1. O Banco de Portugal divulgou hoje o seu Boletim Económico de Inverno, com melhorias
da actividade económica tanto na estimativa para 2013 como sobretudo nas
projecções para 2014 e 2015.
2. Para 2013, a estimativa
continua a ser de queda do PIB, mas revista em baixa, de -2% na versão do Verão
e de -1,6% na versão do Outono, para -1,5% agora.
3. Para 2014 a projecção é
agora de um crescimento do PIB de 0,8% - em linha aliás com as previsões mais
recentes do FMI - enquanto na projecção anterior (do Verão) se limitava a 0,3%.
4. Mais expressivamente, são
avançados significativos superavits para as contas com o exterior, não obstante
a retoma prevista da procura interna (cujo contributo para o crescimento do PIB
passa a ser positivo de 2014 em diante) – o saldo conjunto das Balanças Corrente
e de Capital deverá atingir 2,5% do PIB em 2013 e 3,8% em 2014, enquanto que o
saldo das Balanças de Bens e de Serviços chegará a 1,7% do PIB em 2013 e a 2,7%
em 2014.
5. Olha-se para estas
estimativas e projecções e fica-se incrédulo: então vai ser (vai sendo) mesmo
possível, com sujeição a políticas neo-liberais, a economia portuguesa
recuperar do atoleiro em que foi deixada pelas políticas parvo-keynesianas que
a conduziram até á fronteira da insolvência?
6. Convém recordar, neste
ponto, que a economia começou a afundar – com quedas trimestrais sucessivas do
nível de actividade - a partir do 2º trimestre de 2010, praticamente no auge
das políticas parvo-keynesianas, e que a recuperação foi encetada no 2º
trimestre de 2013, em pleno domínio das políticas neo-liberais...
7. Pior ainda, esta
recuperação, iniciada no 1º semestre de 2013, promete continuar e mesmo
intensificar-se em 2014 e seguintes!...
8. Tudo isto está em total
desacerto com o discurso ainda largamente dominante neste País, segundo o qual,
com políticas neo-liberais como aquela que nos tem sido imposta pelos credores
internacionais e pelos especuladores do mercado de capitais, a economia só tem
um caminho: uma recessão cada vez mais profunda (“em espiral”, diz-se a cada
passo), o País e os Portugueses cada vez mais pobres...
9. Das duas, uma: ou está
errado o discurso dominante ou está errada a realidade! Como o discurso
dominante exprime uma verdade axiomática, indiscutível, forçoso é concluir que
a realidade é que está errada!
Título e Texto: Tavares Moreira, “4R – Quarta República”, 10-12-2013
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