de quarentena que estamos vivendo, as ruas da cidade, sempre tão cheias de pessoas circulando durante o dia, têm ficado vazias, quase desertas. Uma situação muito diferente do que estamos acostumados a ver e consequentemente propícia à violência.

No Centro do Rio, especificamente falando, o cenário é desolador. As inúmeras lojas de vários segmentos do comércio presentes na região estão majoritariamente fechadas. Não é exagero dizer que o local, como um todo, tem lembrado uma cidade-fantasma.

E isso, é claro, gera uma enorme preocupação em quem ainda precisa estar indo ao trabalho.

Segundo o DIÁRIO DO RIO apurou, há relatos de moradores de rua, munidos de facões, estão tentando assaltar quem ainda se aventura (ou necessita) a andar pela região.

Nathalia Costa, que trabalha num edifício comercial próximo ao Theatro Municipal, tem trabalhado de home office, mas precisou ir presencialmente ao local na última sexta-feira (3/4) e ficou assustada com o que viu.


“Sensação de insegurança total. Além de estar praticamente deserto, não tinha nenhum policiamento por perto. Não dá para arriscar de ficar andando”, lamentou Nathalia.

Um colega de trabalho dela, que preferiu não se identificar, disse morar há cerca de dez minutos dali e que o trajeto que sempre fez a pé agora se tornou inviável, devido à enorme possibilidade de assaltos.

“Estou vindo de Uber e saltando exatamente na porta. Até se viesse de metrô, para andar até aqui, seria arriscado”, disse ele.

Mais moradores de rua em meio a um Centro deserto, dessa vez em trecho da Avenida Presidente Antônio Carlos

Ainda na região da Cinelândia, a famosa Banca do André, localizada na esquina da Rua Pedro Lessa com Avenida Rio Branco e que antes da pandemia havia se tornado point de happy hour entre os trabalhadores da região, divulgou em suas redes sociais, na última quinta-feira (2/4), que sofreu um arrombamento, na madrugada do dia anterior.


Segundo a publicação, alguns produtos foram levados e outras três bancas de jornal do Centro do Rio também foram furtadas.

Banca do André no dia seguinte ao arrombamento, agora com tapumes para evitar novas tentativas de furto 

Com policiamento, Zona Portuária tem cenário mais seguro

Se na região central “oficial” da cidade o cenário é preocupante, na Zona Portuária, que também faz parte do Centro, o ambiente é diferente.

Uma fonte do DIÁRIO DO RIO esteve no local no último sábado (4/4) e, diferentemente do “abandono” na Cinelândia e adjacências, no Porto Maravilha não há sensação de insegurança, pelo contrário.

Em frente ao Píer Mauá, foram vistas viaturas tanto da Polícia Militar quanto da Guarda Municipal.

Viaturas da PM e da GM em frente ao Píer Mauá, foto: Tarcízio Brasil
Bem perto dali, na região do AquaRio, também havia viaturas circulando.

Viaturas da Polícia Militar circulando próximo ao AquaRio, foto: Tarcízio Brasil
“Minha área de atuação é essa aqui [Zona Portuária], então não sei responder como está a questão das rondas pela Cinelândia, mas acredito que aqui esteja havendo mais circulação de policiamento por ser uma área teoricamente mais procurada por turistas do que lá”, disse um policial militar que não quis se identificar ao ser questionado sobre o assunto.

Policiais militares e um guarda municipal na região da Zona Portuária, foto: Tarcízio Brasil
Vale lembrar que, devido à Copa do Mundo, em 2014, e, principalmente, às Olimpíadas, em 2016, o Centro do Rio de Janeiro passou por um enorme processo de revitalização, especialmente a Zona Portuária, que passou a ser a região turística tida como “menina dos olhos” da cidade.
Título e Texto: Raphael Fernandes, Diário do Rio, 7-4-2020

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