
Nome de Guerra: Marco Sichi
Onde nasceu? Em Mogi das Cruzes, Estado de São Paulo, em 5 de
agosto de 1962.
Onde estudou? Primário, na Escola Municipal Coronel Almeida; o
ginásio e colégio técnico profissionalizante, na Escola Técnica Estadual Presidente
Vargas, (curso Técnico em Mecânica/Ferramentaria). Paralelamente a este curso
fiz a escola SENAI Nami Jafet, aqui em Mogi (curso de Marcenaria).
Alguns anos depois, já na
Varig, iniciei o curso de Direito na Universidade Braz Cubas, concluí, mas
nunca exerci.
5 de agosto, leonino (que nem este Editor), hein? Você acredita na Astrologia?
Sim, leonino, não sei qual é o
meu ascendente.
Não acredito na astrologia,
amo o céu, tenho um encanto profundo pelas estrelas e constelações, temos um
bom telescópio em casa e sempre estamos observando os astros e seus fenômenos.
Meus filhos sempre se classificaram de forma muito boa em olimpíadas nacionais
de astronomia.
Explico porque não acredito na
astrologia: a luz do sol, o astro estelar mais próximo, leva cerca de oito
minutos para chegar à terra.
A estrela Betelgeuse na constelação
de Orion é a décima segunda mais
brilhante vista da terra e está a seiscentos e quarenta e dois anos luz da
terra, ou seja, o que estamos vendo já ocorreu há muito tempo. Portanto, não acho que algo que ocorreu há
tanto tempo assim possa ser base para uma especulação de futuro ou definição
de características.
Meu pai sempre nos ensinou os
valores mínimos para ser um Homem, então, sim, gostei.
Fui, na infância, ‘Lobinho’ e
escoteiro; a honra, o caráter, a disciplina, o amor à pátria, a uniformidade, o
trabalho em equipe, os conhecimentos da vida através da natureza sempre me
atraíram. O exército foi um complemento importante para estes valores, e onde
aprendi muito sobre liderança!
Quando começou a trabalhar (em empresa privada)?
Trabalhei desde muito jovem. Aos
treze anos comecei em um armazém ou venda, depois fui office-boy, aprendiz de
lapidador de lentes oftálmicas, militar, mecânico de automóvel, recepcionista em hotéis e finalmente na aviação.
Na sua penúltima resposta, você elenca valores que, no meu julgamento,
são valores conservadores. Você é, se considera, conservador?
Sou sim um conservador, mas,
para que não se faça um mau juízo de mim nestes tempos do "politicamente
correto", é preciso uma explicação. O conservadorismo político é um
conjunto de ideias que prega a estabilidade das instituições sociais
tradicionais, por exemplo: a família, religião, região geográfica, ordenamento
jurídico, etc. Engloba também usos e costumes, tradições e convenções éticas e morais
pertinentes a uma determinada região ou cultura.
Para mim, ter educação, ter
caráter, ser honesto, ter honra e respeito, amar a sua pátria, é uma obrigação
humana para que tenhamos um convívio pacífico e harmonioso, independentemente
de sua localização geográfica, mesmo que tenhamos opções religiosas, políticas,
sociais, raciais, culturais, de gênero, etc... diferentes umas das outras.
O conservador em geral,
aplicado à política e à vida cotidiana, busca a estabilidade dos valores e da
ordem sem se preocupar com grandes mudanças.
Já o conservador mais moderno,
no qual me enquadro, é aquele que prioriza os valores morais e respeita as
mudanças, mesmo que eventualmente não lhe sejam palatáveis, pois entende os
rumos do progresso e da evolução.
Aqui, acho que o
“politicamente correto” está exacerbando suas ideias sem respeitar as dos
divergentes.
Então, sou um conservador, que
jamais aceita a desordem, o errado, o ilícito, o desrespeitoso e o intolerante.
Não sou avesso às mudanças
como trata a letra da palavra conservador, sou avesso à anarquia e bagunça.
E importante entender também
que radicalismo e exageros devem ser tratados com cuidado, e que o grande valor
está na liberdade e na ordem.
Hoje, minha convicção política
é de direita, conservadora, mas aberta. Meu candidato a presidente ainda não
apareceu de forma definida, mas, se nada melhor aparecer, será o Bolsonaro!
Falaremos mais sobre Política, nacional e internacional.
Voltando ao seu trabalho, você foi polivalente, well... 😉
Quando surgiu a vontade ou a oportunidade de ingressar na Varig?
Em 1984 eu trabalhava como
recepcionista em um hotel de luxo na Alameda Campinas, em São Paulo. Meu
trabalho era bem rentável, tinha boa remuneração, pois fazia parte da auditoria
noturna. Nunca pensei na aviação como emprego, era glamoroso demais para mim.
Minha irmã, Mônica Sichi,
trabalhava no Despacho (de Passageiros) de Congonhas. Um dia, ao chegar do trabalho em casa, ela
estava esbaforida e atrasada, e me pediu para levá-la a Congonhas, onde
participaria de um processo seletivo. Ainda de terno, montamos na moto e a
levei. Ao chegar, já havia uma fila
enorme e muita gente bonita e arrumada, achei bacana. As amigas dela haviam
reservado um lugar e ali fiquei com elas batendo papo, até que chegou a vez da
Mônica, e eu entrei junto. E já me deram uma ficha para preencher, eu disse que
estava sem meus documentos e que não estava ali pela vaga, a atendente disse
que não havia problema, preenchi a ficha com o que sabia e entreguei.
“Vá para a entrevista pessoal”,
eu fui.
Ela disse “o psicotécnico tem
vaga agora, quer fazer?”, eu fiz.
Saí dele, ela disse “o inglês
tem avaliação agora, quer fazer?”, eu fiz.
Fui aprovado em tudo no primeiro
dia e ainda teria de voltar no outro para entregar os documentos, o que fiz.
Eu, na primeira manhã fiz o que a Mônica levou três meses para fazer!
Com o andar da coisa e vendo
aquele ambiente, a possibilidade de viajar, a grandeza da Varig, decidi que
iria em frente e, se entrasse, ficaria uns dois anos e voltaria para a minha
área. Depois disso passei em tudo, comecei o curso e me encantei ainda mais. A minha
irmã só ingressou meses depois de mim.
Nunca havia sequer entrado em
uma aeronave comercial, só tinha voado uma vez em teco-teco.
Meu primeiro voo foi no
Electra II, emocionante!
Enfim, acho que eu fui o único
daquela fila de 7.500 candidatos, que nem sabia o que ia fazer, que entrou!
Quando foi o seu primeiro voo?
Meu primeiro voo de instrução
no Electra II foi em 18 de fevereiro de 1985, Comandante Pacheco, copiloto não
lembro, Mecânico de Voo, Bento, e a minha instrutora, Mari Euge. Foi no PP-VJW,
apresentação às 13h45.
Ponte Aérea?
Sim, quatro pernas de ponte.
Achou glamoroso esse primeiro voo?
Certamente que sim, era muito
fácil se encantar com o privilégio de voar. O serviço de bordo da ponte
aérea era ímpar, com lanches e bebidas num belo carro composto (sanduíches open face, canapés frios e/ou quentes, conforme
o horário do voo), mas o glamour
mesmo vinha dos viajantes.
No geral, eram tal como hoje: empresários,
gestores, artistas, políticos, pessoas de posses, outras pessoas simples,
ilustres desconhecidos, mas, naquela época qualquer um que viajava o fazia bem
arrumado. Ainda era um evento, as mulheres usavam as suas joias, e perfumes que
tornavam o ambiente uma onda olorosa; os homens, boa parte, em ternos bem
cortados de alfaiates conceituados, e os outros sempre elegantes. Os mais humildes,
que conquistavam o caríssimo direito de voar, o faziam com pompa, era um evento
e iam vestidos e arrumados como se fossem para a missa de domingo. As crianças
eram civilizadas.
Hoje, com o acesso mais fácil
e igualitário, vemos a mesma fauna, mas parece que o glamour em voar se foi e com ele três coisas: o bem vestir, a
educação e o respeito para com os outros, passageiros e tripulantes.
Vemos pessoas viajando de
chinelos de dedo ou crocks, péssimo para
a segurança do próprio usuário em caso de uma evacuação, mas é uma regra que
ninguém mais observa, pois o importante é que a passagem está sendo paga e a
pessoa deve ir, mesmo que tenha saído direto da praia para o aeroporto.
Estas são as mudanças do
progresso, mas progredir não significa se tornar mal-educado e desrespeitar os
tripulantes, não obedecer às regras de convívio social e cagar para as normas
de segurança.
Poucos veem hoje os profissionais
aeronautas como agentes de segurança, que ali estão para garantir o bem-estar, a
integridade física deles, e que podem salvar as suas vidas em várias situações.
É uma visão geral, e como usuário voar está bem difícil para quem viveu as boas
épocas.
É fato! Somos de uma época privilegiada:
herdamos a aviação construída pelos nossos colegas que, por exemplo, voavam
para Nova Iorque de Electra, demoravam vinte e duas horas!... ou o voo da amizade para
Lisboa...
Bom, mas depois do
Electra você foi promovido para qual equipamento?
Depois de ficar por quatro meses na Ponte Aérea, segui o caminho
natural, B-737-100, o breguinha, e o B-727, uma das máquinas que mais gostei de
voar. Nessa ocasião, o meu instrutor foi o Salomoni, um grande sujeito e um
instrutor severo, altamente técnico e qualificado, e que me apresentou a
aviação de pernoite, me ensinou tudo, inclusive a compartilhar o quarto. Sim,
na RAN ainda pernoitávamos em quarto duplo!
Eu tive muita sorte com os meus instrutores durante toda a minha
carreira, tanto no exército como na Varig, na TAM, no Navio e na aviação de asa
rotativa, cada um deles me brindou com conhecimento técnico e pessoal, aprendi
demais!
Sempre fui curioso, e a aviação me despertou para coisas que eu
gostava como hobby, as transformei em trabalho e dependi de muita gente e de seus
conhecimentos para aprender e viver.
Você referiu anteriormente ‘as crianças eram civilizadas’. O que quer dizer?
Trata-se de uma crítica ao moderno, cuja culpa, creio, é da
nossa geração. Antigamente, mais ou menos até quando nós éramos pequenos, anos
60 e 70, ainda se usava um tipo de educação familiar, as crianças eram apenas
seguidoras das ordens de seus pais, quase não eram estimuladas a ter atitudes
ou pensamentos que fossem diversos dos seus patronos ou se desviassem das ordens
e doutrinas da casa.
Em geral, eram punidas de forma arbitrária com castigos severos,
tanto psicológicos como físicos, a liberdade era vigiada e raramente
conquistada, salvo por alguns pais mais modernos. Era óbvio que isso teria de
mudar, afinal, estávamos entrando em uma nova era, e nossa geração foi brindada
com esta responsabilidade, onde não queríamos mais que nossos filhos recebessem
o mesmo tratamento dado por nossos pais.
Ocorre que houve outras revoluções junto com esta, eu pensava “vou
dar toda a educação e escolarização possível, vou estimular o pensar e induzir
aos erros e acertos com responsabilidade, vou orientar e corrigir as arestas
com mais tolerância e carinho”, e assim foi feito, e as nossas crianças começaram
a crescer de verdade. Como esta liberação foi mais ou menos geral, alguns pais afrouxaram
demais e, principalmente, deixaram de controlar ou estar mais presentes (por
conta de trabalho ou preguiça mesmo), com isso este peso educacional deixou o
lar e foi transferido para as creches e escola (que são responsáveis pela
escolarização e não por educação).
Esses professores, mal remunerados e com salas cheias, mal
tinham tempo de escolarizar, imagine educar o filho dos outros! Neste tempo
surgem ainda os avanços de comunicação, legislação específica para o menor e
adolescente, proteção indireta do Estado, de conhecimento das máquinas e
computadores, televisão, internet, celular, enfim, as crianças ficaram
independentes de seus pais bem jovens, mas dependentes das mídias e esquecidas
pelos pais, que também estavam encantados e distraídos com estes avanços. Com isso,
muitas crianças e pais se perderam no mundo real e verdadeiro, foram ficando
mais introspectivas, diminuindo os contatos reais e formais por outros tecnológicos,
ou seja, a socialização humana foi sendo desvinculada, mas o ganho de
conhecimento foi fenomenal, e é ai que está a crítica. Toda esta mudança
comportamental e tecnológica aconteceu em menos de vinte anos, e não soubemos
como usar todo este progresso em nosso favor, e por conta de nossas restrições
na infância, nos esquecemos que os limites são importantes.
Junte pais omissos ou descompromissados com a educação, mudanças
drásticas de legislação, liberdade sem a contrapartida de conquista, culpar
regras e não honrar os compromissos com a pátria e com as leis, crianças que
treinamos para serem contestadoras, acabou em uma certa falta de civilidade. Quando
se o perde rumo, respeito e ordem, se perde a civilidade.
Não sou contra o progresso, acho que hoje nossos filhos estão
ficando e lidando muito melhor com estas novidades e estão recuperando aquilo
que por amor e pressa em mudar erramos a dose do deixar crescer.
Você é pai?
Sim, sou pai, sou pãe,
fui casado com a Comissária Eugenia Breviglieri, que faleceu em um acidente de
carro dezessete anos atrás. Com ela tive dois filhos, Ítalo, hoje com vinte e cinco anos,
formado em Engenharia Mecânica pela UNICAMP, que trabalha em uma empresa
multinacional, e Enzo, hoje com dezessete anos (quase dezoito) já morando em Campinas-SP,
onde cursa na UNICAMP o primeiro ano de BIOLOGIA/biomedicina.
São ótimos garotos, muito inteligentes e meus grandes
professores, pois aprendi mais com eles do que talvez tenha eu ensinado.
Depois dos boeinguinhos
vem o DC-10, certo?
