sábado, 27 de maio de 2017

E se fosse seu filho?

Cristina Miranda

É muito fácil opinar sobre coisas que não nos atingem (por enquanto). Ter todos os nossos filhos calmamente a jantar conosco enquanto ouvimos o Jornal da Noite a relatar os horrores vividos numa noite de concerto da Ariana Grande em Manchester. Famílias destruídas em dor. Mães desesperadas sem saberem das filhas. Não custa nada. Principalmente se no dia seguinte não temos de atravessar as “No Go Zones” (porque não as há ainda) nem fazer um desvio para o trabalho porque certa zona está fechada por ameaça de bomba ou ataque eminente de terrorismo. Nem ter de olhar para todos os lados com medo. Não nos afeta nada porque por enquanto não há cá nada disso. Por enquanto… 

Por isso alguns “jornalixos” que trabalham na SIC podem dar-se ao luxo de fazer comentários medonhos como aquele que quase me provocava uma congestão assim que o ouvi. À questão de Clara de Sousa onde ela perguntava se na impossibilidade de termos um polícia por cada pessoa, teríamos de nos habituar aos atentados, responde calmamente este ignóbil: “… sim, nós também já nos habituámos a viver com as ameaças climáticas e com as catástrofes naturais.” Mas que raio de comentário é este?

Eu sei que para este “jornalixo” e outros como ele, os filhos dos outros são filhos de um Deus menor. Não dói. Logo, coração que não sente é porque, na óptica deles, a dor não existe. Ou se existe, é passageira. Porque só fala assim quem dentro de si não tem qualquer humanidade. Mas é gente assim que nos entra pela casa dentro a vomitar asneiras em horário nobre. Gente inconsequente que não mede as palavras, que não sabe o que diz ou simplesmente se está borrifando para o sentimento alheio. Mas, se em vez do relato sobre as jovens vítimas inocentes, fosse seu filho?

Tenho a certeza absoluta que só quando o sangue chegar cá, quando se implodirem no meio de nós, quando serão nossos entes a serem projetados em bocadinhos por todo um recinto, quando também neles fizer parte filhos de jornalistas, políticos, governantes, quando não forem os outros, mas sim, OS NOSSOS, tudo muda. Os discursos alarves serão substituídos rapidamente por revolta e sede de mudança. Porque infelizmente para muitos, só na carne a sofrer a perda, saberão porque tanta gente clama por proteção. Porque é fundamental tomar medidas urgentes contra este mal que tomou conta das nossas vidas. Até lá…  “keep calm” que é só mais um atentado.

Quando se é jornalista a responsabilidade é muito maior. Já nos basta os políticos a esconder tudo o que podem de nós para não perderem votos devido às políticas ruinosas de gestão dos dossiers sobre refugiados e terrorismo. Por isso, no mínimo a comunicação social deveria de forma isenta e independente fazer um serviço público de qualidade informativa, não para proteger o sistema, mas para defender os cidadãos. Ao optarem descaradamente pela primeira, vendendo-se à classe que nos manipula a vida, expondo-nos irresponsavelmente aos perigos e medo, enquanto se escondem nas suas “fortalezas”, estão simultaneamente a manchar as mãos de sangue de TODAS as vítimas que sucumbiram às mãos deste produto do islão: o extremismo islâmico.

Os “bois” têm nome [islão, terroristas, radicais, Daesh, extremismo islâmico] e é preciso dizê-lo e escrevê-lo sem medo. Porque é reconhecendo o inimigo que se pode combatê-lo.
Porque um dia virá em que serão seus filhos…
Título e Texto: Cristina Miranda, Blasfémias, 26-5-2017

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