O companheiro-mor venezuelano,
cujo Socialismo do Século XXI encanta chefões mensaleiro-companheiros, deu uma
genial contribuição ao pensamento político latino-americano: a falta de papel
higiênico na Venezuela se deveria a que, como a população está comendo mais,
mais estaria ocupando as latrinas e, consequentemente, muito mais papel
higiênico. Daí, a crise. Aliás, o socialismo tradicionalmente teve um problema
curioso com o inocente papel: na Rússia, por sua escassez, era usado nas feiras
como valiosa moeda de troca por outros produtos também raros, no setor
alimentar.
Não sei se o papel higiênico é
freudiano, mas os delírios que o poder induz, o são. O poder, caro leitor, pela
pompa, puxa-saquismo, posse da chave dos cofres públicos, remete as pessoas
mais despreparadas ao imaginário de seus primeiros dias de vida, quando a
criança, pelos mimos necessários à sua sobrevivência, imagina-se todo-poderosa
e que o mundo existe para cultuá-la e servi-la. Essa ilusória auto-percepção,
se natural nesse período, é impactada vida afora e, quanto mais sobrevive, mais
inadequada se torna. Os ditadores, desde os familiares aos chefes de Estado,
são usuários desse “delírio de poder”. O pensamento e os regimes democráticos
pouco atendem a tais “usuários”, que muito se assemelham aos dependentes
químicos.
Já os regimes e ideologias
ditatoriais e totalitárias servem como luvas àqueles que deliram serem deuses,
donos da verdade, da moral, das almas alheias e, naturalmente, do poder que
transforma seus delírios em realidade. A realidade e a verdade pouco importam
para os personagens do palco ideológico totalitário. Vimos isso no Brasil quando
o Mensalão veio à tona, e nosso então Presidente, primeiro disse que “todo
mundo faz”; depois afirmou ter sido traído por maus companheiros e, por último,
aferrou-se à tese de que tudo no Mensalão, inclusive o seu julgamento, não
passou de uma conspiração das elites e da imprensa contra um governo popular.
Ou seja, bandido é a imprensa,
o MPF, o STF e quem mais se indigna com o maior show de corrupção de nossa
História. Deliróides somos nós que vimos a assinatura do Genoino no empréstimo
ao seu partido, não pago e não cobrado por anos a fio, até a explosão do
escândalo. Deliróides seriamos nós que não percebemos que bandido é o Supremo,
que teria cometido um “julgamento político a serviço das elites...” O punho cerrado, gesto revolucionário e provocativo ao Presidente do Supremo,
em cerimônia recente vem expressar, caro leitor, a absoluta negação da
realidade e da noção de verdade e de moral compartilhada por quantos não estão
embriagados pela ideologia que, mais uma vez, induz seus usuários ao delírio de
onipotência, como sempre se viu mundo afora e que, aqui, testemunhamos.
Quando Mao Tsé Tung acabou por
eliminar 70 milhões de chineses; Stalin metralhou 6 mil oficiais poloneses
culpados de serem católicos; nosso governo abandonou nossa segurança, portos,
estradas e saúde pública, enquanto dispunha de milhões para financiamento de
portos e verbas secretas para Cuba e outros; quando se diz que “retomada não é
invasão” para induzir indígenas ao crime, caro leitor, não estamos diante da
loucura particular de ninguém, seja esse ninguém um ditador, um presidente, um
agente do Estado brasileiro ou meliante mensaleiro pego com a boca na botija.
Todos se veem acima do bem e do mal ou do moralismo burguês que não
compreenderia a grandeza de suas ações. Essa é a cartilha, esse é um roteiro
ideológico, esse é um delírio presente em nosso meio e nefasto, sobretudo
porque tem nas mãos a chave do cofre e o fanatismo de possuídos ideológicos. Os
insultos ao STF e ao Ministro Joaquim Barbosa não nos desmentem.
Título e Texto: Valfrido M. Chaves, Psicanalista, Pós
graduado em Politica e Estratégia pela Adesg/UCDB, 11-02-2014
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