Tom Martins
A esquerda acusa a Globo de
"golpista". Mas a emissora foi tímida com Dilma, enquanto apoia desde
o começo o impeachment de Michel Temer.
O mercado financeiro teve uma
leve melhora ontem, pois os investidores viram que as gravações do bandido
mafioso da JBS não eram aquilo tudo que foi noticiado no dia anterior. Pelo
menos ao que diz respeito à presidência da república.
Anteontem foi um dia de caos
no mercado, as perdas chegaram a níveis estratosféricos, o dólar subiu, todos
os indicadores econômicos despencaram, todo o fôlego que a economia estava
começando a tomar se perdeu, voltamos abaixo da estaca zero.
Isso significa, na prática,
que empregos serão perdidos, empresas continuarão a falir, muita gente vai
perder dinheiro e os frutos do seu trabalho. No meio político, todas as
reformas, tímidas, porém necessárias, estão paradas, assim como a recuperação
da economia e a segurança institucional.
Tudo porque antes de ontem a
Globo publicou que tinha gravações irrefutáveis que provariam que Temer havia
dado aval para comprar o silêncio de Eduardo Cunha. Aí foi o Apocalipse, claro.
A Bolsa despencou, obrigando o acionamento do circuit breaker, o
dólar subiu e todos nós antevimos o fim do mundo. No mesmo dia, quando estava
sendo divulgada a notícia-bomba plantada por Lauro Jardim, escapou na
transmissão da GloboNews uma risada perfeitamente audível.
A Globo logo de cara (e até
agora), encampou o discurso do impeachment com todas as suas forças.
Simultaneamente, os partidos de esquerda entraram em polvorosa e chegaram a
protocolar seis pedidos de impeachment poucas horas depois da divulgação da
“notícia”.
A CUT levou uns gatos pingados
às ruas, houve quebradeira em algumas cidades, políticos comunistas comemoravam
a queda de Temer no Twitter. Quando as gravações foram liberadas pelo STF,
revelaram coisas gravíssimas, mas nada daquilo que havia sido divulgado pelas manchetes do
dia anterior. As manchetes, que afirmavam peremptoriamente que Temer havia dado
aval para comprar o silêncio de Cunha, passaram a falar em “prevaricação”,
“quebra de decoro”, etc.
Todo esse busílis revelou
fatos gravíssimos, como o desmascaramento de Aécio Neves, os 150 milhões (por
baixo) em suborno para Lula e Dilma (isso sim gravado em áudio claro e filmado
em depoimento oficial), o acordo de delação pornográfico dos Batista com o MP,
que permitiu que eles, tal como o personagem de Reginaldo Faria no final da
novela Vale Tudo, fugissem do Brasil dando uma banana para nós, os otários,
entre outros casos. Casos como o próprio aporte de 9 BILHÕES de reais que a JBS
recebeu via BNDES, que talvez seja o maior escândalo do mundo – enfim, um
caso escabroso atrás do outro.
Nessa linha gradativa, Temer
ter feito ouvidos moucos ao bandoleiro de Goiás numa vergonhosa conversa
privada e gravada com má-fé fica lá atrás em comparação com o roubo de toda uma
república, é praticamente um roubo de guardanapos num boteco. E, no
protagonismo de tudo isso, temos as organizações Globo que, via Lauro Jardim,
jogaram irresponsavelmente essa bomba no colo de todos os brasileiros.
@flaviomorgen Interromperam pra mostrar isso pic.twitter.com/k2lRdq23bM— NegroLi (@DesouzaLinique) 21 de maio de 2017
Houve crime? Vários. Que sejam
investigados e submetidos aos devidos inquéritos. Justificaria um impeachment
imediato? Não, é claro, senão as gravações do “Bessias” deveriam no mínimo dar
prisão em flagrante para a Dilma.
O fato é que essa divulgação
foi uma manobra de mestre, genial, da esquerda. Todo brasileiro agora sente-se
obrigado a condenar o presidente de cara para não demonstrar ter, como os
petistas têm, bandidos de estimação.
Não foi golpe, foi uma manobra
sócio-psico-coletiva genial e todo mundo caiu como um patinho. E, chafurdados
nas entranhas do poder, como sempre, as organizações Globo, protagonizando uma
das maiores fake news da história. Se a velha imprensa, após
as eleições brasileiras, americanas, Brexit, etc. já estava desacreditada, com
esse caso acabou de vez.
Quem diria que, de tanto ser
xingada de “golpista”, mesmo seguindo à risca a cartilha das esquerdas, a Globo
viria se tornar aquilo que a acusavam. E o golpe, neste caso, é em prol do PT.
Título, Imagem e Texto: Tom Martins, Senso Incomum, 21-5-2017
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