Um ano depois de deixar a pasta da
Educação, Nuno Crato – "um dos ex-ministros", como se refere a si
mesmo – fala sobre o trabalho do Governo PS. "Nós, ministros, temos um
papel bastante limitado".
Foto: Manuel de Almeida/Lusa
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Pedro Rainho
O ex-ministro Nuno Crato considera que o país vive “um momento especial” depois de superar a média da OCDE em ciências e leitura nos testes PISA. Um ano depois de deixar a pasta da Educação, em entrevista ao Jornal de Notícias este domingo, Crato — “um dos ex-ministros” e “uma das pessoas que pensaram sobre Educação e têm opinião sobre Educação” em Portugal — volta a falar publicamente. Sugere que a Fenprof é incoerente nas críticas que faz aos diferentes governos e sai em defesa da sua passagem pelo Governo de Passos Coelho. O ex-primeiro-ministro que, defende Crato, “tem todas as condições” para voltar a liderar um executivo.
A aposta nas avaliações dos
alunos, nos diferentes níveis de ensino, foram ao mesmo tempo uma pedra basilar
do trabalho de Crato na Av. 5 de Outubro e um dos temas preferidos dos
sindicatos para atacar a política educativa do ex-ministro.
“Eu achava que o sistema de
ensino precisava de rigor, com metas e avaliações”, diz agora Crato, que recusa
“obsessões” com os exames mas defende a ideia de que “haver objetivos
claros e uma avaliação desses objetivos é essencial para o sistema de ensino
progredir”.
E o sistema “progrediu
bastante nos últimos anos” porque, defende Crato, o princípio de rigor
que defendia “foi progressivamente instituído”. Prova disso é, para o
ex-ministro, o “momento especial” que o país vive, com os resultados nos testes
PISA e que deve deixar “todos contentes” no setor da Educação em Portugal. “
[Deixámos] uma situação melhor do que a herdámos à partida”, defende Crato.
Até podem estar “contentes” agora. Mas, nos anos em que o ex-ministro liderou a Educação nacional, os sindicatos criticaram as opções de Nuno Crato. “Isso é uma questão curiosa. Eu acho que tive calma social. Acho que não tive calma sindical nem calma da comunicação social, mas calma social tive“, analisa, agora.
Ao mesmo tempo, Crato olha
para a postura que os dirigentes sindicais adotaram durante o seu mandato e
compara-a com o posicionamento atual, perante um Governo socialista que, no
Parlamento, conta com o apoio dos partidos de esquerda.
Durante estes quatro anos, em
que integrámos nos quadros quatro mil professores, ouvimos os líderes da
Fenprof dizer que era inacreditável, que era preciso muito mais gente nas
escolas. Chegamos a este ano e eu estava à espera de que entrassem 10 mil
professores nos quadros, talvez 20 mil. Sabe quantos entraram? 100″, diz Crato.
O ex-ministro continua a sua
avaliação ao atual Governo: “Sabe porque é que entraram 100? Porque eu fiz uma
lei, a norma travão, que obrigava a entrar nos quadros todos aqueles que
fizessem cinco anos de contratos sucessivos. Porque, se calhar, não sei, não
teria entrado ninguém”, analisa o ex-ministro, que deixa no ar a questão:
“Coerência sindical? Tirem as conclusões que quiserem”.
Crato foi ministro da Educação
de Passos Coelho. Foi ele quem veio a público dar uma entrevista para defender
que a licenciatura do seu colega de Governo e um dos mais próximos elementos de
Passos Coelho, Miguel Relvas, devia ser investigada. Passos segurou-o nesse período
e nunca deixou cair o seu responsável pela Educação.
Agora, Crato faz a avaliação
do chefe do seu Governo. “Tem todas as condições para estar à frente do PSD e
para voltar a ser primeiro-ministro”, defende. “O dr. Passos Coelho foi um
primeiro-ministro sério, teve coragem à frente do país, onde duvido que alguns
outros tivessem a coragem que ele teve, que se mostrou uma pessoa impoluta“,
resume Nuno Crato ao Jornal de Notícias.
Título e Texto: Rui Rainho, Observador, 11-12-2016
Título e Texto: Rui Rainho, Observador, 11-12-2016
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