segunda-feira, 22 de maio de 2017

“Globo golpista”: uma profecia autorrealizada

Tom Martins

A esquerda acusa a Globo de "golpista". Mas a emissora foi tímida com Dilma, enquanto apoia desde o começo o impeachment de Michel Temer.


O mercado financeiro teve uma leve melhora ontem, pois os investidores viram que as gravações do bandido mafioso da JBS não eram aquilo tudo que foi noticiado no dia anterior. Pelo menos ao que diz respeito à presidência da república.

Anteontem foi um dia de caos no mercado, as perdas chegaram a níveis estratosféricos, o dólar subiu, todos os indicadores econômicos despencaram, todo o fôlego que a economia estava começando a tomar se perdeu, voltamos abaixo da estaca zero.

Isso significa, na prática, que empregos serão perdidos, empresas continuarão a falir, muita gente vai perder dinheiro e os frutos do seu trabalho. No meio político, todas as reformas, tímidas, porém necessárias, estão paradas, assim como a recuperação da economia e a segurança institucional.

Tudo porque antes de ontem a Globo publicou que tinha gravações irrefutáveis que provariam que Temer havia dado aval para comprar o silêncio de Eduardo Cunha. Aí foi o Apocalipse, claro. A Bolsa despencou, obrigando o acionamento do circuit breaker, o dólar subiu e todos nós antevimos o fim do mundo. No mesmo dia, quando estava sendo divulgada a notícia-bomba plantada por Lauro Jardim, escapou na transmissão da GloboNews uma risada perfeitamente audível.

A Globo logo de cara (e até agora), encampou o discurso do impeachment com todas as suas forças. Simultaneamente, os partidos de esquerda entraram em polvorosa e chegaram a protocolar seis pedidos de impeachment poucas horas depois da divulgação da “notícia”.

A CUT levou uns gatos pingados às ruas, houve quebradeira em algumas cidades, políticos comunistas comemoravam a queda de Temer no Twitter. Quando as gravações foram liberadas pelo STF, revelaram coisas gravíssimas, mas nada daquilo que havia sido divulgado pelas manchetes do dia anterior. As manchetes, que afirmavam peremptoriamente que Temer havia dado aval para comprar o silêncio de Cunha, passaram a falar em “prevaricação”, “quebra de decoro”, etc.

Todo esse busílis revelou fatos gravíssimos, como o desmascaramento de Aécio Neves, os 150 milhões (por baixo) em suborno para Lula e Dilma (isso sim gravado em áudio claro e filmado em depoimento oficial), o acordo de delação pornográfico dos Batista com o MP, que permitiu que eles, tal como o personagem de Reginaldo Faria no final da novela Vale Tudo, fugissem do Brasil dando uma banana para nós, os otários, entre outros casos. Casos como o próprio aporte de 9 BILHÕES de reais que a JBS recebeu via BNDES, que talvez seja o maior escândalo do mundo – enfim, um caso escabroso atrás do outro.

Nessa linha gradativa, Temer ter feito ouvidos moucos ao bandoleiro de Goiás numa vergonhosa conversa privada e gravada com má-fé fica lá atrás em comparação com o roubo de toda uma república, é praticamente um roubo de guardanapos num boteco. E, no protagonismo de tudo isso, temos as organizações Globo que, via Lauro Jardim, jogaram irresponsavelmente essa bomba no colo de todos os brasileiros.

Houve crime? Vários. Que sejam investigados e submetidos aos devidos inquéritos. Justificaria um impeachment imediato? Não, é claro, senão as gravações do “Bessias” deveriam no mínimo dar prisão em flagrante para a Dilma.

O fato é que essa divulgação foi uma manobra de mestre, genial, da esquerda. Todo brasileiro agora sente-se obrigado a condenar o presidente de cara para não demonstrar ter, como os petistas têm, bandidos de estimação.

Não foi golpe, foi uma manobra sócio-psico-coletiva genial e todo mundo caiu como um patinho. E, chafurdados nas entranhas do poder, como sempre, as organizações Globo, protagonizando uma das maiores fake news da história. Se a velha imprensa, após as eleições brasileiras, americanas, Brexit, etc. já estava desacreditada, com esse caso acabou de vez.

Quem diria que, de tanto ser xingada de “golpista”, mesmo seguindo à risca a cartilha das esquerdas, a Globo viria se tornar aquilo que a acusavam. E o golpe, neste caso, é em prol do PT.

Título, Imagem e Texto: Tom Martins, Senso Incomum, 21-5-2017

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