Não foi bem assim, no início de 1986 fomos chamados para o curso
de B-747, DC-10 e B-707, para atender ao forte crescimento dos voos
internacionais da VARIG e a entrada em operação do aeroporto de Guarulhos então
CUMBICA, que foi inaugurado oficialmente em 20 de janeiro de 1985, com um
Boeing 747-200 da VARIG, procedente de Nova Iorque. Só que as operações reais
levariam ainda um bom tempo para iniciar de fato, principalmente nos voos
internacionais. Por conta disso fiquei fazendo voos da Nacional e eventualmente
deslocamentos de B-707 entre Campinas e Galeão nos voos africanos.
Logo depois vieram voos melhores já na RAI, mas para isso devia
me deslocar de extra sem contar horas (deadhead),
pois eu não queria a transferência para o RIO. Eu sabia que uma hora ou outra a
base SAO iria ter seus voos internacionais
regulares saindo de São Paulo, e precisariam de gente habilitada por lá.
Voei então fixo na Rota LAX (Los Angeles), e
alguns meses depois se iniciaram as operações para ROMA partindo de SÃO PAULO
(eram três frequências semanais), com o famigerado B-747-200, PP-VNW, aeronave
com número de produção da Boeing 158, vindo da SAA - South African Airways
(ZS-SAM), hoje já sucateado.
Ali fiquei por um bom tempo, pois fazíamos os voos de Roma, os
NYC da missa e um NYC de pernoite normal, um par de frequências do Paris, e três
frequências do FRA. Ainda cobríamos os voos para Luanda uma vez por semana
(DC-10), Santiago bate e volta, Manaus, ora com pernoite ora com bate e volta.
Enquanto estive na RAI voando no RIO fiz todos os voos da malha
(exceto TKO-NGO). Meu primeiro voo internacional foi um Lisboa/Porto, com dois
dias inativos, foi um espetáculo.
Avançando um pouco na história, havia muitos conflitos junto à Escala
por conta de favorecimentos, pois alguns faziam o filé e outros roíam o osso. Em
determinado momento, já insustentável, o senhor Sérgio Prates (Diretor do Serviço de Bordo) criou um programa
onde os comissários iriam controlar e fiscalizar seus pares e ordenar uma
distribuição justa e igualitária. Foi então feita uma eleição direta onde os comissários
votavam em candidatos (para as bases ainda separadas RIO e SAO). E em São
Paulo eu fui um dos escolhidos para implementar e participar do programa de
FISCAL DE ESCALA. Essa escolha foi uma surpresa geral, por ser eu novíssimo na
RAI e na aviação.
Tive como colegas nesta empreitada, as brilhantes, combativas e
eficientes, comissárias ALOMA e SANCHES. Essa experiência me rendeu o cargo de
Gerente da Escala da Base SAO, e depois, quando da separação dos equipamentos,
assumi a Assessoria Técnica do DC-10, equipamento que escolhi para ficar, por
razões de amor e carreira.
Como passava o tempo nos
pernoites?
Para mim os pernoites bons eram os inativos, quanto mais dias parado na localidade, melhor, sempre gostei de explorar o modo como os locais vivem, onde eles comem. Para isso era preciso tempo para observar muito, o que leva mais tempo, e, óbvio, os pontos de maior interesse.
Para mim os pernoites bons eram os inativos, quanto mais dias parado na localidade, melhor, sempre gostei de explorar o modo como os locais vivem, onde eles comem. Para isso era preciso tempo para observar muito, o que leva mais tempo, e, óbvio, os pontos de maior interesse.
Sempre que chegava numa cidade pela primeira vez, já estava munido de uma série de informações sobre
aquele lugar, então no ou nos primeiros contatos com a região eu explorava essas
informações. Por exemplo, vou a Paris e tenho dois dias, vou na Torre Eiffel,
Champs-Élysées, Notre-Dame, Sena, Louvre, Père-Lachaise.
Depois, com mais tempo, começo a explorar os secundários, enquanto isso vou observando, para a hora que der iniciar a exploração do viver ali. Um lugar nunca se esgota em exploração, mas ele pode se tornar cansativo. Portanto, os arredores ou viagens para localidades próximas podem ser interessantes (Palácio de Versailles, Castelo Vaux-le-Vicomte, Rouen, Provins, Louvre-Lens, Museu do Ar e Espaço em Le Bourget, etc.), ou se arrojar em distâncias maiores sacrificando um pouco o repouso, e indo até ao Vale do Loire, Collonges-la-Rouge, Lille, Lyon, etc.
Depois, com mais tempo, começo a explorar os secundários, enquanto isso vou observando, para a hora que der iniciar a exploração do viver ali. Um lugar nunca se esgota em exploração, mas ele pode se tornar cansativo. Portanto, os arredores ou viagens para localidades próximas podem ser interessantes (Palácio de Versailles, Castelo Vaux-le-Vicomte, Rouen, Provins, Louvre-Lens, Museu do Ar e Espaço em Le Bourget, etc.), ou se arrojar em distâncias maiores sacrificando um pouco o repouso, e indo até ao Vale do Loire, Collonges-la-Rouge, Lille, Lyon, etc.
Na minha infância não tínhamos
dinheiro sobrando para viagens, nem para revistas, mas meu pai sempre
arrumava com um dentista as publicações antigas da National Geographic e da Reader's Digest, e eu as devorava. Com elas
imaginava e afirmava para mim, que iria conhecer os lugares e histórias que
mais me marcavam. Eu tinha um monte de velhas edições, uma montanha de sonhos e
referências para ver aqueles lugares, muitos deles longínquos, quase sempre
esquisitos ou despertados por alguma paixão. Quando entrei na aviação a PORTA SE
ABRIU e não tive dúvidas, calcei a botina e ganhei a estrada.
Para você ter uma ideia, em
relação à França, eu sempre fui fanático pela obra de Júlio Verne, ou muito
interessado na invasão da Normandia, nesta em especial eu queria ver pelo menos
uma das cinco praias usadas pelos aliados no desembarque em junho de 1944.
Então, logo depois de ver Paris, no meu terceiro pernoite lá, me desloquei para
Longues-sur-Mer, próxima de Le Hamel, cujo desembarque lá teve o nome código de
Gold Beach.
![]() |
Memorial das Forças Australianas, Le Hamel, foto: Warren Snowdon |
Em relação a Júlio Verne, li
tudo sobre ele, descobri que onde estava enterrado o seu túmulo era singular e
que remetia a um mistério, tudo lenda, mas me aguçou muito e fui até Amiens,
lugar de seus últimos anos ver seu túmulo.
Fiquei umas duas horas ali, no cemitério de Madeleine.
Com isso, descobri uma coisa interessante: a ARTE TUMULAR, que acabou virando um interesse pessoal, junto com as caminhadas na mata e incursões nas cavernas mundo afora (meus hobbies).
Destas coisas que vi na infância
e juventude, e mais outras tantas agregadas que passei a colecionar vivendo
experiências novas com colegas do voo ou com pessoas com as quais fui fazendo
amizade nos países visitados, faltam algumas que creio me faltará tempo para
ver, mas vi quase tudo o que queria.
Além de Paris (e da França) quais outros pernoites que mais gostava?
Uso Paris como exemplo porque a
maioria das pessoas gosta e se encanta, mas ela realmente não está nas minhas
dez melhores. Em ordem, meus pernoites internacionais preferidos eram:
1) Roma
2)
Lisboa e Porto
3)
Copenhagen
4)
Frankfurt
5)
Londres
6) Madrid
e Barcelona
7) Cidade
do México
8)
Amsterdã
9)
Tóquio e Nagoya
10)
Johanesburgo
11)
Barcelona
12) Zurique
13)
Berlim
14) Nova
Iorque
15)
Orlando
16)
Hong Kong
17) Santiago
do Chile
18) Chicago
19) Lima
20)
Toronto e Montreal
21) Bogotá
22) Luanda
23)
Paris
24) Montevideo
e vai
25) Buenos
Aires
Caramba! Paris está na vigésima terceira posição! Je ne crois pas! Peraí, você divide conosco o que fazia quando
pernoitava em Paris, nos revela o seu amor pela França e por um período
particularmente duro (para a França e para o mundo) e dá nota quase zero para
Paris?! Vai, explica aí, por favor.
Vamos lá tentar justificar o
meu ranque tão baixo de Paris.
Como eu disse, gosto muito de
ver como as pessoas vivem, como se comportam e como é o seu comportamento em
relação às outras pessoas, do local e dos de fora (que acabam interferindo no
seu cotidiano).
Eu me qualifico como um ser
cosmopolita, mas vivo em uma cidade provinciana, cheia de famílias
quatrocentonas arruinadas e que se acham, e outros emergentes que também se
acham, e de um monte de gente comum que também querem se achar!
O parisiense, como o portenho,
o paulistano, tem em seus cidadãos naturais destas cidades que são cosmopolitas
um comportamento provinciano acentuado. Em geral, parecem incomodados com os de
fora. Eles sabem que moram em uma cidade cosmopolita e geralmente maravilhosa, sabem
que tem um aglomerado de pessoas de todas as origens étnicas e culturais que
imigraram pelo motivo que foi, e que em geral são em número maior que os
naturais, e sabem que tem muito turista.
E é aí que qualifico Paris como uma cidade de que não gosto, não gosto
da arrogância que vi no parisiense. A cidade é linda, com atrativos
espetaculares, mas o parisiense parece fazer questão de não receber bem o
visitante, simples assim.
Todo lugar e todo cidadão
deveria ter respeito e orgulho de receber uma pessoa de fora em sua cidade,
pois muitas destas cidades são o que são por conta destes.
Tenho um apreço gigante pelo
mundo, pelas suas localidades e rincões, respeito profundamente toda e qualquer
opção, mas não gosto de nariz empinado.
Durante quase toda a minha
carreira na Aviação, eu torrei minhas diárias e mais algum às vezes. Fiz muamba
sim, e feira também, mas a maior parte do meu tempo nos pernoites não foi gasta
na cama e sim batendo perna, assim ocupava meus pernoites, tentando conhecer o
máximo possível, para um dia poder dizer com propriedade que sou um cidadão do
mundo.
Marco,
a soberba parisiense se acirrou na segunda guerra mundial... a cidade-luz sendo
invadida e ocupada pelos alemães... o parisiense não conseguiu se recuperar
dessa humilhação. Há muitos anos, o governo francês, ciente desse atavismo,
promoveu uma campanha que procurava sensibilizar o parisiense para receber bem,
com simpatia e sorriso, o turista. No meu julgamento, até que deu certo. Mas,
isso foi há quarenta anos. Entretanto, Paris foi invadida por
norte-africanos... nós testemunhamos essa invasão, quando nos deslocávamos de
metrô em Paris, na década de 70.
De lá para cá, só piorou. Não vou a Paris há dezessete anos, mas vejo fotos do que se transformou o inferior do viaduto da linha de metrô, em frente ao Hotel PLM-Saint Jacques...
De lá para cá, só piorou. Não vou a Paris há dezessete anos, mas vejo fotos do que se transformou o inferior do viaduto da linha de metrô, em frente ao Hotel PLM-Saint Jacques...
Bom, mas já agora, porque ranqueou tão bem Lisboa e Porto?
Em referência à situação
parisiense, sim, conheço a história e é verdade, parece que a "resistência" continua até hoje.
Em relação aos norte-africanos,
desde o final da década de 50 com a independência das colônias, do Marrocos e
Tunísia, as outras dezessete colônias se libertaram do jugo colonial até 1977.
Talvez um dos problemas seja a forma com que a França lidou com a situação dos
ex-colonos (naturais de França ou nascidos em território ocupado, bem como os
naturais do território), onde ela, por necessitar de muita mão de obra barata e
não especializada e de soldados,
decidiu por manter alguns direitos de nacionalidade para ex-colônias, os
franceses ainda os chamam de
"pieds-noirs" (pés negros).
Em relação a Lisboa e Porto:
Na ocasião de minhas primeiras
férias na Varig, eu tinha de ir para a Europa, e tinha já em minha mente um
plano traçado de conhecê-la por inteiro. Então acabei por olhar o mapa e
começar pelo começo, Portugal era o primeiro pais na linha de aproximação da
Europa pelo Brasil, junte-se a isso a facilidade do idioma (uma falsa verdade)
e ainda queria nesta primeira viagem ir conhecer pessoalmente uma amiga feita
desde os meus quinze anos, através do sistema de Penfriends, o nome dela, PÜA (u com trema) e era de Mynämäki (os dois "a" com
trema) na Finlândia.
Ou eu iria até à cidade dela
ou ela iria com o marido até Portugal. Imagina tabular tudo isso sem internet e
com dificuldades telefônicas, ah se houvesse internet naquela época, estamos
falando de 1986. Para encerrar a história da Püa, nos encontramos na cidade do
Porto [foto abaixo], ficamos dois dias ali, eles seguiram para a Espanha e eu por Portugal. Três
anos depois, em um pernoite em Copenhagen, fui até à sua casa e já os encontrei
com uma filha. Nos falamos até hoje.
Classifico bem Lisboa e Porto
pelos encantos. O povo português, talvez por ser um dos maiores exportadores de
gente do mundo, e porque, creio, não haver uma casa portuguesa que não tenha
algum familiar em algum lugar do mundo, recebe muito bem a todos, e em especial
a nós brasileiros. Só isso já seria um atrativo, mas eles têm história, a
valorizam e cuidam para que não seja esquecida.
Eles têm tradições, e as
valorizam, seu patrimônio arquitetônico é impressionante e repleto de influências
por conta das ocupações (visigoda, islâmica, etc.).
A cultura é ímpar, seja nas
letras (Dom Diniz, Camões, Eça de Queirós, Saramago, Fernando Pessoa, etc.).
Na música erudita (Frei
Antonio), no Fado (Amália Rodrigues, Ana Moura, Carlos do Carmo, etc.).
