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Outubro de 1982, foto: Ricardo Chaves |
Cesar Maia
1. Na eleição para governador do Estado do Rio de 1982, a
consultoria responsável pelo processamento dos votos, Proconsult, ao meio de
uma enorme polêmica sobre a fidelidade da apuração, destacou seu principal
técnico para explicar. Este desenhou uma equação em que procurava demonstrar
porque as pesquisas estavam equivocadas e o candidato do PDS, Moreira Franco, venceria
o candidato do PDT, Leonel Brizola.
2. Afirmava ele, e escrevia sua demonstração, que as pesquisas não
levavam em conta o fato que a vinculação total do voto levava o eleitor de
Brizola, em geral de menor instrução, a errar um dos votos, ao escrever seu
voto na cédula. Com isso, o voto todo seria anulado, conforme a lei
determinava.
3. As pesquisas não poderiam pré-identificar isso. E ele escrevia
no papel a expressão: DELTA DIFERENCIAL. Ou seja, DELTA seria a diferença a
menor para Brizola e a maior para o total dos nulos. E por essa razão ganhava
Moreira.
4. A rádio JB (Procópio Mineiro...) apurava o que podia e, mesmo
sem poder concluir todos os votos, interrompeu a apuração e projetou que
Brizola venceria. Mas o assessor de apuração do PDT, Cesar Maia, havia
recolhido todos os boletins e seu processamento dos votos, apenas um pouco mais
atrasado que a Proconsul, demonstrava com provas documentais que o DELTA
DIFERENCIAL era apenas uma hipótese, mas que não estava ocorrendo.
5. Na verdade, o que ocorria era uma fraude. O "diferencial
delta" era um desvio incluído no software, que ia transferindo votos
válidos para nulos e, com isso, reduzindo a votação de Brizola e produzindo a
vitória do candidato do PDS.
6. Ao meio da confusão e da polêmica, o presidente do TRE convocou
as partes e perguntou o que diziam a respeito. Cesar Maia respondeu mansamente:
“O PDT quer apenas a cópia das listagens da Proconsult, urna a urna, pois
estamos processando tudo, boletim a boletim”. O ex-coronel responsável pelo CPD
(centro de processamento de dados) de forma cortante disse: “Então começa tudo
de novo.”. O Presidente do TRE colocou a mão na cabeça e disse: “Meu Deus!”. A
foto desse momento foi colhida pela imprensa que estava do lado de fora do
pleno.
7. Nessa mesma eleição de 1982 o processamento do PDT demonstrou
que pelo menos uma deputada havia tido seus votos subtraídos pelo sistema. O
TRE acatou e lhe deu o mandato.
8. Trinta anos depois a memória desses fatos se faz necessária,
pois essa fraude abriria um forte golpe no processo de democratização. Poucos
anos depois, Brizola pediu que Cesar Maia assessorasse a deputada Erundina na
apuração para prefeito de SP. Outra vez se evitou uma fraude e o coordenador da
campanha de Maluf registrou isso na entrada da TV BAND. Erundina, entrevistada
por Jô Soares, foi acompanhada por Cesar Maia para qualquer dúvida a respeito.
9. Nos estudos realizados, em série anterior, para a eleição de
Erundina, Cesar Maia deduziu que o "diferencial delta" já havia sido
usado antes e pelo menos na derrota de FHC para Jânio.
10. A escolha por parte de uma empresa atual do nome DELTA e os
fatos das relações com Cachoeira divulgados, mostram que junto a DELTA,
continua a existir um DIFERENCIAL. Coincidência ou ato falho?
Ex-Blog do Cesar Maia,
17-04-2012
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