Isabel Stilwell
Em vésperas de greve geral, o
Governo anunciou ao país que vai dar borlas aos desempregados que queiram
visitar museus, e descontos que nalguns casos chegam aos 50%, se pretenderem
assistir a uma peça de teatro ver um bailado, ou assistir a uma ópera. O número
de vagas para a malta sem emprego é determinado por cada organismo, e o sujeito
em busca de ocupação terá de apresentar papel comprovativo da sua situação de
indigência forçada. A nota da secretaria de Estado da Cultura não esclarece se
a caridade se estende a horários mais procurados ou se limita às matinés, e aos
dias de semana.
A boa nova, que deprimiu
certamente ainda mais o espírito de quem se vê privado de trabalho, mas encheu
de ânimo os falsificadores de papelada e apaixonados de esquemas, foi anunciada
com a melhor das boas intenções: é preciso que a falta de pão, não condicione o
acesso aos brioches, mais coisa, menos coisa, foi esta a mensagem que passou,
inspirada certamente em Marie Antoinette.
Os mais cépticos, imaginam que
se trata de uma medida encapotada de recolha de fundos, já que infelizmente
muitos destas instituições têm gigantescos buracos financeiros. O raciocínio
seria qualquer coisa como “se pelo menos os desempregados lá forem pagar 50% do
ingresso, sempre se vai capitalizando qualquer coisinha”. E como o desemprego
cresce a olhos vistos, é sem dúvida nenhuma um novo nicho de mercado.
Os outros indignaram-se, com a
falta de sensibilidade e de gosto da medida. Dar ideias, por muito eruditas que
sejam, de como os desempregados devem gastar o seu tempo livre, é pôr o dedo na
ferida que mais dói. Teria sido mais motivador, e mais perto da verdade, apelar
a que acorres- sem ao S. João a dar palmas a um actor em risco de perder o
emprego, ou ao S. Carlos salvar a carreira de uma bailarina. Além de tudo foi
falta de visão: se procuravam popularidade dessem descontos para o futebol ou
convites para a Noite do Futrebol.
Título e Texto: Isabel
Stilwell, Destak, 20-03-2012
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