Em Cuba, de madrugada, três
jornalistas do Expresso e da Sic saíram da casa onde se hospedavam para
testemunhar a vigília final do "povo" ao sr. Fidel. Um telefonema do
proprietário bastou para que, mal trespassaram a porta, caíssem nas mãos da polícia.
Não se trata, ao contrário do que refere a enviada do Expresso, da
"insólita situação de detidos pela polícia cubana". São apenas os
comportamentos triviais em regimes totalitários: a vigilância, o medo, a
desconfiança, o segredo, a denúncia, a prisão sem motivo aparente. Em lugares
como aquele, a situação nada tem de insólito.
Nem é insólita a indiferença
que, por cá, a maioria dos colegas das pessoas envolvidas dedicou ao episódio.
Seria até esquisito que, após dias a fio de louvores ao "líder histórico"
e à "revolução triunfante", os nossos media acabassem por admitir
que, afinal, Cuba é uma barbárie sem grandes rivais no hemisfério norte. Quando
o assunto é a prepotência, os jornalistas daqui gostam imenso de recordar os
interrogatórios (alguns superiores a meia hora - o horror!) que ocasionalmente
sofreram à entrada dos EUA. E se um se visse encarcerado em qualquer país
democrático, ainda que por atropelar uma velhinha, a classe desceria a avenida
com archotes. Mas uma ditadura de esquerda pode, com total discrição, fazer o
que quiser com eles. E, em certos casos, é bem feito.
Título e Texto: Alberto Gonçalves, Diário de Notícias, 8-12-2016
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