Fábio Porchat
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Fábio Porchat |
Depois do Brasil, Portugal é o
melhor lugar do mundo. Passei os últimos 30 dias da minha vida filmando Meu
Passado Me Condena 2 em terras lusitanas e me apaixonei em definitivo.
A comida portuguesa é feita com requintes de crueldade. Os pães, os queijos, os
presuntos, os frutos do mar... Tudo em Portugal é delicioso. Do restaurante
chique à tasca mais popular, é difícil achar um lugar para comer mal. Aliás, ao
contrário, para achar um péssimo restaurante, você tem que se esforçar. Marcar
um dia na agenda, pesquisar em guias turísticos, perguntar para moradores locais,
descobrir um lugarzinho megareservado e escondido e aí sim, pode ser que, quem
sabe, de repente, dependendo da sua "sorte", você consiga comer mal.
Toma-se vinho no almoço,
toma-se vinho no jantar, toma-se vinho quando se está triste, toma-se vinho quando
se está qualquer coisa. O vinho nacional, da casa, aquele pé de chinelo, esse,
já é maravilhoso. E tudo com um preço tranquilo. Duas, três vezes mais barato
que no Brasil. As sobremesas... Na verdade, eu precisaria de umas três colunas
dessas aqui só para descrever as sobremesas. Talvez seja injusto eleger o
melhor restaurante de todos, maaaaaas... O Solar dos Presuntos (nome genial) e
o Mini Bar (que apesar do nome é um restaurante também) valem destaque.
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Óbidos, novembro de 2007, foto: Waugsberg |
As cidades históricas
portuguesas são imperdíveis. Todas. Qualquer uma. No inverno, no verão, no sol,
na chuva. E, apesar de serem muitas opções do que visitar, não é um acúmulo de
coisas para ver. Não há necessidade de ter que acordar às 6 da manhã e ir
dormir às 2 para conseguir conhecer tudo. O que, na verdade, talvez seja o
melhor de Portugal: a tranquilidade. Um país da Europa, que recebe muitos
visitantes, muitos pontos turísticos, mas você não vê aquele desespero do
turista, aquele afobamento generalizado que existe numa Roma, por exemplo. O clima
em Lisboa é leve, sem estresse, sem pressa. O que não significa que as coisas
são mornas ou paradonas, não, Lisboa é agitada, mas sua ansiedade é controlada
por remédios, eu diria. Você pode fazer as coisas com muita calma, que tudo vai
dar certo. E o fato de falarmos a mesma língua é um alívio incrível.
Por melhor que você fale
inglês, francês, russo ou mandarim, não existe nada como falar sem ter que
pensar se depois do "he" vem "do" ou "does".
Claro que para entender o português (afinal nós falamos brasileiro) precisamos
de uns dois dias de adaptação. Quase como que um cativeiro para acostumarmos os
ouvidos e depois sermos postos em liberdade de volta na natureza. Mas é outra
coisa divertida. Rir dos sotaques e tentar entender o que se passa, já vale a
viagem. E são todos simpáticos (lembrando que eles são europeus e não latinos,
o simpático deles é menos potencializado ao nível 10 como o nosso). Mas são
solícitos e dispostos a ajudar. Enfim, se você ainda não foi a Portugal, pare
tudo o que você está fazendo e dê um jeito de se programar. Eles nos querem e
nós devíamos querê-los mais. Muito mais.
Título e Texto: Fábio Porchat, O Estado de S. Paulo, 21-12-2014
Indicações: José Manuel e Pierre Pereira
Excelente texto! Uma verdade absoluta. Sempre fui apaixonado por Portugal, ruas que nos trazem a memória os grandes escritores, Lugares que relembram os fados mais belos. " Navegar " para a vida é para Portugal. Abraços a terra mãe. Everaldo Botelho Bezerra.
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