Ou nas artes: Vieira Lusitano, Miguel Lupi, Júlio Pomar,
Cyrilo Machado, etc. Sem contar uma das mais belas artes quase sempre sem
autores conhecidos, a dos azulejos pintados em lápis-lazúli.
A gastronomia espetacular.
E como não falar da incrível
capacidade de conhecimento (quando não tinham, iam buscar), dominaram metade do
mundo conhecido e desconhecido. É impossível falar de Portugal em poucas linhas.
O mesmo para as cidades do Porto e Lisboa, elas têm isso tudo. Você pode ir ao
café que Pessoa frequentava ou então simplesmente andar pelas ruas do Chiado e
seguir os caminhos de Pessoa até à Igreja Nossa Senhora dos Mártires [foto abaixo], onde ele
foi batizado, os sinos que dobravam que ele tanto os cita em suas obras.
Como não ver o nascer do sol
no Miradouro das Portas do Sol [foto abaixo] e descer caminhando pela Alfama, passar pelos
Pateos do Rossio, do Barbosa ou Estrela de Ouro, tomar uma Ginjinha do senhor
Espinheira (não sei se ainda vivo) ali no largo São Domingos.
Porto, a maravilhosa "Portus Cale" (200 a.C.), precisa falar muito de uma cidade com esta idade? Sim, precisa, uma das coisas mais belas de lá é a Livraria Lello [foto abaixo], próxima à Torre dos Clérigos. Ir ao mercado do Bolhão, museus importantíssimos.
A sua geografia é cansativa
para caminhar, mas vale cada esforço, pois a sua arquitetura é fabulosa, suas
igrejas, o casario, as pontes são tantas e belas (Luiz I, de Gustav Eiffel), a
ponte Dona Maria, o cais da Ribeira, a Rotunda da Boavista (Praça Mouzinho de
Albuquerque).
Quantos conhecem o café
Majestic?
A cidade ainda tem o vinho do Porto
(Vila Nova Gaia). Como não falar das caves? E ainda daquela região também sai o
vinho verde, fiz um passeio de barco subindo o majestoso rio Douro, até os
campos das videiras, e as vinhas que me lembro da luz do sol e da cor do céu.
Alguns anos atrás, ainda
trabalhava na TAM, fui a Portugal para conhecer alguns outros lugares e nesta
ocasião ficamos hospedados num lugar chamado Palácio do Freixo, MARAVILHOSO.
Bom, falei demais, não, falei
foi pouco, cada país tem seus encantos, histórias e estórias, casos e causos,
nenhum lugar pode ser assim tão ruim, pode sim estar sendo apenas visto. Nós devemos
olhar com os olhos, com o coração e com tesão, só assim poderemos enxergar sem
sombras todos os matizes, olhar depende
de você abrir sua mente.
Já ver é simplesmente o óbvio, e isso temos de tirar de nosso
espirito, só assim podemos agigantar nosso conhecimento e nossas experiências,
tanto com as pessoas, como com os lugares. Olhar tem a ver com sentir, cheiros,
sabores, toques e sensações, alegrias e tristezas, conversar com os outros.
Então, lá atrás eu disse que não
tínhamos dinheiro para viajar, mas nas poucas ocasiões que o fazíamos, aprendi
a olhar. A escola Lisboa e Porto, PORTUGAL, me ajudaram ainda mais a OLHAR o
mundo, tanto pela riqueza como pela simplicidade, por isso as qualifico tão bem.
Que
extraordinário! Se você emigrar para Portugal, logo, logo terá trabalho: Guia
Turístico!
Onde você estava quando a Varig fechou as portas?
Em janeiro ou fevereiro de
2006 a Varig lançou um programa de PDV, eu e um amigo entramos e havia uma data
limite para confirmar. Como aqui em casa éramos muitos parentes que lá
trabalhavam (Comissária Mônica Sichi, minha irmã, seu marido, Roberto Peixoto,
um primo, Valter Sichi, e sua esposa, uma prima na manutenção, e na época eu
namorava uma comissária), todos me acharam louco. E meu pai, este sim,
extremamente conservador e um otimista natural, ficaram me falando para não o
fazer. Então, dois dias antes da confirmação arremeti do PDV. Pois bem, o meu
amigo recebeu tudo, eu não! Paralelamente a isso comecei a procurar emprego e
apareceu uma proposta, que fui cozinhando, para trabalhar em navio.
Na penúltima semana de julho
eu estava de sobreaviso e me acionaram para um voo para Nova Iorque, lá ficamos
alguns dias pois nunca chegava uma máquina para voltarmos, a coisa já estava
bem feia, foi o pior pernoite da minha vida. Nem quando fomos fazer a retirada dos brasileiros de Luanda foi tão
difícil. Foi um medo interminável. Quando a máquina chegou, um Boeing 767 todo
arrebentado, cheio de problemas de manutenção,
eram poucos os passageiros que ainda confiavam na empresa, o voo estava
com um quarto da sua capacidade, sem carga, ele era todo Classe Econômica, mas
havia uns oito ou dez passageiros que tinham pago business e foram acomodados de forma a que ficassem com uma fileira
para poder deitar e tentar assim compensar o inconveniente da diferença da
tarifa.
Olha, foi um retorno triste,
muito triste por conta da decadência física da empresa, mesmo assim todos
estavam com o seu melhor humor, seus uniformes impecáveis, e suas esperanças numa
recuperação!
Se passaram alguns dias e a
AFA (Associação dos Fofoqueiros do Aeroporto) ventilava muita coisa, já existia uma apreensão enorme, cada vez que o
telefone ou o interfone tocava era um sobressalto, até que recebi o fatídico
telegrama, (eu não estava na privilegiada lista
dos quinhentos e cinquenta ou seiscentos escolhidos para ficar), no dia 2 de agosto (três dias
antes do meu aniversário), recebi o presente da dispensa sem receber o que
realmente deveríamos!
Passado o choque, entrei em
contato com o operador da Costa Cruzeiros, (eu já havia feito os cursos para
trabalhar embarcado e todos os exames médicos necessários), e no início de
setembro embarquei em um avião da Air France até Paris e de lá até Gênova, onde
embarquei num navio chamado Costa Atlântica para um contrato de seis meses sem
voltar para casa.
E esta já é outra história
cheia de histórias e causos!
E sobre o Rio de Janeiro, não é uma ‘cidade maravilhosa’?
O Rio de Janeiro é lindo! Uma
cidade de imensas riquezas naturais, históricas, culturais e muitas outras
coisas a serem descobertas!
Não tenho paixão pelo Rio, mas
o admiro, não gosto do jeito do carioca levar as coisas, mas os entendo,
respeito e também admiro!
Hoje é lamentável ver que a
cidade continua maravilhosa, sim, maravilhosa para os traficantes que nunca são
pegos, vivem impunemente e conseguem transformar a vida das pessoas honestas e
trabalhadoras em um inferno.
O Rio é maravilhoso para os
malfeitores eleitos por nós para roubar a educação das crianças, para extirpar
a possibilidade de um atendimento médico, e maravilhoso para desonrar os
professores, bombeiros, policiais e funcionários públicos não pagando seus
salários. Para distribuir benesses e presentes para os prostitutos da corrupção.
O Rio é maravilhoso ao deixar
que seja tão fraca a sua governança e tão podre seu reino, que nem a
intervenção do Exército ou da Divina Providência poderá curá-la!
Estive no Rio por ocasião dos
Jogos Olímpicos para assistir ao jogo de basquete Brasil X Argentina, o qual
perdemos com uma elegância que mais pareceu uma vitória!
E aquele Rio sim é o Rio
maravilhoso, onde a cidade (apesar de não estar 100% pronta) o carioca mostrou
sua força e determinação, onde todos estavam empenhados em tornar o sucesso de
seu dia a dia na esperança do melhor futuro, de mostrar como o Rio é lindo e
cheio de atrações, e que o povo Carioca é ainda o Melhor do Rio!
Tem saudades da Aviação?
Não e sim! Sim para os tempos
da aviação glamorosa, elegante e segura vividas na Varig, tenho saudades dos
pernoites e de alguns colegas.
Na TAM em cinco anos vivi
alguns bons momentos, mas no geral não gostei de voar lá!
Da aviação de asa rotativa, os
helicópteros, onde me aposentei, sim tenho saudades, foi uma experiência
inovadora em termos de aviação e um desafio novo para quem já estava em fim de
carreira, foram cinco anos muito especiais.
Então, depois de ser demitido da RG foi trabalhar num navio de
cruzeiros...
Sim, logo depois de a Varig
nos dispensar, eu tinha uma reserva financeira razoável e suficiente para um
bom tempo sem trabalho, mas as contas eram grandes, dois filhos em escola
particular, plano de saúde, etc. Eu não podia queimar esta gordura, tinha de
arrumar uma maneira de ela ser recuperada parcialmente, então aceitei esta
proposta e me aventurei.
Eu havia me candidatado para
garçom, mas me ofereceram o Duty Free,
meu salário era de US$ 500,00 mais comissão sobre as vendas, (no melhor mês
levantei US$ 4.200,00), me saí bem como vendedor de bugigangas e porcarias, souvenirs e bebidas, foi uma experiência
das mais enriquecedoras e assustadoras!
Se eu fosse mais novo, ou tivesse
o dom de poder voltar no tempo, e pudesse escolher entre tripular aeronaves ou
navios, eu escolheria o navio, mesmo trabalhando MUITO (e olha que a minha era a melhor posição do
navio depois dos que trabalham no cassino, por conta das regras de tributação
dos portos, enquanto o navio está aportado estes locais têm de ficar fechados,
e o duty free por questões de
fechamento de caixa não pode ficar aberto além das 23h30), então sempre
tínhamos folga nos portos, salvo nos dias de Port Maning (uma parte da tripulação precisa permanecer para
atender emergências).
Em geral, os armadores
contratam jovens entre 18 e 25 anos, eu com meus 45 anos (e não sendo Oficial
de carreira) era um dos poucos TIOZÕES da embarcação, e ali descobri que
poderia ser um avatar, ser o quê, quem e como quisesse, pois ninguém me
conhecia ou sabia quem eu era e pouco se importavam. Todos, mesmo os jovens,
estavam ali para se divertir, ganhar uma grana se divertindo, e passear
ganhando um pouco mais de experiência para o futuro mercado de trabalho.
Acabei sendo eu mesmo, mas sem
correntes, os jovens não acreditavam nas minhas maluquices e brincadeiras com
os hóspedes/passageiros.
A vida no navio consiste de
altos e baixos, de euforias e melancolias, de saudades e desapegos. Meus piores
momentos no navio eram na hora de puxar a cortina do meu catre e ficar
aprisionado com meus pensamentos. Minhas lembranças eram imediatamente
remetidas aos meus filhos que, mesmos acostumados com minhas partidas para
voar, elas sempre tinham chegadas em alguns dias, mas ali seriam meses e meses,
e nós sentíamos muito isso, mesmo tendo facilidades de comunicação, foi
difícil.
Em meados de novembro
aportamos em Gibraltar e fiquei sabendo que o meu contrato seria estendido em
um mês, e que eu mudaria de navio, para um gigante, o Costa Fortuna, na época o
quinto maior do mundo e que ele viria ao Brasil (temos um pequeno apartamento
em Santos e por conta disso conseguiria ver meus filhos antes do NATAL) e assim
poderia vê-los algumas vezes a cada aportagem. Saí do navio e liguei o celular
para enviar um SMS a meus filhos avisando que iria ligar de um locutório ali
perto para falar com eles, e meu telefone tocou, não sei porque atendi, e era o
pessoal da TAM me chamando para entrevista, expliquei minha situação e que só
estaria disponível para entrevista em fins de março.
A atendente do RH, disse que
poderia ser 26 de março de 2007 e que me enviaria um e-mail confirmando, e não
nos falamos mais. No dia combinado, três dias depois de chegar em casa, eu e ela
estávamos ansiosos por ver se aquele encontro iria acontecer, e tenho a certeza
que por conta deste compromisso me contrataram.
Uma das coisas que mais curti
no Navio foi ver, olhar, viver e estar em lugares dos quais somente via do alto
quando cruzávamos o atlântico e por vezes ouvia os pontos de checagem na cabine
de comando pelo rádio. Conheci lugares que jamais conseguiria ir por minha
conta como Dakar, Casablanca, Fez e Marrakesh, Gibraltar (britânica),
Nouakchott (Mauritânia), as ilhas maravilhosas de Cabo Verde, Tenerife, Las
Palmas, Arrecife, Puerto del Rosario, Funchal (Madeira).
Quando mudei para o Fortuna,
mudei de base de Gênova para Veneza, e de lá partia num cruzeiro que tinha as
seguintes paradas: Veneza, Split
(Croácia), Piréus (Atenas), Heraklion (Creta), Haifa (Israel), Alexandria
(Egito), Trípoli (Líbia), Túnis (Tunísia), Valeta (Malta) e retornávamos a
Veneza.
Ainda tínhamos outros
cruzeiros com paradas diferentes em lugares como Ibiza, Palma de Mallorca, Málaga,
ou então as ilhas Gregas e Turquia (que eu já conhecia), passar de navio pelo
estreito de Bósforo, sair do navio e correr para ir até à ponte do Bósforo
e ficar no meio dela com um pé na Ásia e
outro na Europa, ou então ir até Kunkoy
para nadar no Mar Negro, ah! o mar de Dardanelos, o Egeu, Jônico, Mediterrâneo,
o Tirreno, enfim, foram privilégios de um viajante atento que levou muita gente
para olhar o mundo.
Enfim, foi uma sucessão de
descobertas impressionantes.
Nos navios, principalmente os
mais tradicionais, a hierarquia é imperiosa e a disciplina levada muito a sério.
