segunda-feira, 11 de junho de 2012

Numa noite de chuva fria

Foto: AD
Carlos Lúcio Gontijo
Os responsáveis pela estruturação do ensino brasileiro andam analisando o avanço da educação pelo número de escolas e universidades, sem qualquer preocupação com a qualidade, tanto em relação ao conteúdo quanto aos próprios professores, que na maioria dos casos são avessos até mesmo à propagação do gosto pela leitura, uma vez que não leem qualquer livro fora das obras técnicas que os capacitam a lecionar determinada matéria.

Erroneamente, nossas escolas de grau fundamental e médio colocam o ensino como ferramenta para o sucesso, quando na verdade a educação deve ter como meta a difusão de conhecimento e a consequente preparação do aluno para a cidadania, para uma vida digna, dentro dos preceitos do amor e respeito pelo próximo, independentemente do caminho que ele escolher, quebrando o círculo vicioso da violência desmedida e do consumismo desenfreado, desprovido da indispensável responsabilidade no tocante às gerações futuras.

Já dissemos em outros artigos, numa intencional repetição, que aqui em Santo Antônio do Monte, cidade do centro-oeste de Minas Gerais onde hoje moramos, deparamo-nos com a surpresa de encontrar nessa terra de Bueno de Rivera, certamente um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos, jovem empresário com o ensino médio completo, mas que nunca leu um livro e nem ouviu falar da existência do aplaudido intelectual do mundo das letras, com o agravante de revelar que sequer sabia que a biblioteca municipal leva o nome do grande autor.

No dia 8 de junho deste ano de 2012, lançamos o romance “Quando a vez é do mar” em Santo Antônio do Monte, no belo espaço que nos foi cedido pela Loja Maçônica Monte das Acácias, graças à interseção do maçom Juslei do Couto, contando com o comparecimento de um grupo de pessoas que ainda se permitem guiar pela sensibilidade. À primeira vista, pode parecer que o desprezo ou menosprezo, como queiram, pela literatura não tem a menor importância. Contudo, está aí a razão de encontrarmos jovem na condição cultural daquele supracitado ou, ainda pior, assistirmos ao surgimento de uma espécie de subcultura marcada pela exaltação ao grotesco e pela ausência de disseminação de valores capazes de contribuir para a formação de um ser humano melhor.

Queremos aqui expressar nosso contentamento com a presença carinhosa das escritoras e poetisas Sônia Veneroso, presidente da Academia Santantoniense de Letras (ACADSAL), Bilá Bernardes, Rosângela Brasil (que saiu de Belo Horizonte, mesmo gripada e febril, para nos prestigiar), Clélia Souto (nossa primeira professora), Célia Rodrigues, Maria Ortélia de Castro, além dos escritores e advogados João Silva de Souza (de Belo Horizonte) e Otaviano Nestor (de Lagoa da Prata).

Enfim, o que realmente queremos é agradecer a companhia calorosa de todos os que optaram por atender ao nosso chamamento e não deixaram a nossa obra literária, construída no decorrer dos últimos 35 anos, experimentar a decepção de ficar completa e insensivelmente abandonada numa noite de chuva fria.
Título e Texto: Carlos Lúcio Gontijo, poeta, escritor e jornalista

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