Em fevereiro um cirurgião
italiano disse que em 2017 vai ser possível executar um transplante de cabeça.
A semana passada foi apresentado o primeiro voluntário.
Pedro Esteves
O cirurgião italiano Sergio
Canavero disse em fevereiro que em poucos anos será possível
transplantar uma cabeça humana. A notícia foi recebida com ceticismo pela
comunidade científica, mas na perspetiva de quem sofre parece haver ânimo e
esperança. Valery Spiridonov é o primeiro candidato selecionado
pelo médico italiano para ser submetido a esta cirurgia radical, na
complexidade e nos números.
Caso se venha a concretizar no
futuro próximo (a estimativa de Canavero aponta para 2017), esta cirurgia
poderá demorar 36 horas, envolver 150 profissionais de diferentes
especialidades (neurologia, cirurgia vascular, ortopedia) e contabilizar um
custo total de 11 milhões de dólares. A moeda americana não aparece por acaso:
Sergio Canavero só deverá conseguir realizar esta cirurgia num centro
norte-americano, avança a CNN.
Valery Spiridonov tem 30 anos,
é cientista computacional e sofre de uma doença muscular rara chamada Werdnig-Hoffmann,
uma atrofia muscular de origem genética e fatal. Voluntariou-se e é agora o
primeiro candidato aceite pelo cirurgião italiano. A CNN conta que o médico tem recebido muitas propostas de
pessoas interessadas, nomeadamente de transexuais que procuram um novo corpo.
A cirurgia está em preparação
e já tem um nome: HEAVEN. Em linhas gerais, o procedimento envolve o transplante da cabeça num
corpo saudável de um paciente em morte cerebral. O cérebro de Valery Spiridonov
terá de ser arrefecido entre os 10 e os 15 graus Celsius para prolongar a vida
das células nervosas na ausência de oxigénio. Depois, a medula espinal é
cortada e a cabeça colocada no corpo do dador, com o auxílio de uma cola
biológica. Durante pelo menos três semanas o paciente terá de ficar em coma
induzido para prevenir movimentos.
Transplantar uma cabeça para
um novo corpo representa um desafio técnico imenso, em especial na componente
neurológica. Isto porque a técnica cirúrgica para ligar a medula espinal ainda
não oferece garantias de sucesso, as experiências já efetuadas com macacos fracassaram
sempre. O problema está na ligação incompleta das células nervosas, que podem
fazer parar funções autónomas e vitais tais como a respiração e o batimento
cardíaco.
Os riscos são muito elevados
mas Valery Spiridonov diz que não tem nada a perder. E mais: “Esta tecnologia é o equivalente ao primeiro passo
dado pelo homem no espaço, porque no futuro vai ajudar milhares de pessoas que
estão num estado ainda mais deplorável que o meu.”
Sergio Canavero acredita na
estratégia que desenhou e explicou o fundamento nesta conferência TED:
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