Segundo anunciado, serão hoje conhecidos os termos do acordo de assistência financeira internacional. Adivinhamo-los severos. Quer pela dramática situação em que vivemos, quer pela triste imagem de irresponsabilidade que garbosamente exibimos nestas três semanas de “negociações” simbolizada no eclipse do Ministro das Finanças.
Os elementos da “troika” conheceram um País que vive num mundo virtual. Viram e ouviram todas as mentiras e todos os ludíbrios. Perceberam a razão de ser das obscenas taxas de crescimento que exibimos. Percepcionaram os nossos atavismos. Observaram-nos de cartão de crédito em punho e de conta a descoberto no banco. Estado, empresas e famílias.
Esclareça-se que, até há meses atrás, nos asseguraram vivermos tempos de abundância, de educação e saúde gratuitas, de reformas seguras e precoces. Prometeram-nos um futuro de “Magalhães”, de aeroportos, de alta velocidade, enfim, de modernidade, de excelência, de riqueza e de fartura. Quando alguém denunciou que o “rei ia nu” foi apodado de catastrofista e esconjurado. Em poucos dias o futuro reluzente transformou-se num presente de pânico. Afinal não havia dinheiro. Nem nos cofres do Estado, nem nas caixas dos bancos. Os salários estiveram em risco. A bancarrota esteve iminente.
Se depois de tudo isto, do despudor com que o País foi conduzido por Sócrates e pela sua corte, dos silêncios comprometidos de uns e das inimagináveis aleivosias de outros - de quem se esperava, no mínimo, um higiénico distanciamento -, ocorrer um qualquer resultado que não traduza o esmagamento eleitoral desta gente, estaremos perante uma patologia de inusitada gravidade. E, nessa situação, não há medicamento que nos salve. Estamos condenados a viver de um magro óbolo que alguém nos queira disponibilizar a troco do único bem difuso que ainda nos resta: a nossa já diminuída independência.
José Luís Seixas, Destak, 04-05-2011
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