sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Dialética da desconstrução


Desconstrução
Rua Augusta - São Paulo - Brasil
Foto: Diet Munhoz. Esta foto foi tirada em 17 de julho de 2011 usando uma Sony DSC-W290.

Valfrido M. Chaves

Desorganizai tudo que existe de bom no país inimigo. Tentai envolver as mais altas esferas dirigentes, em empreendimentos criminosos, comprometendo-lhes as posições. Isso feito, conforme a oportunidade, dai publicidade às suas prevaricações. Entrai, igualmente, em contato com os indivíduos mais baixos e perigosos. Molestai, por todos os meios e modos, a ação do governo; promovei discussões e discórdias entre os cidadãos. Lançai os velhos contra os jovens. Perturbai o abastecimento e o aprovisionamento das Forças Armadas”.
Mao Tsé Tung

Em tempos de bruxas e paranóias, da enlutada Noruega aos Ministérios brasileiros onde tardia degola engatinha, com rabos e ratos se fazendo de desentendidos, pois todo o mundo era santo desde o Tratado de Tordesilhas, peço vênia ao leitor para indagar-lhe se conhece alguma República ou país hermano onde as lições de Mao parecem exemplarmente levadas à prática visando a dissolução de suas instituições. Os fatos até nos remetem a Spinoza (1927): “À medida que as gerações passam, vão-se tornando piores. Tempo virá em que se mostrarão tão perversas que passarão a adorar o poder; o poder será para elas o direito, e a reverência ao bem deixará de existir. Finalmente, quando nenhum homem se mostrar mais irado perante as más ações ou não se sentir mais envergonhado na presença do miserável, Zeus também as destruirá. E, não obstante, mesmo assim alguma coisa deveria ser feita, ainda que fosse a sublevação dos humildes para derrubar os governantes que os oprimem”.

Isso posto, leitor, indagaríamos não ser delírio ver entre nós uma lógica maoísta de fatos e ações no sentido da desconstrução das estruturas pessoais e coletivas que mantêm qualquer tribo, feudo ou nação integrados. Pior: grande parte dos fatos desestruturantes emana, direta ou indiretamente, do poder estatal vigente, quase sempre sob o manto adocicado de discursos politicamente corretos. Citaríamos aqui a inocente publicação do Ministério da Educação onde corrigir “nós vai” seria uma expressão de “preconceito linguístico”; também a fala de elevado membro do MPF, em nossa Assembléia, afirmando diante de 200 pessoas, inclusive indígenas, que “ retomada não é invasão”, quando realizada por índios. Lição bem dada e melhor ouvida, pois, uma semana após, detona-se o terror em Japorã. Todos guardam quando o Presidente de país hermano antecipa-se ao seu STF afirmando que “Mensalão não existiu, foi um golpe das elites preconceituosas contra mim”. Ou quando, no infeliz PNDH-3, que o presidente assinou mas não leu, e a presidente atual rubricou mas não assinou, determinava que um proprietário invadido só poderia buscar a sua reintegração de posse após discutir, com o invasor, os direitos humanos deste. Outra pérola, o presidente da Funai vir a Campo Grande afirmar que a questão indígena não se resolve por causa da “judicialização”, ou seja, porque o proprietário turrão, impatrioticamente, entra na Justiça em busca de seus direitos. E a cortesia com chapéu alheio de membro de MPF de país hermano, afirmar que, na questão indígena, o fazendeiro teria que ter mais sensibilidade para com o índio e ceder. Como pérola entre pérolas de desconstrução anti-civilizatória e antidemocrática, interpreto ser a prática dogmática e estereotipada de membros do MPF, pela qual inexiste a figura de restituição de posse pelo legítimo proprietário, de qualquer área invadida por índios. Sim, pois, religiosamente, a restituição de posse é contestada pelo MPF. Noutros termos, a violação de direitos constitucionais de uns, quando promovida por grupos indígenas, ganha um “salto dialético-qualitativo” e passa a ser fundante de direitos fantasmáticos. Desconstrutora, diabólica, ainda, leitor, é essa “práxis dialética”, enquanto lição pedagógica para a promoção da falta de limites e desrespeito aos direitos alheios. Não sei se compartilho uma visão arcaica, o que nos remete a certa jocosidade: antigamente fumar era bonito, motivo de orgulho, enquanto “tal coisa” era feio. Hoje fumar é feio e “tal coisa” é bonito. Integrar a Nação já foi bonito, vide Marechal Rondon, exemplo também pessoal de miscigenação e integração étnico- cultural. Coisa antiga e ultrapassada pela “práxis da desconstrução”, não? Hoje é feio.
Título e Texto: Valfrido M. Chaves – Um brasileiro ultrapassado, 05-08-2011

RATOS
Desconheço a autoria do vídeo
Edição: JP

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