Quem trabalhou no 1º Maio vai
ser remunerado a 500%, um valor acima do previsto no contrato coletivo de
trabalho
Clara Teixeira
Os funcionários das lojas
Pingo Doce que trabalharam no feriado do dia 1 de maio serão pagos a 500%,
apurou a VISÃO junto de fonte sindical. Está ainda por esclarecer se esse
pagamento extraordinário será integralmente feito em dinheiro ou se inclui uma
parte em tempo de descanso, como previsto no contrato coletivo de trabalho do
grupo Jerónimo Martins, proprietário da marca.
A decisão, comunicada na
passada sexta-feira através de uma circular enviada às lojas, assinada pelo
administrador Pedro Soares dos Santos, destina-se a compensar o
"extraordinário trabalho" das equipas operacionais. A administração
reconhece, assim, que os funcionários foram sujeitos a um volume anormal de
trabalho no dia 1 de maio quando, sem aviso prévio, as lojas Pingo Doce
ofereceram um desconto de 50% sobre as faturas de compras de valor superior a
100 euros. A ação de promoção resultou numa corrida às lojas que, em alguns
casos, registaram uma afluência cinco vezes superior ao normal para um dia
feriado. Ao longo do dia, formaram-se longas filas de pessoas à entrada das
lojas e junto às caixas de pagamento, com tempos de espera de 3 e 4 horas.
Nalguns estabelecimentos, registaram-se inclusive incidentes que exigiram a
intervenção das forças policiais.
A ação da Jerónimo Martins
dividiu o país e a classe política em particular, com os partidos de esquerda a
condenar a iniciativa de descontos no mesmo dia em que se comemorava o Dia do
Trabalhador. Já os produtores e fornecedores da grande distribuição, que há
muito se queixam do esmagamento das suas margens comerciais, viram as suas reclamações
acolhidas pela ministra da Agricultura, Assunção Cristas, que em declarações ao
Expresso prometeu legislar no sentido de pôr fim a este tipo de "situações
inadmissíveis". (?!)
Além do pagamento a 500%, os
trabalhadores do Pingo Doce que estiveram ao serviço, ou em gozo de folga, no
passado dia 1, podem, até final da semana, fazer as suas compras nas lojas do
grupo beneficiando de um desconto de 50%, em tudo idêntico ao que os clientes
usufruíram no feriado. Apenas os que fizeram greve – convocada pelo Sindicato
dos Trabalhadores do Comércio (CESP), afeto à CGTP –, como forma de protesto
contra a abertura das lojas no Dia do Trabalhador –, estão excluídos dessa
iniciativa. A direção do CESP condenou já a decisão da administração da
Jerónimo Martins, considerando que "o direito à greve" dos
trabalhadores está a ser posto em causa. Aquela estrutura sindical vai também
enviar uma participação à Autoridade das Condições do Trabalho (ACT) sobre os
acontecimentos do passado dia 1.
No ano passado, foi primeira
vez que as lojas da cadeia Pingo Doce abriram portas ao público no 1º de Maio,
assim como o concorrente Continente, ignorando as fortes críticas dos
sindicatos. Os funcionários foram compensados acima do acordado no contrato
coletivo de trabalho, com o pagamento extraordinário a 300 por cento, com
direito a uma folga, em vez dos normais 200% acrescidos de uma folga.
A Jerónimo Martins já
confirmou esta notícia, não fazendo, porém, qualquer outro comentário.
Titulo e Texto: Clara Teixeira, Visão,
07-05-2012
Relacionados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-