Cultura é mesmo o “patinho
feio”, títere nas mãos de governantes que sequer se nos apresentam com alguma
tendência circense, o que não os impede de brincar com os poetas, escritores e
demais segmentos da área artística, que optam – para não perecer – pela
produção independente.
Muitos foram os artigos em que
tratamos do assunto “escolha de livro para as escolas”, onde um grupo de
notáveis ou coisa parecida tem o poder de levar aos alunos seus gostos
literários, que quando não são pessoais se revestem de regionalismo ou, ainda
pior, se permitem guiar pela capacidade de influência tanto de autores quanto
de editoras. Nosso amigo João Guerra, autor do livro “Na Antessala do Poder”,
infelizmente assassinado há alguns anos, chegou a nos relatar fatos inomináveis
no mundo da compra de livros destinados ao sistema escolar brasileiro.
Dizia-nos ele, que por várias vezes assistiu à retirada de caminhão cheio de
livros destinados ao lixo, com o objetivo de alojar um novo carregamento.
Ainda assim estamos decididos
a editar dois novos títulos este ano, apesar de todos os pesares e
dificuldades, situando entre eles a farsa e a mentira de existência de política
cultural no Brasil, proclamada por gente de alta plumagem do mundo intelectual,
entregue e remunerado pelos cofres públicos, cada vez mais regidos por um
elevado aparato burocrático, que serve apenas para passar o sinal de aparente
legalidade.
Não é fácil construir carreira
independente no âmbito da literatura, pois a ignorância de parte significativa
da população não a vê com bons olhos, uma vez que coloca a arte literária no
mesmo patamar do que se exige de qualquer produto. Ou seja, só é bom o que
vende muito, o que faz estrondoso sucesso, quando a realidade construída pela
palavra escrita nos conduz ao fenômeno de que nem tudo o que se propaga como
literatura de excelência é detentor do valor proclamado.
Aliás, as escolas brasileiras
perderam o rumo e andam se enveredando para a implantação de uma didática em
que a promessa é direcionar o aluno ao sucesso e à plena realização material,
ao passo que o que se deve indicar a todo cidadão é a busca por ser bem-sucedido
no que faz ou no que fizer no futuro com o conhecimento adquirido nos bancos
escolares – o que, convenhamos, não tem nada a ver com sucesso e fama.
Destarte, para não cairmos em
delongas desnecessárias, tomamos a liberdade de abaixo deixar um e-mail que nos
foi enviado pelo professor Antônio Sancho Gimenez Macedo, no qual o desprezo, a
embromação e o descompromisso com a cultura brasileira ficam-nos claramente
estampados, servindo-nos de grito de alerta contra o descalabro patrocinado por
iluminadas mentes burocráticas prodigiosas.
“Sou professor de Língua Portuguesa de uma escola municipal de Ipaussu-SP, que possui uma biblioteca precária com poucos títulos e bem antigos para os alunos do ensino fundamental I e II. Desta forma, dependemos de licitações para qualquer compra de livros, sem poder escolhê-los. Mas como professor, valorizo muito a biblioteca e a leitura como maior meio do aprendizado. É difícil despertar o gosto pela leitura em uma criança e/ou adolescente com livros cuja linguagem e temas não lhes interessam ou são muito fora de sua realidade.
“Sou professor de Língua Portuguesa de uma escola municipal de Ipaussu-SP, que possui uma biblioteca precária com poucos títulos e bem antigos para os alunos do ensino fundamental I e II. Desta forma, dependemos de licitações para qualquer compra de livros, sem poder escolhê-los. Mas como professor, valorizo muito a biblioteca e a leitura como maior meio do aprendizado. É difícil despertar o gosto pela leitura em uma criança e/ou adolescente com livros cuja linguagem e temas não lhes interessam ou são muito fora de sua realidade.
Gostaríamos de poder contar
com sua colaboração, Carlos Lúcio Gontijo, doando pelo menos UM LIVRO de sua
autoria para compor este novo “acervo”. E se não for pedir demais, gostaríamos
também de uma FOTO AUTOGRAFADA, pois vamos produzir um painel em homenagem aos
autores colaboradores. E você não pode faltar nele!
Apenas para sua ciência, eis
alguns autores que já confirmaram: Paula
Pimenta, Márcia Kupstas, Domingos Pellegrini, Maria Tereza Maldonado, Daniel
Galera, Antonio Prata, Lia Zatz, Cristóvão Tezza, Raimundo Carrero, Jonas
Ribeiro, Laerte, Wagner Costa, Sérgio Tavares, Silvana Tavano, Henrique
Rodrigues, Ricardo Ragazzo, Marcos Bulzara, Regina Drummond, Douglas Tufano,
Fávio Torres, Kalunga, Caio Riter, Felipe Cerquize, Ivana Arruda Leite e
muitos outros que não me recordo agora.
Enfim, gostaria de te
agradecer pela atenção e caso possa nos enviar livro(s), meus alunos
agradecem!”
Então, sem nos fazermos de
rogados, pois os pequenos escribas como nós são abençoados pelo dom de detectar
alguma grandeza em ser do tamanho que somos, enviamos os livros solicitados e
acompanhados por corajosa ênfase e denúncia sobre uma situação amplamente
anômala no fantástico mundo da produção literária.
Título e Texto: Carlos Lúcio Gontijo, Poeta, escritor e jornalista, Secretário
de Cultura de Santo Antônio do Monte
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