Existem três regras de expulsão imediata (com prisão e desembarque na parada seguinte): roubo (de pertences do passageiro
ou colegas); qualquer tipo de agressão física (pode falar o que quiser, mas jamais
tocar, inclusive assédio); e uso de drogas (éramos testados com frequência).
Existiam ainda os WARNINGS,
cada um tinha direito a cinco, ao alcançá-los era desembarcado. Recebi quatro: usar
celular em área de passageiros, mas fui anistiado.
Viver em um Navio é um exercício
pleno de aprendizado, tanto pelo confinamento como pelo
isolamento/distanciamento.
O navio tinha 327 metros de
comprimento e quase 600 câmeras, era um Big Brother, 4.200 passageiros
controlados por 1.200 tripulantes. Éramos oriundos de sessenta e quatro
nacionalidades. Os idiomas oficiais eram o italiano (por conta da bandeira do
armador) e o inglês. Durante qualquer aglomeração nas áreas comuns de lazer ou
às refeições, falar com um compatriota em seu próprio idioma era considerado
falta grave. Então, mesmo os que não dominavam os idiomas oficiais se
esforçavam em falá-los e era muito interessante e divertido ouvir os sotaques.
As refeições eram fartas e de
excelente qualidade, tínhamos café da manhã, almoço e jantar em refeitório
comum a todos, e ainda frutas, pães, embutidos e queijos, sucos, café e leite
em todos os intervalos, e para os que viravam a noite uma bela ceia.
Os uniformes eram lavados a
cada dois dias pela lavanderia do navio, dominada pelos chineses. A roupa pessoal
era lavada em uma lavanderia com quinze máquinas de lavar e secar e ferro de
passar, mas o sabão, amaciante e outros eram oferecidos pelo navio. Poucas
vezes usávamos nossas roupas pessoais. Eu, por ser STAFF, tinha liberdade para
transitar pelo navio e usar os bares (não restaurante e nem piscina), pagando um
quinto do valor cobrado dos hóspedes, mas éramos obrigados a estar com os TAGs
de identificação que tinham um chip dedo-duro de entrada/saída nas áreas de
tripulação e PAX. Os CREWs não podiam circular pela área de PAX quando não
estivessem trabalhando, visitar cabine de passageiro? NÃO. 😊😊
Eu consegui autorização especial
dadas pelo Comandante e pelo Cruise
Director para jantar no restaurante dos passageiros, para acompanhar um
casal de tios que estava fazendo o crossing
do Brasil para a Europa.
Que interessante o seu relato!
Pelo que se entende em resposta anterior, você se demite da empresa de navegação para ingressar na TAM, certo?
Pelo que se entende em resposta anterior, você se demite da empresa de navegação para ingressar na TAM, certo?
Quando a moça do RH da TAM me
ligou era novembro, eu ainda tinha meses de contrato a cumprir e mais uma
extensão de trinta dias, eu disse à moça que não poderia abandonar o emprego
que estava, por não gostar de interromper as coisas que inicio e esta tinha
prazo e regras, que só estaria disponível no Brasil em meados de março. Pensei
comigo “vou abandonar este que está certo por uma entrevista??” Enfim, a moça
já devia ter um planejamento e me agendou para março, depois disso não nos
falamos mais.
Depois, no dia da primeira
entrevista estávamos eu e ela (pois ela fez questão de me entrevistar) querendo
saber se ambos honraríamos um compromisso estabelecido meses antes, ela me
confidenciou que não acreditava muito que eu estaria lá, e eu não acreditava
que o meu nome estava lá. Ambos erramos, mas acertamos em cumprir o agendado e
por conta disso creio que foi um diferencial para a minha contratação!
Foi uma das pessoas mais
bacanas e comprometidas da TAM que conheci!
Então, você vai trabalhar na TAM, sai dos navios e volta para os
aviões, confere?
Sim, ao final do meu contrato
no navio em março, começo o curso em abril de 2007 na TAM, turma 89 com 145
alunos!
Começou voando qual equipamento?
Início de carreira e vamos
começar pela Nacional, então, me habilitei nos A-310, A-320 e o A-300 para
eventuais voos nacionais.
Para a Formatura, a empresa
fazia uma bela festa com a entrega dos Brevês, com coquetel e um belo baile e podíamos
levar até oito convidados. A empresa estava no auge e não poupou dinheiro para
nos receber e apresentar a Empresa. Enquanto eu estava em curso ainda havia
mais três turmas com cerca de 150 alunos cada uma, a Academia da TAM estava
fervendo de gente.
Meu voo de instrução estava marcado
para o dia seguinte com apresentação em Congonhas às 18h45, era o dia 17 de
julho de 2007, eu estava descendo a escada da passarela sobre a Avenida quando
ouvi um estrondo e um brilho de chamas, vi que uma aeronave tinha se espatifado.
Corri, larguei a minha mala na
lojinha da GOL e corri ao local do acidente, cheguei cerca de três minutos
depois dos bombeiros, já não me permitiram ajudar, nem tinha nada a fazer.
E então fui ao D.O., estava o
caos total, gente chorando, pessoas passando mal. A Chefia tinha um posto
avançado no D.O., os chefes estavam sem saber o que fazer. Então vi a nossa Gerente
de Comissários, fui até ela para oferecer ajuda, pois vinha de um grupo
especial muito importante na Varig para atuar em casos de crises e catástrofes,
a senhora Cindy abriu os braços e me puxou para a sala.
E ali comecei a dar orientações,
com o aeroporto fechado, mandar para casa os que não estavam em condições de
voar, cancelar e redirecionar para outros aeroportos os que ainda tinham apresentações.
Os que estavam bem e tinham condições de ajudar ficaram ali. Os outros foram para
os aeroportos de GRU e VCP. Logo chegou uma colega de turma da Ocean Air, a
Fernanda, que também participava do grupo de crise da Ocean e começou a ajudar.
Me lembrei da Elaine Sampaio e da Malu que estavam em uma turma depois da minha
em curso e as convocamos para a manhã seguinte.
A TAM tinha um grupo de crise
que se chamava PEACE (Programa Especial de Atendimento ao Cliente em Emergências) e tinha mil e oitocentos membros em São Paulo (GRU e CGH), só cinco
apareceram. Sei que estas situações são para pessoas preparadas, e assim foi.
Dormimos às 3h da manhã e às 6h já estávamos prontos.
Naquela noite organizamos o
que deu, consegui esvaziar o D.O. em duas horas, e montamos uma linha de ação
para o dia seguinte baseada no plano deles e no que sabíamos do nosso.
Fernanda e eu fomos tirados da
instrução, Malu e Elaine também foram tiradas do curso, e outros ex-Varig também
se voluntariaram, mas não me lembro do nome de todos. Era a Varig organizando e
praticamente à frente da maior crise da TAM.
Ficamos atuando junto com os psicólogos,
médicos e outros voluntários para fazer aquilo que sabíamos. No salão
presidencial de Congonhas foi montado o atendimento aos parentes das vítimas, éramos
responsáveis pela triagem, busca de informações sobre roupa, tatuagens, joias,
se tinham imagens da arcada dentária, enfim, pois assim seria a identificação.
Imagine a pessoa em desespero pela dor, e nós termos de acalentá-las e ainda
sugar o máximo de informação, foi difícil, pois não eram só as vítimas a bordo,
mas os de terra e as pessoas das casas vizinhas atingidas.
Passados os dois primeiros dias,
coube a mim a incumbência de acompanhar os parentes até ao IML (Instituto Médico-Legal) para identificação visual
daqueles que dava pra fazer, e minha outra função era ir com os vizinhos (cerca
de vinte e cinco casas), que estavam na área interditada, acompanhá-los até às suas casas,
para alimentar os seus pets, buscar roupas e pertences, enfim, foram dez dias de muito trabalho e pouco sono. Ficávamos
ao dispor dos parentes, éramos uns vinte e cinco comissários e, pelo menos, doze
eram ex-Varig fazendo este trabalho. Foi um grande orgulho.
Por conta desta atuação,
recebi da TAM uma medalha e um boton especial ‘aqueles que fazem coisas além do
esperado’. Poucos a tem, também recebi uma carta do presidente da TAM agradecendo
tal atuação.
Não fizemos nada além daquilo
que sabíamos fazer, ajudar e dar suporte. Mas foi lindo, dentro daquela
desgraça vi coisas que jamais esquecerei.
Findo isso, me deram três dias
de folga, e começou a minha instrução num inativo em Macapá. Havia em geral uma
grande resistência do pessoal SANGUE PURO ou P.O. (puro de origem) da TAM em receber os colegas
de outras empresas. Comigo foi tudo tranquilo, minha instrutora tinha a idade
que eu tinha de voo (23 anos) e foi muito profissional, carinhosa e me ajudou
muito a entender o jeito TAM de viver.
Tem a história do B-777, que
fomos convidados a fazer o setup da máquina e é uma boa história.
Estou esperando...
Na Academia da TAM, o
equivalente ao nosso CTC, já existia um grupo de instrutores que era subordinado
aos TAM, mas eram as estrelas e quem carregava o treinamento na academia e iam
treinando os P.O., eram eles o Marcos
Torres (ex-VASP), Pavuna, Martorel e Flavio Rodhe (ex-RG) e um cara muito bom
da própria TAM, o Luiz Marra, eram eles o pilar do treinamento de comissários e
pilotos.
Fiquei um bom tempo na Nacional,
e adorei poder ir e rever vários pernoites que há muito tempo não ia, e alguns
que nunca havia feito.
A TAM, de forma sigilosa,
havia feito uma encomenda de três aeronaves B-777. Em fevereiro de 2008 foram
avisados da entrega de duas delas para julho desse mesmo ano. Aí começou a
correria, primeiro porque havia na empresa uma certa repugnância em relação à
Boeing, (eles já haviam trabalhado com os MD-11 e nesta ocasião buscaram o
pessoal da Vasp/Varig que deu um by pass no
povo da TAM, pilotos e comissários, criou-se um certo mal-estar.)
Como eles não tinham experiência
nenhuma em Boeing, muito menos em B-777, buscaram dentro de seu quadro os
pilotos e comissários que tinham habilitação neste equipamento e selecionaram
um grupo de pilotos e comissários (os com mais horas no equipamento) para
organizar manuais, o setup de galleys, sequência de serviço de bordo, enfim,
tudo da aeronave, mas faríamos isso em consonância com o pessoal TAM.
Chamaram dez pilotos e cinco
comissários ex-Varig para participar disso. Os pilotos que me desculpem, mas não
vou citar os seus nomes, os comissários foram Roberto Peixoto, Calmon, Eduardo
Dimas, eu e um outro rapaz (muito bom) que era do CTC, cujo nome me falha agora.
Nos fizeram uma proposta: faríamos
toda a parte técnica e setups, a homologação e ainda daríamos a instrução aos
instrutores, chefes de cabine e alguns outros comissários da TAM, mas não receberíamos
nem dinheiro nem teríamos o título de instrutores, e que por conta disso ficaríamos
voando o B-777 em todos os seus voos (FRA, SCL, REC e MAO) por um ano a partir
do início da operação da aeronave. Todos aceitamos e trabalhamos duro, foi
muito bom desenvolver e ajustar nossos perfis ao exigido pela TAM. Os manuais técnicos
foram sugados dos da Varig, de resto tudo ajustado.
É claro que houve resistências
e alguns bate-bocas, principalmente por se sentirem em desvantagem e acharem
que poderíamos gerar interferências. Foram meses saindo de escala a toda a hora
para as reuniões, e em julho a aeronave chegou.
O diretor de Operações na ocasião
era o senhor Spoleder, ele nos chamou e disse que se conseguíssemos homologar a
ACFT (aircraft, NdE) de primeira, (a TAM, até
então, nunca havia conseguido homologar uma aeronave de primeira), pagaria o
jantar para todos. Éramos cerca de trinta tripulantes, já estávamos no RIO pois
a homologação seria no hangar gigante (ex-Varig) do GIG, e pedimos para ele nos
dar a liderança do evento e que seguissem nossas orientações (pilotos e comissários).
Fizemos reuniões e treinamos
por dois dias (entre narizes tortos e orgulhos feridos), fomos de madrugada
para o Galeão e lá montamos as tripulações. O resultado foi um sucesso,
homologamos de primeira sem NENHUMA ressalva. A nossa vitória e dos colegas da
TAM foi paga e saiu bem cara.
A aeronave era de última
geração, com tudo de primeiríssima linha, tanto para passageiros como para as tripulações,
crew rest (zona
de descanso com leitos, NdE) para comissários, tudo lindo.
No final de julho iniciamos os
voos de adaptação e instrução, e no início de agosto iniciou a operação e
instrução geral.
Passados dois meses já havíamos
cumprido nossa meta e estávamos à disposição da TAM. Ela cumpriu a promessa,
ficamos lotados no B-777. Em julho do ano seguinte, quando saiu a publicação da
escala de agosto, todos já estávamos retornando aos nossos lugares em função da
senioridade.
![]() |
Aeroporto de Frankfurt, 23-10-2017, foto: Konstantin Wedelstaedt |
O que tinha de novo esse mundo?
A aviação de helicópteros ou
de asa rotativa já é diferente de tudo, agora coloque esta aviação no mercado offshore,
ou seja, para atender as plataformas e navios de produção e prospecção de petróleo.
No Brasil, no ano de 1968 se
iniciou a extração de petróleo em águas abertas, isso aconteceu em Sergipe, a
oitenta metros de profundidade, a cerca de dez milhas da costa. Os funcionários que
nelas ficam embarcados trocam a cada quinze dias em média. Esta troca era feita
por embarcações. Com a descoberta de novos campos marítimos, principalmente na Bacia
de Campos, desenvolveram embarcações do tipo catamarã, mas pelas distâncias
(50, 60, 120 e hoje até o limite territorial no pré-sal, 200 milhas de distância)
encontrava-se um mar turbulento, os trabalhadores levavam muitas horas e
desconfortos tremendos pelo marear, fora os acidentes bastante comuns causando
muitas perdas de vida. Com isso o helicóptero mostrou-se ser eficiente,
relativamente barato, rápido e muito mais seguro.
