terça-feira, 2 de maio de 2017

Utopia e estupidez

José António Rodrigues Carmo

Anda para aí muita gente a vender a Utopia, apesar de, como o próprio nome indica, não existir tal lugar.

O negócio sempre deu. Desde Platão a Jerónimo (o nosso), passando por More, Marx, Chávez, Louçã, Catarina Martins, Pol Pot, Fidel, Zapatero, Estaline, Hitler, Bin Laden, António Costa, etc, são aos milhares os vendedores de banha da cobra que tratam de impingir aos ingénuos o bilhete para o Paraíso, a “sociedade sem classes”, o Céu das 72 Virgens, o Jardim das Delícias, a Montanha de Açúcar, a Arcádia, o “fim do capitalismo”, a “justiça social”, a “igualdade”, o Reich dos Mil Anos, o Califado, enfim, o que estiver a dar.

Sabe-se que em qualquer grupo humano, seja de trolhas, seja de professores universitários, mais de metade é estúpida, incluindo os estúpidos propriamente ditos, os ingénuos e os ativistas da estupidez…

É um bom mercado de consumo para as ideias utópicas. Os que as vendem são dessa metade de estúpidos pelo que os mercados da estupidez e da utopia não só se confundem, como alcançaram uma massa crítica susceptível de se alimentar a si mesma, por muitos e bons anos.

A alienação de tanta gente tem consequências, porque numa interacção com um estúpido, todos perdem, incluindo o estúpido (de resto é isso que o define como tal).

Ao toque da Terra Prometida que existe em “nenhum sítio” (Utopia), a alma estúpida vende o seu presente (mau) em troca do futuro radioso que outrem lhe anuncia.

Esse outrem pode ser um indivíduo, como Costa, Catarina ou Arménio, ou uma fábrica colectiva de estupidez, como a que produz o telelixo socialista.

O saber não serve para nada. Os estúpidos preferem ouvir os xamans, os profetas de futuros risonhos.

Há mais de 500 anos, andava por Florença um frade vendedor de paraísos, de seu nome Savonarola,  [imagem] se fizessem o que ele preconizava, a “cidade viverá em júbilo, entre cantos e salmos, e os rapazes e as raparigas serão como anjos… e a felicidade virá já neste mundo”. Um virtuoso, o Savonarola. Brilhante, culto e estúpido até ao tutano. Acabou no assador e a cidade amargou as consequências por muito tempo.

É assim a estupidez… todos acabam pior do que estavam antes.


A estupidez não pode ser nunca subestimada, como a história do séc. XX prova à saciedade.

Um dos clérigos bolchevistas explicava no início do século que, para instaurar a Utopia na Rússia, era preciso aniquilar 10% de habitantes (os que não eram sensíveis à estupidez). Os outros 90% eram, segundo a sua estimativa, os acomodáveis (os que, a bem ou à martelada, comprariam as ideias estúpidas).

Hoje já nada disso é preciso. A estupidez ganhou tracão e ontem, pelas avenidas, procissões de estúpidos a declamar slogans como zombies, foram a cabal demonstração de que a utopia e a estupidez caminham de mãos dadas.

Lisboa, 1 de maio de 2017
Título e Texto: José António Rodrigues Carmo, Facebook, 2-5-2017

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