quinta-feira, 2 de abril de 2015

"O que é característico de nossos tempos é a marginalização de cosmovisões religiosas."

Vitor Grando
Cosmovisões tipicamente contemporâneas como o naturalismo ou antirrealismo não são, como acham alguns, fruto exclusivo de nossos tempos. Como se o progresso temporal por si só fosse acompanhado de um progresso epistemológico inexorável e irreversível.

Tais posições remontam aos primórdios da filosofia grega. Epicuro e Demócrito de um lado; Prótagoras de Abdera – o homem é a medida de todas as coisas – de outro.

É portanto ingenuidade pueril tomarmos essas posições como as mais atuais, mais corretas, mais adequadas, como se qualquer cosmovisão distinta estivesse fadada à morte eterna e nelas nos basearmos para, por exemplo, fazermos nossa teologia.

É assim que a história do pensamento funciona. Teorias vão e vem. No entanto, é curioso que justamente entre aqueles que vemos negar a existência de qualquer verdade são os que tendem a abraçar tais cosmovisões como o suprassumo da sapiência (taqlid, diria al-Ghazali, isto é, a tendêndia de se seguir bovinamente Kant, Hume, Nietzsche ou qualquer outro nome aclamado popularmente).

O que é característico de nossos tempos é a marginalização de cosmovisões religiosas. No caso que nos interessa, do cristianismo.

Teísmo, naturalismo, antirrealismo e toda sorte de cosmovisões sempre fizeram parte do debate público sem que uma se sobrepusesse a outra sob a força de adjetivos pejorativos de grande força teórica.

Especialmente você, jovem ingênuo no 3° período de Direito, Filosofia, Sociologia, Psicologia e – principalmente – Teologia, saiba que "não há nada novo debaixo do sol". Lamento informar, mas seguir bovinamente as teorias predominantes de nossos tempos não é sinônimo de intelectualidade. Geralmente é sinal de fragilidade intelectual.

Mas se todas essas teorias sempre andaram mais ou menos lado a lado, qual é a característica de nossos tempos que faz descartar o teísmo e demais teorias divergentes daquelas como absolutamente ultrapassadas?

É política, estúpido!
Texto: Vitor Grando, Facebook, 2-4-2015

"It is indeed a common human characteristic to claim that now finally we have achieved the truth (or the correct attitude to take, given that there is no truth) denied our fathers. But here there is anothe r sort of irony: these positions go back, clearly enough, all the way to the ancient world; as a matter of fact they antedate classical Christianity. What is new and with-it about them is only the attempt to palm them off as developments or forms – indeed, the intellectually most viable forms – of Christianity. This is new and with-it, all right, but it is also preposterous. It is about as sensible as trying to palm off, say, the Nicene creed, or the Heidelberg Catechism as the newest and most with-it w ay of being an atheist. It is unnecessary to point out that these ways of thinking are not just alternatives to Christianity; they run profoundly counter to it."
Alvin Plantinga

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