A influência social da
internet e o enorme impacto político das tecnologias da comunicação é tema de
grandes debates. Maravi-lhamo-nos justamente pelas potencialidades e
impressionantes mudanças. Mas tudo isso só é significativo quando esses
instrumentos são usados para construir. Só que a maioria dos exemplos de poder
do SMS, Facebook e afins é arrasadora.
O primeiro grande efeito
político instantâneo da comunicação de massas foi a reviravolta nas eleições
espanholas de 2004, onde o Governo, favorito nas sondagens, acabou derrotado.
Depois, da «primavera árabe» de 2010 aos motins gregos de hoje, trata-se sempre
de derrubar algo. Mesmo em casos positivos, como o fenómeno Obama de 2008,
existe um dominante repúdio do antecessor, como o próprio eleito notou, ao ver
os mesmos instrumentos usados contra si depois da posse.
A força é sempre uma coisa
impressionante. Mas uma explosão devastadora não se compara com o nascimento de
uma criança ou o germinar de uma planta. Destruir e derrubar pode ser
necessário, mas nunca tem o valor de edificar ou criar. A importância da
internet está menos na sua semelhança com um vulcão ou terramoto que no paralelo
com um prado ou floresta.
Um tempo rebelde, que gosta de
tumultos, mudanças e punição de responsáveis, vê a dimensão das rebeliões como
um ganho. Mas se o interesse da tecnologia estivesse aí, o progresso
conduzir-nos-ia à Idade das Trevas. O valor político da internet está em criar
consensos, promover reformas, dinamizar projectos. Isso não suscita interesse
dos especialistas.
Título e Texto: João César das
Neves, Destak, 15-03-2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-