Vitor Grando
Cosmovisões tipicamente
contemporâneas como o naturalismo ou antirrealismo não são, como acham alguns,
fruto exclusivo de nossos tempos. Como se o progresso temporal por si só fosse
acompanhado de um progresso epistemológico inexorável e irreversível.
Tais posições remontam aos
primórdios da filosofia grega. Epicuro e Demócrito de um lado; Prótagoras de
Abdera – o homem é a medida de todas as coisas – de outro.
É portanto ingenuidade pueril
tomarmos essas posições como as mais atuais, mais corretas, mais adequadas,
como se qualquer cosmovisão distinta estivesse fadada à morte eterna e nelas
nos basearmos para, por exemplo, fazermos nossa teologia.
É assim que a história do
pensamento funciona. Teorias vão e vem. No entanto, é curioso que justamente
entre aqueles que vemos negar a existência de qualquer verdade são os que
tendem a abraçar tais cosmovisões como o suprassumo da sapiência (taqlid, diria
al-Ghazali, isto é, a tendêndia de se seguir bovinamente Kant, Hume, Nietzsche
ou qualquer outro nome aclamado popularmente).
O que é característico de
nossos tempos é a marginalização de cosmovisões religiosas. No caso que nos
interessa, do cristianismo.
Teísmo, naturalismo,
antirrealismo e toda sorte de cosmovisões sempre fizeram parte do debate
público sem que uma se sobrepusesse a outra sob a força de adjetivos
pejorativos de grande força teórica.
Especialmente você, jovem
ingênuo no 3° período de Direito, Filosofia, Sociologia, Psicologia e – principalmente
– Teologia, saiba que "não há nada novo debaixo do sol". Lamento
informar, mas seguir bovinamente as teorias predominantes de nossos tempos não
é sinônimo de intelectualidade. Geralmente é sinal de fragilidade intelectual.
Mas se todas essas teorias
sempre andaram mais ou menos lado a lado, qual é a característica de nossos
tempos que faz descartar o teísmo e demais teorias divergentes daquelas como
absolutamente ultrapassadas?
É política, estúpido!
Texto: Vitor
Grando, Facebook,
2-4-2015
"It is indeed a common human
characteristic to claim that now finally we have achieved the truth (or the
correct attitude to take, given that there is no truth) denied our fathers. But
here there is anothe r sort of irony: these positions go back, clearly enough,
all the way to the ancient world; as a matter of fact they antedate classical
Christianity. What is new and with-it about them is only the attempt to palm
them off as developments or forms – indeed, the intellectually most viable
forms – of Christianity. This is new and with-it, all right, but it is also
preposterous. It is about as sensible as trying to palm off, say, the Nicene
creed, or the Heidelberg Catechism as the newest and most with-it w ay of being
an atheist. It is unnecessary to point out that these ways of thinking are not
just alternatives to Christianity; they run profoundly counter to it."
Alvin Plantinga
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-