Uma das primeiras empresas a
operar em contrato com a Petrobras foi a VOTEC e usava um Helicóptero da SIKORSKY,
o S-61, que levava vinte e seis passageiros. Sua tripulação era um comandante,
um copiloto, um mecânico de voo e um comissário.
Estas aeronaves foram sendo
trocadas por S-76, Augusta, Bell, de médio e pequeno porte, até que apareceu o
Super Puma da Airbus que levava vinte e um passageiros e três tripulantes,
incluindo um comissário. Isso só ocorria por a legislação RBH exigir comissários
em aeronaves que levem mais de vinte passageiros.
Em 26 de fevereiro de 2008, um
Super Puma, após decolar da P-18 com vinte passageiros e três tripulantes, se
choca com o mar. Cinco passageiros e o comandante morrem, a Comissária DANIELE
(então com três meses de voo) foi a protagonista do acidente, ela foi a responsável
pelo salvamento dos passageiros e ajuda aos mesmos até a chegada do resgate na
balsa.
Seu feito foi observado pelas
pessoas da plataforma e das embarcações de apoio que ficam ao largo das
plataformas e saíram em apoio, ela foi a última a abandonar a aeronave, e
buscou os passageiros que estavam se perdendo, de forma heroica e destemida. Por
conta disso, ela recebeu a mais alta honraria dada a um aeronauta, a Medalha
Santos Dumont.
Por causa deste acidente houve
um embargo a estas aeronaves. Foram então trazidas novas aeronaves, EC-225 (Eurocopter,
anos depois comprada pela Airbus Industry), super modernas e confiáveis, mas
elas só transportavam o máximo de dezenove passageiros, aí sem comissário. Por
conta do heroico desempenho da Daniele (com quem trabalhei), as empresas
Petrobras, Shell, Chevron, etc. optaram por levar um passageiro a menos e manter
a importante figura do COMISSÁRIO em uma aeronave tão GRANDE.
O mundo novo vem daí, é uma
atividade de altíssimo custo, financeiro e de vidas, (alguns sites sobre
trabalhos perigosos qualificam como uma das vinte profissões mais perigosas), treinamento
impecável e severo.
Não existe serviço de bordo
(nem em voos de comitiva), o comissário está ali única e exclusivamente para a
segurança dos passageiros e da aeronave. Sim, diferente da aviação comercial, o
comissário está em contato ininterrupto com a tripulação técnica, que depende
de informações que o comissário, (os pilotos não veem a traseira e os lados da máquina)
irá passar em relação a objetos próximos à cauda ou laterais da aeronave; tráfego
vindo pelas laterais e traseira, quanto ele pode ou não se deslocar
lateralmente ou à ré; são os olhos do comando (pois estão em geral sentados de
costas para o nariz e têm uma visão privilegiada), além disso, no fone, o comissário
está ligado nos mesmos canais de comunicação, ouve e ajuda nas transmissões e recepções,
recebe informações da empresa e dos pontos de pouso, controla e separa os manuais e cartas de
navegação, faz o abastecimento e é responsável por ele, cuida e verifica o teor
da carga, verifica e qualifica as cargas perigosas.
Quando pousado é ele quem
orienta o pessoal de HELIDECK ou aeroporto em relação ao desembarque e embarque
dos passageiros, verifica e controla os manifestos, inspeciona a aeronave
interna e externamente antes de voar, no pouso e em área remota (inspeção
externa).
Checagem de cintos e coletes, anúncios
de bordo, abertura/fechamento de portas e porões, tudo é feito pelo comissário.
Enfim, o comissário é um
elemento real da tripulação e é respeitado por isso. O mundo novo é que a
responsabilidade e quantidade de coisas que são feitas e das quais participamos
não se restringem ao serviço de bordo e monitoramento dos passageiros. Tudo o
que acontece com a tripulação, com a aeronave e com os passageiros é comum e
dividido entre todos, e todos participam.
A carga de trabalho do comissário
é intensa entre o pré-embarque e o desembarque, e nos quinze minutos antes do pouso,
fora isso a carga é menor. Não é permitido dormir, e não é difícil ficar
acordado com tanta responsabilidade.
Acorda-se muito cedo, em geral
às 4h30, pois se decola com a primeira luz do sol e só se voa à noite por emergência
ou retorno à base. Se almoça e temos uma hora para isso, seja em terra ou nas
plataformas e navios.
Se dorme todas as noites em
uma cama e em horário decente, não tem fuso horário, não tem madrugadão, não
tem passageiro desrespeitando ninguém, não tem nem banheiro para urinar – aí houve
várias histórias.
Este mundo novo me encantou
muito, era tudo o que eu imaginava de uma aviação responsável (não que a Varig não
fosse) mas era diferente.
Faltando dois anos para eu
sair, a empresa montou um grupo de pilotos, comissários e mecânicos que
atenderiam uma necessidade do offshore (pela incapacidade, ineficiência e
demora do SAR federal), (SAR-Search And Rescue =
Busca e Salvamento, NdE) de um serviço de SAR civil. Eu fui um dos três comissários
escolhidos para iniciar os treinamentos, fizemos uma longa jornada deles, eram
duros e muito especiais, lamentavelmente o serviço não vingou e não tive tempo
de atuar de forma real neste segmento.
A aviação comercial é a graça e a beleza, a
offshore é a graxa e a força. Passei alguns perrengues sim, fiz voos onde
poucos já puseram os pés, voei sobre a Amazônia, sobre Marajó, voei abaixo de
500 pés (1 pé = 0,3048 m, portanto, 500 pés = 152,4
m, NdE) por conta de uma perda de motor.
Pousei em rincões como Oiapoque, Amapazinho, voei até à divisa do mar territorial do Brasil e Suriname, vi a bruxa acenar várias vezes, atendi a todo tipo de emergência médica a bordo (só não fiz um parto a bordo, este é meu lamento de me aposentar sem ter isso no currículo).
Pousei em rincões como Oiapoque, Amapazinho, voei até à divisa do mar territorial do Brasil e Suriname, vi a bruxa acenar várias vezes, atendi a todo tipo de emergência médica a bordo (só não fiz um parto a bordo, este é meu lamento de me aposentar sem ter isso no currículo).
Vi gente sofrer pela partida e
vi muita gente alegre pelo retorno, vi a migração das baleias de tão perto que quase
dava para sentir os respingos de sua baforada. Vi tantos cardumes, arraias
gigantes, tubarões baleia. Vi muitos tubarões, que quando nos avistavam dava para
ouvir o pensamento deles "oba, hoje teremos comida em lata!".
Enfim, foi um mistério
desvendado, um prazer de ser partícipe verdadeiro de um voo sem estar com os
comandos da aeronave.
Voamos então dois equipamentos,
os EC -225 e o SK-92, um Sikorsk fabuloso, estas máquinas
têm até mais tecnologia do que alguns aviões.
A quê ou a quem você atribui o fechamento da RG?
Esta é uma questão que prefiro
não discutir muito, já perdi amigos, e pessoas me olham torto quando falo
disso.
Evidentemente que foram vários
motivos, não foi uma coisa que fechou a Varig, tivemos má administração sim, e
creio que se agravou depois da morte do Senhor Hélio, um conselho omisso, passos
maiores que a perna. Tivemos de forma contundente conchavos políticos desfavoráveis,
tivemos muitos "salvadores" (internos) da Pátria com egos maiores que
a Varig.
Nós todos tivemos nossa culpa também,
claro, pois tivemos inúmeros sinais da decadência (não recolhimento do FGTS para as contas, INSS , mudanças no
AERUS, enfim, estes sinais de conduta de quem está indo para o vinagre
aconteciam e poucos de nós percebiam ou viam isso. Eu não vi, e os que viram não
nos alertaram de forma contundente, só começamos a nos coçar mesmo, quando os salários
começaram a ser fatiados, aí
a Inês já estava em coma, e todos os "guerreiros da palhaçolândia” abraçamos
uma causa sabidamente perdida, todo aquele envolvimento e sentimentalismo foi
muito bem usado pelos ratos.
Fomos vítimas de um golpe, nos
dados em troca, muito parecido ao aplicado pelo governo e pela própria Varig
contra a Panair e a Real, foi a história se repetindo, e isso já sabemos, a história
sempre se repete, não necessariamente com os mesmos protagonistas, mas repete,
que me neguem Napoleão e Hitler.
Enfim, este assunto até hoje
divide os colegas e amigos, divide opiniões e certezas, dúvidas e acertos.
Este monte de gente divergindo hoje me dá asco, pois se querem fazer algo e conquistar alguma migalha (pois não teremos nada além disso) só se consegue com união e não com fração. Os EGOS e os “eu Fiz”, “eu fui”, “eu sei” têm de acabar, pois com certeza a falta de união e de coesão nossa foi um dos motivos da perda desta queda de braço.
Este monte de gente divergindo hoje me dá asco, pois se querem fazer algo e conquistar alguma migalha (pois não teremos nada além disso) só se consegue com união e não com fração. Os EGOS e os “eu Fiz”, “eu fui”, “eu sei” têm de acabar, pois com certeza a falta de união e de coesão nossa foi um dos motivos da perda desta queda de braço.
Outra coisa que muita gente não
gosta em mim, é que falei e falo ainda, só ficaram viúvas/os da Varig aqueles
que ficaram se lamentando, que ficaram chorando, que ficaram e ainda têm a
certeza que a Varig vai voltar e ele/a vão trabalhar lá de novo.
Quem botou na cabeça que
aquilo acabou, que nos ferramos, e que se um dia com sorte ou com luta,
conseguiremos algo, será bom, e a partir deste pensamento, buscou "o que
sei fazer?", quem foi à luta e procurou se reinventar, quem velou o defunto
e seguiu a vida com saudade do morto sim, mas viveu a vida, foi pra frente,
arrumou emprego, se ajustou e reorganizou
seu plano de vida, que parou de chorar e fez algo por si, que estudou,
que investiu, que correu atrás e se recolocou em outras empresas, estes se
deram bem, estão bem, e vivem bem com o fim da Varig.
Eu chorei sim, chorei como
tantas outras perdas e desilusões de minha vida, mas na semana seguinte eu
estava de pé, e pronto para ir à luta.
Não desisti de meus direitos trabalhistas
e nem de meu Aerus, mas não vou ficar de luto a vida toda. Se algum deste
dinheiro vier vou gastar tudo.
Quais as principais (as mais sentidas) diferenças entre Varig e Tam, na
sua percepção?
Interessante esta pergunta, e
antes de mais nada explico que são opiniões livres de preconceito e/ou ideias pré-concebidas,
nunca fui leviano em comentar algo sobre empresas que trabalhei (não é cuspir
no prato), mesmo que possa parecer. Minhas ideias têm fundamento sim.
Fiquei muito feliz em ser
recebido na TAM, afinal, estava saindo do Navio e tal como nele entrei (sem férias)
já estava em outra empresa e voando, foram transições muito rápidas, óbvio que
ouvia os comentários de meus colegas de outras empresas que estavam lá entrando,
e quase nunca eram bons, mas eu fui ler o livro para ver.
As diferenças de TAM e VARIG são
imensas (pessoas e empresa). A TAM era uma empresa familiar que cresceu muito
depressa em um "golpe" de sorte e de perícia de seus administradores.
Como empresa familiar os mandos e desmandos quase sempre recaem nas costas das
loucuras e razoabilidades de quem detém o comando. Após a morte do Comandante
Rolim, a esposa e filhas assumiram este comando com uma "gestão"
Marco Antonio Bologna, que tinha uma formação acadêmica muito robusta e currículo
bem consistente, tanto que foi contratado pelo Rolim para a vice-presidência em
2001, pois o Rolim já vislumbrava a necessidade de se profissionalizar, (mas
ele, e depois a família, nunca soltava as rédeas).
A empresa, a meu ver, DECOLOU
por uma necessidade absoluta do mercado, (então órfão da Varig dominante) e de
cochilos surpreendentes da GOL. Cresceu
porque alguém tinha de tomar conta do buraco.
Era uma empresa séria? Sim, os
profissionais eram muito engajados na filosofia da empresa adotada por Rolim a
poder de chicote e caneta, (concorda, fica; discorda, desempregado fica). O
estilo levou um tempo a mudar por conta da Maria Claudia que levava a firma no
mesmo tom, apesar de ter feito uma opção muito inteligente por um conselho (que
ela dominava) e que lhe dava algumas alternativas. A principal diferença que
vejo em função desta narrativa se resume em uma palavra, AMOR. Na VARIG o amor
pela empresa era natural, e na TAM era por necessidade ou falta de opção. Os
PUROS DE ORIGEM (P.O.s), como os que só haviam lá trabalhado, e eram muitos,
eram sim, gratos à firma, mas eu os via defendê-la de forma virulenta, não por
amor de verdade, mas por ser a Varig (e seus profissionais) vistos como um inimigo,
imagem criada e instigada por Rolim.
Quando fomos sendo necessários
para o seu crescimento, pois a nossa mão de obra era fundamental para a
profissionalização da empresa, para a sua necessidade de crescimento
internacional, e éramos necessários para amadurecer o grupo, fomos recebidos
sim com muita hostilidade.
Alguns tinham medo, por imaturidade,
pois achavam que iríamos para lá, com toda nossa formação, para desbancá-los. Outros
acreditavam que iríamos poluir o jeito TAM de voar, ou mesmo que iríamos querer
mudar o perfil da empresa (que tinha mesmo de mudar para crescer), mas nenhum
de nós que lá foi alocado queria isso. Queríamos, isso sim, tocar nossas vidas,
ganhar nosso salário, pagar nossas contas e, sim, quando permitido e oportuno,
ajudar a empresa a crescer para não cairmos em outra roubada.
