terça-feira, 5 de outubro de 2010

Deixe a glória para os outros

Caminho de Glória; www.earth.too.it

Richard Carlson
Algo mágico acontece ao espírito humano, uma sensação de calma nos invade, quando não mais precisamos de toda a atenção voltada para nós e conseguimos deixar a glória para os outros.
Nossa necessidade de excessiva atenção provém do nosso egocentrismo que nos diz: “Olhe para mim. Sou especial. Minha história é mais interessante que a sua.”  É essa voz interior que talvez não saia e diga isso, às claras, mas quer que acreditemos que “minhas realizações são ligeiramente mais importantes que as suas”. O ego é aquela parte de nós que quer ser vista, ouvida, respeitada, considerada especial, frequentemente à custa de alguém. É aquela parte de nós que interrompe a história que alguém está contando, ou impacientemente espera a sua vez de falar para que a conversa e a atenção voltem a girar em torno de nós. Em graus diferentes, quase todos temos este hábito, o que não nos engrandece em nada. Quando você mergulha e recupera a conversa para os seus domínios, diminui sutilmente a alegria que se tem ao partilhar, e ao fazê-lo, aumenta a distância entre você e os outros. Todo o mundo perde.

Da próxima vez que alguém lhe contar uma história ou dividir uma realização com você, perceba sua tendência de contar algo a seu próprio respeito, como resposta.
Embora seja um hábito difícil de romper, não só é altamente satisfatório, mas apaziguador, quando nos sentimos capazes de ter a calma confiança de abdicar da necessidade de atenção e, para variar, aproveitar a alegria que existe na glória do outro. Em vez de correr para dizer “Eu também fiz isso!” ou “Adivinhe o que fiz hoje?”, morda a sua língua e observe o que acontece. Diga apenas “Que maravilha!”, ou “Conte mais”, e nada além.  A pessoa com quem você está falando terá muito mais prazer e, porque você está muito mais “presente”, porque está ouvindo com tanta atenção, ele ou ela não se sentirá competindo com você. O resultado será que esta pessoa se sentirá mais relaxada quando você estiver por perto, fazendo com que ele ou ela se torne mais confiante e mais interessante. Você, também , por sua vez, se sentirá mais relaxado porque não estará permanentemente na ponta da cadeira, aguardando a sua vez.
É claro que existem ocasiões em que é absolutamente apropriado trocar experiências, e dividir a glória e a atenção, ao invés de doá-la ao outro. O que estou tratando aqui, é da necessidade compulsiva de arrancá-la dos outros. Ironicamente, quando você abre mão da compulsão de glória, a atenção que costumava extrair das pessoas é substituída por uma confiança interior que deriva da permissão dada aos outros para aproveitá-la plenamente.
Richard Carlson, in "Não faça tempestade em copo d'água...", página 39.
Digitado por JP

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