João Bosco Leal
Depois de alguns meses sem escrever, encontrei um motivo para recomeçar. Uma visita a um amigo de longa data me fez refletir sobre nossas atitudes durante a vida.
Depois de alguns meses sem escrever, encontrei um motivo para recomeçar. Uma visita a um amigo de longa data me fez refletir sobre nossas atitudes durante a vida.
Extremamente educado, trabalhador, bom pai e
marido, sempre zelou por seu comportamento ético e moral em sua profissão, seus
negócios e diante de toda a sociedade, tanto que minha visita tinha como
finalidade, além de revê-lo, de me aconselhar comercialmente com o mesmo.
Como não conversávamos em particular há tempos,
ouvi uma história de dificuldades financeiras, causadas por um contrato assinado
com um banco - onde as entrelinhas diziam coisas diferentes do que entendera -,
e o prejudicara muito, fazendo com que tivesse de se desfazer de vários bens
adquiridos com sacrifício durante décadas, para honrar seus compromissos
comerciais.
Antes de chegar a esse ponto, quando percebeu a
dificuldade que o contrato o levaria, contou que procurou o banco na tentativa
de realizar algum tipo de negociação que lhe permitisse saldar seu compromisso
com maior prazo, pagando os juros e dando garantias, mas sem a necessidade de se
desfazer de patrimônio.
Tendo suas solicitações negadas, perguntou ao
gerente se sua história como cliente durante todo aquele tempo de nada valia, e
ouviu que, para o banco, histórias comportamentais não existiam e o que
importava era o “de agora em diante”.
Na conversa pude perceber o quanto essas palavras
surpreenderam aquele homem que, por sempre ter sido honesto, esperava que isso
de algo lhe valesse em um momento de dificuldade. Era inacreditável para ele que
naquele momento fosse tratado por um gerente e um banco que o conheciam há
décadas, em igualdade de condições dos que sempre foram desonestos.
Após ouvir seu relato, pensei em como o mundo tem
sido cruel com os homens de bem. A concessão de crédito no sistema bancário ou
no comércio trata todos os tomadores de empréstimos como maus pagadores e, pelo
risco de não receberem, cobram de todos os juros que todos conhecem. Com a
informatização, todos eles possuem acesso às listas dos maus pagadores e
recentemente também dos bons, mas os juros cobrados são os mesmos.
Sempre soube que um mau negócio poderia levar o
mais poderoso dos homens a enfrentar enormes dificuldades ou mesmo liquidá-lo
financeiramente, mas durante a vida observei que os que passam por dificuldades
sem se distanciar da honestidade, conseguem se reerguer, e normalmente, agora em
bases mais sólidas.
Entretanto, com esse comportamento, os banqueiros
e comerciantes estão destruindo exatamente aqueles para quem poderiam conceder
crédito com riscos muito menores, criando, para eles mesmos, maiores
dificuldades futuras.
Mas não são somente os banqueiros e comerciantes
que poderão determinar o futuro de alguém que em determinado momento realizou um
mau negócio. Outras pessoas, entidades, empresas e organizações continuam
buscando caráter e honestidade em seus pares.
Creio, sinceramente, que os maiores bens a serem
buscados não são os financeiros e materiais, mas a dignidade e a honra.
Um grande homem não é o que consegue derrubar
os outros, mas o que, a cada queda, se levanta sabendo mais.
Título, Imagem e Texto: João Bosco Leal, Jornalista e empresário
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