De novo, pergunto, a empresa
era séria? Sim, era séria, mas tinha defeitos e falsidades. O meu maior receio
caía nas condições de manutenção e a interferência aguda na condução de um voo,
o despachante mandava mais no avião que o comandante, a manutenção determinava
e dava aeronaves como prontas sem respeitar a decisão do comandante (era
preciso bater o pé), nós não estávamos acostumados a isso.
A empresa era séria? Pergunto
de novo, era sim, mas quantas empresas aéreas no mundo tiveram dois acidentes
no mesmo dia?
A TAM teve dois acidentes com
Foker's 100, em 30 de agosto de 2002, um em Birigui e outro em Campinas. Quantas
empresas aéreas tiveram duas catástrofes em um mesmo aeroporto (Congonhas) nas
duas cabeceiras?
Quantas empresas colidem com pássaros
em um mesmo dia, 28 de janeiro de 2007, em Porto Alegre e Londrina?
Me desculpem por tantos números,
mas são registros de 1976 até 2008, apenas como TAM. Registros incertos por
conta de problemas de registros e confirmações das épocas anteriores, (sem contar
a VOTEC, comprada, e a partir daí
criada a BRASIL CENTRAL, subsidiaria da TAM) foram mais de cento e
trinta ocorrências de incidentes e acidentes, mais de quatrocentos mortos, mais de
quarenta aeronaves destruídas e vários imóveis arrasados.
Muitos vão dizer que isso é azar ou que eu estou exagerando.
Em vinte e três anos de Varig tive
muitas ocorrências, é claro. Em cinco anos na TAM foram três, quase quatro
vezes, o número da Varig.
Óbvio que melhorou muito, e
espero que esteja sempre melhorando. Empresas são como pessoas, nascem, crescem
e morrem.
Durante a vida aprendemos,
vivenciamos alegrias e tristezas, sucessos e fracassos e melhoramos, ou
morremos mais burros do que nascemos e mais cedo do que podíamos.
E sobre a versão de que José Dirceu era sócio da TAM, é informação
válida ou é boato?
A Varig é o caso mais rumoroso de falência da
história do país. Antes de fechar as portas, foi alvo de disputas acirradas
dentro do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Os envolvidos nunca se
entenderam sobre a melhor estratégia para salvar a companhia. Fora da esfera
governamental, os dirigentes da Fundação Ruben Berta – pertencente aos
funcionários e controladora da empresa – dificultaram o processo ao resistir a
operações de salvamento que significassem a perda do controle acionário.
CONSUELO DIEGUEZ
Se é verdade sobre Dirceu ou sua mulher, Evanise [foto abaixo] serem donos de 20% da TAM não sei e não posso afirmar, mas posso, sim,
especular, com base nos fatos, que a História VARIG - DIRCEU - TAM -
GOVERNO - PT está ligada por mais pontos que a Rosa dos Ventos.
A Varig, já ruim das pernas, todos queriam dar um
pitaco e ganhar algo com este caso, e o governo PT não estava de fora, as
propostas de solução do Governo (sempre barradas pela turma da Varig) e
negativas de empréstimos do BNDES indicam uma solução que
interessava à TAM, que através de Mandelli Martin, então presidente
da TAM, (este amigo íntimo de Palocci e de Dirceu): a proposta
consistia em uma fusão VARIG/TAM.
Foram feitos alguns voos de parceria para tentar
viabilizar, todos devem lembrar...
O pessoal do Rigoni, da FRB, e da APVAR, a cada
proposta da TAM entravam com uma Liminar ou davam um jeito de embaçar o acordo.
Até onde sei, a quadrilha do governo PT (que
já não estava muito a fim de um acordo, pois sabiam que se a Varig fechasse o
mercado seria dela, TAM, e da GOL, e que sem esforço iriam crescer, e aí
Palocci e Dirceu ganhavam) e o próprio Mandelli se encheram.
Uma coisa que me surpreendeu na época foi saber que
Dona Noemi, viúva do Rolim, então dona de mais de 70 % da TAM, não gostava da
ideia de fundir as duas empresas e brigou feio com o Mandelli (genro do Rolim),
o que resultou na sua saída da presidência da TAM.
Quem assume as negociações é o Conselho da TAM, que
segue Noemi como cão, e ela embaça tudo.
O PT (o partido tinha um contrato de seus
militantes só voarem na empresa), por conta disso, dizem que havia uma dívida
do PT com a TAM de mais de vinte e cinco milhões de reais, (que foi perdoada
logo depois do fechamento da RG), então a partir disto o Governo saiu do ar, a
TAM saiu do ar, pois seria fato a absorção do mercado esburacado por nós, e
muito mais barato – só algumas propinas
e esquecimento de dívidas.
Paralelo a isso tudo teve a criação da ANAC, (Agência Nacional de Aviação Civil) (totalmente administrada e comandada pelo PT), e desde então a TAM passa
surpreendentemente a ter multas irrisórias e apenas por atraso de voo. A Varig despenca
e se afunda. Existe uma conversa sobre uma visita de Dirceu à presidência da Varig,
onde ao fim da reunião Dirceu sai aos berros dizendo que iria arruinar a Varig.
Enfim, tem muita História e muita Estória aí. O
fato, no meu entender, é que a fusão seria uma ótima pedida, sairíamos de uma
situação de aniquilação para virar uma das maiores empresas do mundo. Seria
chato brigar por qual filosofia tocaria a coisa, mas era evidente que seria a Varig,
éramos em número muito maior, mais organizados, competentes
e estabelecidos internacionalmente, (talvez por isso a Noemi ficou puta e
barrou). Para piorar, o pessoal da APVAR e da FRB queriam uma solução diferente
e o resultado foi que nós, pequenos peões, tomamos no rabo por conta das birras
e interesses dos grandões.
Enfim, cada um tem uma visão disso. Não sei se
consegui me fazer entender.
Curiosa e coincidentemente, eu anotei uma pergunta a lhe fazer, desde
quando você citou o CTC: as empresas, de verdade, se preocupavam com a
Segurança, DENTRO das aeronaves?
Na empresa onde nos conhecemos, existia um CTC, depois CTO... eu sempre
percebia um ‘desnível’ entre Serviço de Bordo e Segurança, ou seja, entre
Segurança e Comércio. O que estes ensinavam bem colidia com o que aqueles
ensinavam bem. Isto é, cancelar um serviço, por questão de Segurança, era um
exercício de segurança pessoal do chefe responsável... Qual é a sua opinião?
Mais uma sinuca de bico... 😉
Sim, Jim, você já viu alguma
propaganda de empresa aérea no mundo
mostrando uma evacuação de passageiros mesmo com a aeronave intacta, mas
em meio a fogo, fumaça, mostrando os comissários gritando palavras de
ordem para os passageiros e os
conduzindo com eficiência, segurança, tranquilidade e destreza para as escorregadeiras-barco, e ainda dizendo
"venha voar conosco, em caso de emergência nossa tripulação está super
treinada para tirá-lo a salvo"? Eu não me recordo de ver alguma coisa
assim.
Faça uma busca no google e verá
que para vídeos ou postagens de treinamento de emergência em aeronaves existem quarenta
e oito mil referências. Pergunte sobre Serviço de Bordo, devem aparecer algo
como mais de cento e trinta e sete mil, três vezes mais.
Porque iniciei assim esta resposta?
Simples: SEGURANCA, TREINAMENTO em CATÁSTROFES E EMERGÊNCIA não vende passagem (não
de forma ostensiva), claro que é um fator que preocupa os usuários, ninguém vai
viajar em uma empresa que sabidamente é problemática. Os passageiros também têm
culpa, veja estes números: cerca de 93 % de passageiros frequentes não assistem
ao briefing ou leem os cartões de segurança que são orientados a fazer; cerca
de 38 % dos passageiros eventuais assistem; e 93 % dos de primeira viagem assistem,
o interesse pela própria segurança é tomado como impensável.
Aquele que não se doutrina ou
se atenta para os princípios e normas de segurança, sempre vai errar, e na hora
não vai fazer nada por si. Quem presta atenção tem mais chances de acertar na
hora do desespero, é fundamental treinar para não acontecer estes fatos, e
existem inúmeros, todos são reais.
São eles desinteressados em
suas vidas? São eles ignorantes? Não foram alertados de forma adequada? Não
ouviram os anúncios e os comandos de evacuação? Não, eles são BURROS!! E sabe o
que é pior, são MUIIIITOS!
Segurança não vende passagem,
nem classe Econômica. Raríssimas vezes se vê propaganda da EY, nem mulher feia,
nem comandante barrigudo de cabelo branco, muito menos avião velho e que esteja
no chão. As pessoas associam: gente feia é ruim, gordo não é saudável, cabelo
branco não é experiência, mas idade avançada; avião no chão é porque não voa ou
vive quebrado.
Os marqueteiros são hábeis em
identificar as coisas que favorecem a venda de seu negócio, e mais hábeis ainda
em evitar coisas que possam desestimular a compra de algum item que esteja
associado a algo que não seja bonito, rico, saudável e feliz.
Outra coisa, avião não cai
toda hora, mas pode te levar a lugares exóticos, pode levar você para ver a sua família, pode levá-lo ao trabalho, com conforto, com comida boa, com bebidas
selecionadas, poltronas modernas e sistemas de entretenimento avançadíssimos. Então
por que se preocupar com as qualificações técnicas de sua tripulação se isso não
vai acontecer hoje?
Não, não interessa se o piloto
é bem treinado, até que a emergência seja declarada.
Os comissários
só deixam de ser vistos como serviçais no momento em que o filho do passageiro se
engasga, quando acontece um tumulto a bordo, quando o passageiro tem um
problema de assento ou de conduta.
Os passageiros, em sequestros,
se escondem atrás dos comissários.
Assim sendo, não só a Varig,
como praticamente todas as empresas aéreas do mundo, valorizam o glamour do voar, pois é ele quem comanda
o negócio, portanto, por melhor que seja o treinamento de segurança ele sempre estará
aquém do que se investe em Serviço de Bordo.
A culpa também não e só das empresas.
No nosso caso, a ANAC exige uma carga ínfima de treinamento prático e paupérrima
de treinamento teórico, junte a isso a preguiça ou cansaço de uma parte de nossos
colegas.
Nós, na Varig, tínhamos o privilégio
de ter instrutores de altíssima qualidade técnica, o nosso pessoal recebia os
melhores treinamentos e estava sempre se atualizando. Existia uma biblioteca
espetacular e um sem-número de materiais de pesquisa e desenvolvimento
profissional. Sempre foram ótimos mesmo, mas o foco velado das empresas sempre
foi o glamour e não adianta falar o contrário.
Quantas vezes por ano a ANAC
exige reciclagem de um piloto ou comissário? Quantas horas são gastas com treinamentos
técnicos (para os pilotos, eu diria 90% e uns 10 % de perfumaria), já para os comissários
tínhamos de ir uma vez por ano para atender à demanda bienal de revalidação, mas
nos cursos de perfumaria estávamos neles (e ainda estão) a toda hora: curso de
como atender o cliente da Primeira Classe, curso sobre apresentação de serviço
da Econômica no voo para Santiago do Chile, e assim vai, e vai longe.
Quantas vezes você, em sua carreira,
manipulou e usou, de verdade, um extintor?
Quantas vezes esteve em um
treinamento real usando uma escorregadeira-barco na água?
Quantas vezes foi a aulas sobre
caviar, sobre vinhos, sobre queijos, ou um ajuste de serviço? Ou a uma palestra
de etiqueta para voos para a China?
Me perdoem o que irei dizer,
prova teórica para tripulante deveria ser obrigatório acertar tudo, Cem por
cento de aproveitamento é o mínimo. Nós, em situação de risco, não temos de ter
dúvidas em relação ao procedimento teórico, pois essa dúvida vai te matar (ou matar outros).
Você sabendo cem por cento da
teoria, quando uma situação ocorrer, sendo ela um pouco fora do padrão, você terá
muito mais segurança em atuar e ter um resultado eficiente.
Quando revalidávamos, muitos
colegas reprovavam nas provas – isso era absurdamente comum –, outros tinham
notas insuficientes para passar, muitas e muitas vezes eram todos ajudados pelo
instrutor a responder à prova (cola não
oficial), pois a Escala não suportaria a perda de alguns tripulantes por
trinta dias até se fazer a nova prova. A pressão para não reprovar era imensa, você
se lembra de alguém ser reprovado?
As empresas pressionaram o DAC,
depois a ANAC, e conseguiram (adequar aos seus
interesses) as cargas de horas práticas, simuladores de fogo/fumaça/primeiros
socorros/uso real de equipamentos, e carga horária de cursos técnicos teóricos,
alegando custos e problemas de escala, mas tiravam os tripulantes por dias para
um curso de Chefe, Supervisor, ou de duty
free, ou BOB, ou novos brindes da Executiva e Econômica.
Isso mostra claramente que as
empresas vendiam a imagem de atualizadas e fortes em treinamento técnico, mas
estavam mesmo privilegiando o Serviço de Bordo em detrimento da segurança, ela,
a segurança nunca foi afastada, mas podia ser mais reforçada.
Pelas suas afirmações neste nosso bate-papo, deduzo que você seja
favorável à meritocracia, estou errado?
A meritocracia é e deve ser
objeto de uso comum em todos os segmentos, em meu negócio eu a aplico a meus
funcionários e tenho ótimos resultados!
Veja bem, a meritocracia está
entranhada desde a família, se seu filho vai mal na escola ele perde
privilégios (pequenos castigos, em geral associados à perda do uso de coisas
que eles gostam). No meu tempo os castigos eram confinamentos ou sova mesmo,
apanhei bastante e não sei quantas mil horas perdi em castigos longos e monótonos,
ah e nem por isso tenho rancor de meus pais ou penso em matá-los!
