segunda-feira, 22 de maio de 2017

E o Tony Carreira? E Marco Paulo?

Cristina Miranda

Só pode ter sido um valente lapso. Homenagear Salvador Sobral pela vitória da canção portuguesa no Festival da Eurovisão, no Parlamento, com uma estrondosa ovação em pé de todas as bancadas, com direito a almoço com Ferro Rodrigues (quase levado ao colo) e não terem feito o mesmo, em 2016,  com Tony Carreira quando recebeu o Título de Cavaleiro da Ordem das Artes e Letras Francesas, é distração, só pode. Este populucho governo alegre e optimista que não deixa passar uma oportunidade para se destacar nas vitórias dos outros, sejam elas quais forem, esquece uma distinção destas onde um artista nosso é homenageado por um país estrangeiro a par com Bob Dylan, David Bowie e Amália Rodrigues? Não, não, só pode ser engano…

Até porque todos sabem que Tony só tem 29 anos de carreira, 20 álbuns de originais, 60 discos de platina e mais de 4 milhões de discos vendidos. Além disso, só esgotou em várias ocasiões o Olympia e Zenith de Paris, o Emperors Palace na África do Sul, o Queens Elisabeth nos EUA, a Brixton Academy em Londres. Isto claro, sem falar que foi o primeiro português a encher as salas do Coliseu dos Recreios, Coliseu do Porto, Pavilhão Rosa Mota, Meo Arena, Multiusos de Guimarães e Campo Pequeno… e canta em português!!!! Ora, é claramente distração dos assessores deste governo… só pode.

Porque quem faz do Parlamento um prolongamento do Big Show Sic, onde já há muito tempo mais lembra um programa de variedades, noutras um reality show ao estilo da “Casa dos Segredos”, mais do que um lugar sério de trabalho, jamais poderia deixar de fora uma vedeta (sim, é uma vedeta portuguesa), quer se goste ou não do que canta, que move massas para o ouvir. Certo?

Acontece que o populismo barato do qual sofre a geringonça não tem critérios. É ao gosto do “freguês”. Melhor dito, o que mais “serve o freguês”. Neste contexto,  é preciso ver que Tony não vestiu t-shirts dos refugiados nem disse que agora tínhamos governo de jeito (coitadinho do Salvador, ele bem que avisou que além da música, não percebia de mais nada, no Alta Definição) e isso faz claramente a diferença. O currículo são “peanuts”. Que interessa isso na vida de um artista? Nada, claro!

Por isso, Marco Paulo outro senhor da música portuguesa carregado de discos de ouro e platina, com 50 anos já de carreira de sucessos, que espere sentado, bem como TANTOS outros artistas conceituados. Isto não vai lá sem umas t-shirts e slogans pró-geringonça. Está visto.

Francamente, nem oito nem oitenta. Podiam ter-se ficado pelas congratulações e era suficiente. Mas não! tinham de dançar o vira também! Somos pequeninos e ridículos e é por isso que somos miseravelmente pobres, financeiramente e culturalmente. Não me lembro de no Reino Unido alguma vez terem recebido na Câmara dos Comuns os Beatles que eram monstros gigantes da música internacional ou agora os U2.  E isso é o que nos distingue dos países bem governados.

Por aqui se vê a “pobreza de governo” que temos na condução do país, mas que é “rico” em “habilidades” para distrair do foco essencial.  As prioridades do Parlamento numa altura muito delicada não são a economia, que por ela ainda não moveram um dedo. São as manobras de diversão para desviar atenções como quem desesperadamente anestesia um povo à conta dos sentimentos para que não vejam a realidade.  Assim o fazem todos os líderes desses paraísos socialistas que vivem dramas humanitários (nós ainda nos safamos graças aos empréstimos da UE) para que ninguém acorde do coma forçado e perceba de repente que vive no inferno.
É o socialismo.
Título e Texto: Cristina Miranda, Blasfémias, 22-5-2017

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