Já se seu filho apresenta um
desempenho bom em alguma atividade ou prática e ajuda nos afazeres domésticos
ou executa alguma ação voluntária, recebe agrados (mas, para mim, isso é
obrigação – hoje se costuma premiar o óbvio).
A liberdade do jovem de sair,
ir sozinho a algum lugar, chegar mais tarde, enfim, a liberdade se conquista
com ações responsáveis e equilibradas, isso é meritocracia! Para se ter algo
tem de se conquistar!
Na aviação, a máxima imbecil
de “antiguidade é posto “deveria ser banida, ela não combina com hierarquia,
muito menos com competência, e passa bem longe da liderança!
Existem jovens extremamente
competentes e antenados, e existem chefes, gestores e executivos antigões, sem
capacidade alguma de estar onde estão, mas se mantêm em seus postos por conta
da senioridade!
A meritocracia realça os interessados,
inovadores, proativos, aqueles que buscam evolução dos valores educacionais,
morais e desenvolvimento de aptidões técnicas e teóricas relacionadas à sua
área de atuação (seja trabalho, estudo ou familiar)!
O “poder do mérito“ é um
agente estimulador para se conquistar a ascensão profissional e social! E acho
ele muito justo e não conflitante com a hierarquia. Na vida militar se percebe
isso facilmente, jovens tenentes comandam velhos soldados e praças, sem problemas!
Muitos, em geral socialistas, igualitaristas
e alguns grupos filosóficos e sociólogos, acreditam que a meritocracia não atua
de forma justa, pois aqueles que têm melhores chances na vida (boa formação
acadêmica, família abastada, etc.) estarão sempre em vantagem sobre os coitadinhos
que não tiveram a mesma sorte!
Obviamente, guardadas as
proporções, de que adianta uma criatura ter oportunidades excelentes se não
demonstrar desejo, tesão, força de vontade e esforço em conquistá-las?
Também é óbvio que em algum
momento ela vai falhar, pois ela fica muito próxima de um dos piores
sentimentos humanos que é a ganância, e ela, sim, criará os monstros que irão
confundir a busca pelo sucesso com a derrubada dos outros usando artifícios
fúteis, falsos e desonestos!
Eu julgo que o pior sentimento humano é a inveja...
Certamente existem vários
sentimentos ruins que podem destruir uma pessoa, uma sociedade, um grupo de pessoas,
uma empresa, um Estado, a INVEJA é, sem dúvida, o principal deles.
Da inveja se originam outros
sentimentos e, pior, atitudes que causam a desgraça. Está sempre associada à
cobiça, ciúmes, raiva, ira, inferioridade, tristeza, fraqueza, frustração,
falta de caráter, etc... enfim, tem muita coisa ruim junto dela. Eu também não
gosto deste sentimento e o mantenho afastado.
Uma palavra aos invejosos: ao
ver algo que gostou, admirou, ou quer, e que seja dos outros, trabalhe, se
esforce, se empenhe, estude e vá à luta para conquistar.
Querer as coisas ou querer status não é errado, é bom. Então, ao
ver algo ou alguém que curte, não tenha inveja, tenha sim coragem para evoluir.
Ah, é o quinto Pecado Capital,
para os católicos.
Atualmente, devemos ter ‘inveja’ do Brasil?
É tão natural destruir o que não se pode
possuir, negar o que não se compreende, insultar o que se inveja.
Honoré
de Balzac
O BRASIL, como Pátria, não
merece nenhum desrespeito ou falta de amor, nossa grandiosa e rica nação
precisa que o seu povo a ame com mais fervor, com mais honra e com mais respeito.
Tenho inveja sim (se existe a
tal inveja branca, ou boa) do seu atual Portugal, da Noruega, da Finlândia, da Suécia,
etc.
Do meu BRASIL de hoje tenho
pena, tenho medo, tenho dúvidas, mas tenho uma certeza, farei de tudo para
melhorá-lo e mudá-lo.
Nosso problema não é a Pátria,
mas os párias que vêm se aproveitando dela e, consequentemente, de nós mesmos.
Não tenho dúvidas sobre as nossas
culpas pelo lastimável estado de decadência
econômica, social e moral que vivemos. Se as coisas estão assim foi porque
em algum momento achamos que a "lei de Gerson " devia ser usada. Afinal,
todos a usam, vou corromper um fiscal ou um guarda de trânsito, pois
"todos fazem". Vou sonegar imposto, pois "todos fazem". Estou
cansado de ser lesado, vou votar em qualquer um, pois são "todos
iguais".
"TODOS IGUAIS" o cacete”! Eu tenho caráter, tenho honra, acredito nos meus valores morais e éticos, e me
envergonho das poucas vezes que escorreguei nesta mesmice babaca de querer ser
como todos balizado pelo limbo, pela escória, pelo lixo.
Nós somos esse Brasil que se
nos apresenta hoje, porque nós permitimos que isso crescesse, votando errado,
aceitando os erros, desrespeitando os valores e princípios.
Se NÓS não nos rebelarmos
contra isso, se NÓS não nos aliarmos e seguirmos as regras e lutarmos para o
bem se instalar, muito em breve em nossa bandeira estará escrito “Caos e
degradação".
É hora de seguirmos uma frase
em latim no brasão paulista “NON DVCOR DVCO “(Não sou conduzido, conduzo).
Você vai votar em outubro?
Mas é claro que vou! Não voto por obrigatoriedade, mas sim por acreditar que um voto consciente e válido é importante para se consolidar a democracia e tentarmos reverter a mediocridade e safadeza que hoje encontramos.
Mas é claro que vou! Não voto por obrigatoriedade, mas sim por acreditar que um voto consciente e válido é importante para se consolidar a democracia e tentarmos reverter a mediocridade e safadeza que hoje encontramos.
Veja bem, vira e mexe me
perguntam isso, que tem sido um assunto até mais discutido do que a copa de
futebol (acho ótimo), e sempre pontuo algumas coisas. A principal delas e que
vejo poucos se preocuparem, pois se preocupam que um pode ser o primeiro negro
presidente (Joaquim Barbosa), o outro, um gestor da Riachuelo, (Flávio Rocha),
outro, socialista, outra, comunista, outra, ativista. Juro que não me importa
nada disso, me importa se o candidato é HONESTO, tem CARÁTER e tenha pulso
firme e rabo solto, pois vai precisar.
Agora, se é preto, branco ou amarelo,
se é gay, machão, se gosta de comer com a mão, ou se só usa terno, não tô nem aí.
É muito importante que se vote
em algum candidato, seja ele qual for. Os votos brancos e nulos não servem para
anular eleição nenhuma, eles simplesmente não são computados como válidos, sua ‘validade’
seria apenas como protesto, e neste caso seria muito mais útil se fôssemos às
ruas com paus e pedras, surtiria mais efeito.
No começo da nossa conversa eu
disse que "se não aparecer um candidato coerente e correto eu votarei no
Bolsonaro“. Ainda faltam alguns meses até à eleição e certo mesmo para mim hoje
é que:
1) Não voto em ninguém que tenha
a mínima SUSPEITA de conluio com algo errado;
2) Não voto em ninguém que
esteja buscando a reeleição;
3) Não voto de forma alguma em
ESQUERDA (moderada ou extrema) nem que seja o Papa Francisco o candidato;
4) Não voto nos que sejam
ex-esportistas, cantores fora de moda e celebridades instantâneas de programas
medíocres de televisão;
5) Não voto nos que sejam
representantes de minorias de qualquer origem e somente utilizam essa exposição
em benefício da obtenção do voto dos incautos;
6) Não voto nos que professem
qualquer tipo de preconceito contra maiorias, símbolos, etnias, religiões, etc.;
7) Não voto nos que se
apresentem como apadrinhados deste ou daquele nome de maior destaque;
8) Não voto em quem promete
vantagens, benefícios e lucros pessoais, em troca do voto;
9) Não voto em representantes
de igrejas, seitas, cultos, que abusam dos mansos e dos ingênuos, usando a fé
como instrumento de estelionato moral e financeiro;
10) Não voto naqueles que não
respeitem a legislação e façam propaganda emporcalhando a cidade.
Me parece que vão sobrar
poucos ou talvez nenhum, e aí o bicho pega, pois vou ter de votar no EXTREMO,
única forma de eu violar um dos itens acima.
Então, votar em branco ou anular o voto, jamais! É isso?
Sem dúvida alguma, jamais voto
branco/nulo. Com isso, ao invés de protestar, você diminui a margem de votos válidos
e, portanto, qualquer tartaruga sobe no poste. Neste caso, a omissão do voto
elege um demente com poucos votos.
Outra coisa, a urna eletrônica,
no meu entender, não é confiável, mas não acredito que consigam manipular os
votos endereçados a qualquer candidato, mas os nulos e em branco, sim, podem
ser mascarados facilmente.
As pessoas precisam entender
que o voto tem de ser útil.
Temos de votar!
Well, já que estamos falando
de política: sobre a política internacional, o que tem vontade de nos dizer?
As necessidades de cada nação são
muito peculiares e cheias de influências, morais, ideológicas, religiosas,
culturais, econômicas, de poder, enfim, uma salada, tal como os instintos e
desejos humanos, em geral absolutistas e irredutíveis de que as suas convicções
são as corretas e por isso geram conflitos.
Os ESTADOS, no meu entender,
seja qual for a sua convicção ideológica ou religiosa, etc., não devem
interferir na gestão dos seus povos, devem sim criar um ordenamento jurídico responsável
e adequado a uma realidade geral, devem suprir as demandas fundamentais de saúde,
educação, segurança, e outras necessidades básicas, como urbanismo, saneamento,
etc.
O resto o povo faz, até a
economia funciona bem sem a interferência do Estado.
Nenhum Estado deve se meter na
maneira como o outro vive. Por isso, temos os conflitos, é a intolerância do
Estado e o fanatismo de seu povo que fazem as grandes cagadas.
Donald Trump é um nacionalista
ferrenho e suas atitudes demonstram isso. Deixar o Acordo de Paris e o Acordo Transpacífico
foram indicadores claros de uma vontade de se isolar do mundo e de se
fortalecer. Com este afastamento das questões internacionais ele abre para
França, Alemanha, China e outros, uma brecha para que eles passem a influenciar
a globalização e o próprio comércio.
Um louco que pode dar certo,
suas rusgas com a Coreia do Norte e Palestinos podem em algum momento produzir
algo interessante.
Este ano, na América Latina,
teremos cinco eleições. Cuba, por exemplo, deixou de ter um Castro à sua frente
– aqui sim, uma mudança que pode ser muito importante para a abertura externa e
interna.
México, Brasil, Colômbia e
Paraguai também terão eleições, seus resultados não devem afetar os rumos do mundo.
Em geral, continuaremos a ser um zero à esquerda.
Putin, reeleito em março,
continua a sua busca de recuperação interna, que vem tendo sucesso,
superando seus dissabores com os embargos e sanções da União Europeia e EUA.
Suas interferências militares
e diplomáticas e apoio militar e/ou interferência política e geopolítica têm
gerado resultados difíceis, basta ver Ucrânia e Crimeia. Sua luta contra o Estado
Islâmico fortaleceu muito a sua influência no Oriente Médio, mas podem divergir
muito e as reações do mundo podem gerar mais conflitos se não adequadamente
controladas.
Coreias, protagonistas de um barril
de pólvora. Há poucos dias deram mais um
passo importante na recuperação do entendimento entre ambas, (reunião de
parentes separados pela guerra), me parece que eles vão se entender bem. O problema
está no Norte, Kim Jong não é louco (tem feito tudo de forma muito controlada),
ele só detesta seu cabelo, o risco permanente existe e seu programa nuclear
pode ser o fiel da balança entre paz e guerra.
A China cada vez mais se
consolida como nação influente, emergente e vitoriosa, com um sistema econômico capitalista violento,
e mudanças claras na política interna. É através de Xi Jinping que veremos as
grandes mudanças no mundo. Ele tem se mostrado um exímio moderador (muito mais
ouvido e respeitado que Trump) nas questões mundiais difíceis, e é a voz mais
potente nas questões de globalização e comércio exterior.
O Estado Islâmico, este sim,
em franca decadência, não deve nem ser muito falado.
A guerra civil na Síria tem de
acabar e Bashar al-Assad deve ser morto, mas este conflito pode render muita
dor ainda, e a Rússia pode piorar tudo lá.
Iêmen e Arábia Saudita,
aliados, e os Houthis apoiados pelo Iran, é um conflito interno que me causa preocupação.
Por falar em Iran, Trump ao
deixar a bola do acordo nuclear passar para o Congresso deixa o acordo sem
validade e sabe lá como isso será resolvido, filet para o Iran que vai se
deitar nos gringos.
O BREXIT e União Europeia.
A União Europeia vai jogar
duro com o Reino Unido, principalmente na ideia estapafúrdia de sair do bloco e
ainda querer manter as relações e acordos comerciais. Acorda, Alice!, não vai rolar,
vocês erraram feio.
A União Europeia terá de resolver
os seus problemas internos e partir de forma agressiva nas relações econômicas,
atualizando-as neste fraco avanço produtivo e econômico.
A imigração é um problema a
ser visto com cuidado, o discurso anti-europeu já está bem avançado, vários
parlamentos locais estão sendo ocupados por estes nacionalistas e contras.
Israel e Palestinos, esta
merda toda já começou errado desde Moisés (a
ideia de libertar o povo judeu da
escravidão egípcia) e vem até hoje passando pela burrada da ONU (em 1948, no
pós-guerra, com o mundo solidarizado e sensibilizado pelo horror do Holocausto, uma espécie de compensação) em arrumar um lugar para os judeus, até então
um Povo, e os transformarem em uma Nação ou Estado, doando uma parte das
terras de uma então colônia de concepção
britânica de maioria árabe aos judeus
para formarem o Estado de Israel (e temos de buscar entender o que é Povo e o
que é Estado, e se não souberem esta diferença não tem conversa).
Os árabes foram removidos à
força e os judeus colocados ali sem pudor algum ocupando e se apropriando das
casas, instalações, plantações e comércio – para mim, uma violência de menor
valor que o holocausto, mas vergonhosa da mesma forma.
Ao se fazer isso ali naquela região,
e entendo que todos tinham seus motivos religiosos, geopolíticos e históricos
para querer ali estar, mas já dava para ver que não ia dar certo pela condição
extremista dos dois lados, nunca se deram bem e era fato que assim continuariam
e que os conflitos seriam extremados.
Por que não instalaram os judeus
na Amazônia ou em outro lugar? Bastava eles cederem a algumas coisas e
recriariam sua identidade muito mais fortes, mas a intolerância é a mãe da ignorância
e aí temos o resultado.
Apenas como curiosidade, Moisés
"foge" com os judeus do Egito e vai em direção à terra prometida
(somente a Torá e a Bíblia dizem onde é sem nenhuma referência confiável e
verdadeira), na hoje Palestina, conforme as escrituras. Quem decidiu que era lá
foi um pedaço de papel escrito por sabe quem, e pela ideia política do Moisés, não
existe nenhum registro histórico de tal êxodo. No deserto e montanhas da região
do Sinai são pouco mais de 200 km de distância em uma faixa de não mais de 50
km, já se explorou ali todo o terreno e não existe nenhuma comprovação de
atividade humana em número tão grande de pessoas (600.00 segundo Bíblia e Torá),
alimentar e dar de beber pra esta galera com maná e orvalho, não cola, não rola.
Outra coisa, duzentos
quilômetros são percorridos a pé, com muita preguiça, em no máximo DEZ dias,
novamente os textos falam em quarenta anos, por conta dos castigos impostos por
Deus que estava puto dentro da toga de tanto ouvir os lamentos do seu povo
escolhido em ter de andar tanto.
Alguns, que ainda acreditam
neste conto, alegam que Moisés se perdeu por conta do GPS estar sem bateria,
brincadeira. Alegam que havia a necessidade de purificação do povo judeu, (judeus
não assimilados, ou seja, os que não se casam com judeus e que não mantêm
a sanguinidade, e que mesmo em outros
lugares não assimilam os usos e costumes que sejam não judeus). Eles precisavam
ficar isolados em algum lugar e ali esperarem pela morte dos mestiços e
ajustarem os casamentos da forma mais pura para manter a nova prole com o
sangue judeu PURO, para só então puros irem à Terra prometida (por um sabe
quem).
Naquela época, devido a expectativa
de vida ser baixa, quarenta anos representavam duas gerações, tempo suficiente
de purificação e doutrinação, assim ele consegue usando o nome de Deus fazer
uma limpeza sanguínea e étnica.
Se pensarmos nisso com clareza
e frieza veremos que foi um ato absurdo de preconceito e intolerância. Como pode algo dar certo
começando assim?
Outros historiadores alegam
que isto nem tenha ocorrido, e acabam matando até a ideia dos dez mandamentos
recebidos por Moises (sozinho) no alto de uma montanha, sem referência geográfica
nenhuma (fato estranho mesmo nas escrituras, que mesmo imprecisas davam ideias
bem reais das localizações com referências confiáveis).
Ou seja, na minha cabeça,
desde muito jovem deixei de ver a Bíblia e outros livros sagrados como livros
de HISTÓRIA e de RELIGIOSIDADE, e passei a vê-los como livros de estórias que
valorizam a fé e os bons conceitos, e basta. Já li o o Velho e o Novo TESTAMENTO, o TORÁ e TANAKH,
o ALCORÃO, a CODIFICAÇÃO ESPÍRITA, VEDAS, GURU GRANTH SAHIB etc... Todos eles falam basicamente as mesmas
coisas e têm quase as mesmas regras: o AMOR, amar seu Deus e sua fé, amar o próximo,
a natureza e as coisas, respeitar e viver bem com tudo e todos, ser gentil e
humilde sem se deixar dominar pelo ódio e pelas paixões, ser correto e honesto
com você mesmo e com tudo, ou seja, só tem coisa boa, por que em nome da FÉ não
as praticam?
Me desculpem aqueles que
acreditam de forma cega, eu os respeito profundamente, pois acreditar assim e se
praticarem de forma real tudo que veem ali é um imenso ato de amor e entrega,
digno dos especiais, admiro aquele que acredita por FÉ, e abomino o que
acredita sem pensar.
Você acha que
houve eleições, de verdade, em Cuba?
Lá sempre houve eleição, a
chamada eleição controlada: é uma espécie de parlamento ou concelho e são mais
de seiscentos caras que votam, estes, em sua maioria, uma velharada do regime e
alguns novos, inclusive o filho de Raúl Castro.
Então se trata de uma eleição
indireta, o ponto bom é que Miguel Diaz, tem 56 anos, muito mais jovem que os babões
comunistas, e de ideias mais amenas em relação ao regime, favorável a
uma abertura econômica e à iniciativa privada. Óbvio que não será ele a
mudar os dogmas do regime, mas ele irá preparar o terreno para que haja um
avanço fundamental.
Qual a sua ocupação atual?
Muitos meses antes de me
aposentar e me desligar da aviação, já prevendo que ficaria com meus proventos
comprometidos em função da miséria que se paga, e sem AERUS, e também por ainda
estar bem e não gostar de ficar parado me preocupei em arrumar uma outra
atividade.
Neste ponto a Ana Claudia foi
fundamental, ela plantou a semente de
investirmos em algum negócio, começamos a pesquisar, e dentro daquilo que eu
sabia fazer decidimos que seria uma marcenaria. Nessa ocasião começamos a nos preparar
com cursos de empreendedorismo e gestão no SEBRAE e tabular os custos e
investimentos iniciais bem como a busca do ponto ideal, findo este processo arrumamos
um bom ponto, começamos a montar os equipamentos
e buscar os profissionais adequados ao nosso propósito!
Hoje então sou um empresário
do ramo moveleiro, sócio da Ana, nossa empresa é uma EPP-Empresa
de Pequeno Porte com alguns incentivos fiscais. A Ana é responsável pela parte
financeira e administrativa, e eu da parte operacional, cabe a mim a visita aos
clientes, medições, projetos e distribuição dos trabalhos, acompanhamento,
controle de qualidade, etc.
Durante a preparação eu fiz várias
atualizações na área de marcenaria e alguns cursos em relação a restauração
histórica de móveis e marchetaria. Neste segmento que gosto muito, sou eu quem
executo todo o trabalho de pesquisa, de busca de materiais, e eu mesmo cuido
das peças, ainda treino um de nossos aprendizes nesta arte.
Quando não estou na rua
captando clientes ou fazendo compras (raro isso pois quase tudo se negocia pela
net e WhatsApp) estou na produção, nenhum projeto sai sem que tenha meu
envolvimento direto, não por ser centralizador não, é por gostar do que faço!
Lá temos um grupo de
colaboradores assim:
um mestre marceneiro (fixo),
um marceneiro meio-oficial (fixo), ajudante (fixo), um pintor laqueador
(eventual), e outros marceneiros, ajudantes e montadores eventuais que atuam
conforme a produção requer, trabalham por empreitada e os encargos são mínimos!
Você conhecia o cão tabagista?
Eu já havia visto algo em sua página do FB, mas, confesso (com
vergonha), não havia entrado e não conhecia a proposta do BLOG.
Quando começamos a falar sobre a entrevista, aí sim, fui
pesquisar e gostei demais do que vi.
Você, desde que nos conhecemos lá nos idos de mil novecentos e
alguma coisa (época ACVAR), sempre se mostrou uma pessoa culta, antenada e
principalmente engajada. Sua respeitável forma de agir e suas colocações são
sempre oportunas e extremamente equilibradas.
Seu BLOG não poderia ser diferente, a criatura sempre segue o
rumo do criador. Parabéns pela iniciativa.
A pergunta que não foi
feita...
Como todo mundo, tive meus
momentos ruins, de dificuldades, desilusões, desesperos, mas estes eventos são a
forja do caráter e da determinação de um ser humano.
As cargas que recebemos são para ser carregadas, nas costas ou em um carrinho, cabe a você ter a inteligência e discernimento para distribui-las e continuar indo para a frente, usando o aprendizado para cada vez mais ser feliz.
Então, a resposta é: sim, fui
Feliz e estou Feliz, tive chances e benesses em número muito maior, tive de me
reinventar algumas vezes e em todas fiz do melhor jeito e dando o meu melhor, e
por isso estou feliz e satisfeito.
Tenho filhos saudáveis (física
e emocionalmente), inteligentes e bem encaminhados, uma companheira fenomenal,
meus pais e parentes com saúde e bem, tenho uma vida confortável, como não ser
feliz?
Uma derradeira mensagem...
Bom, Jim, agradeço muito a
oportunidade ímpar que me deste em relembrar algumas passagens de minha vida,
de meus valores, nesta correria cotidiana poucas vezes temos tempo para olhar
para nós mesmos. Foi um excelente exercício.
Parabéns pela iniciativa de
seu BLOG e por sua constante busca em
informar, alertar e divertir a todos nós.
Até 2019, estarei aí para lhe
dar um abraço forte.
Agradeço aos seus leitores e
peço que entendam, as respostas são sinceras, são minhas visões e expectativas
do passado e do futuro, ninguém, além de mim, precisa gostar delas, espero não
ter ofendido a ninguém, nem convicções alheias.
E depois de ler as minhas respostas pense em como você responderia, empenhe-se
em buscar no seu coração o valor de cada uma das reflexões que os pensamentos
diversos podem construir, e lembre-se sempre que cada pessoa gera uma resposta
de forma única, exatamente como somos, únicos, jamais se afaste da
singularidade de cada um.
Preciso agradecer imensamente
a Ana Claudia, meus filhos, meus pais, meus amigos e colegas, sem os quais
jamais teria uma vida!
Muito obrigado, Marco!
Conversas anteriores:
Excelente entrevista com o Marco . Não recordo de te-lo conhecido , mas certamente foi ( e ainda é) brilhante a carreira na aviação.
ResponderExcluirDestacamos algo importante colocado pelo entrevistado:
" Tivemos de forma contundente conchavos políticos desfavoráveis, tivemos muitos "salvadores" (internos) da Pátria com egos maiores que a Varig.
Nós todos tivemos nossa culpa também, claro, pois tivemos inúmeros sinais da decadência (não recolhimento do FGTS para as contas, INSS , mudanças no AERUS, enfim, estes sinais de conduta de quem está indo para o vinagre aconteciam e poucos de nós percebiam ou viam isso"...
Estamos de pleno acordo com tais dizeres , reforçando a ideia de que em uma relação envolvendo duas partes, cada uma contribui com 50 % do(s) resultado(s); e por ser "politicamente incorreto" , achei interessante a sistemática , a maneira de proceder, quanto ao votar .É por aí, o caminho ! Todos nós temos dois lados, o esquerdo e o direito ; na política também há a "situação" e a "oposição", e dependendo do momento temporal que se está atravessando , ambos se alternam de acordo com a conveniência... atualmente , no Brasil, a "esquerda" está mais para "anarquista", baderna e agitação, do que empenhada em fazer o tão aclamado "socialismo" em prol dos que se dizem excluídos .Socializar com dinheiro alheio é moleza ! Não custa reforçar que "vermelho" somente:
As rosas, o corpo de bombeiros e o fogo da paixão!
Parabenizamos Marco Sichi pela maneira como conduz seu dia-a-dia e o apreço aos seus.
Grande abraço!
Sidnei Oliveira
Assistido Aerus - RJ
Ego maior que a VARIG ? Você explicar melhor como isto funcionou...
ExcluirBoas Sidnei , obrigado ,
Excluirem relação a sua pergunta , eu disse "que as pessoas que tinham o poder de decisao tinham seus egos ,ou seja suas vaidades , tao grandes, era mais importante dizer que eram os fodoes do que o tamanho real da empresa que era enorme , estas pessoas queriam ser o pais da criança ( das ideias e solucoes ) mas nao queriam ou tinham inteligencia concebe-la , nao tinham paciencia e competencia para gesta-la , nao tinham coragem e humildade para pari-la e se esqueceram que tinham de amamentar e nao mamar !
A pergunta do "Anônimo" não é minha ... outra pessoa o fez, mas esqueceu-se de assinar...
ExcluirEntendi perfeitamente as suas colocações e não restou dúvida em nada; por isso destaquei o trecho da sua escrita!
A VARIG era uma mega empresa, e por último muitos do alto escalão ( do médio também) talvez se julgassem superiores ou mais gostosos do que os demais ( o "EU" era mais forte e preponderante). Enfim, tudo o que sobe um dia desce ( é ou não é ? rsrsrsrs) e a VARIG é hoje uma lembrança daquilo que vivemos.
Abração.
Sidnei Oliveira
Uma história de vida!
ExcluirUma história na aviação sendo parte da história da aviação!
Um amigo que nos enche de alegrias...um pai devotado..um homem como poucos..íntegro..reto...humano..
Muito orgulho de nossa amizade!
Saúde e muito sucesso querido! Iracema e Yanis
Bom colega de trabalho, meu caro Marco Sichi! Desejemo-nos sorte e distancia de Elnio e APVAR. quem sabe assim consigamos receber os valores do rateio, porque afinal não fomos agraciados como os poucos que receberam AERUS e rescisão trabalhista integrais. Quem não se lembra dos escolhidos para as 12 horas que beneficiaram os nomes do primeiro escalão?
ResponderExcluirObrigado , nao mantenho grandes esperanças em receber algo , mas apoio toda e qualquer iniciativa .
ExcluirSeria outra entrevista minha.
ResponderExcluirDiscordo da extensão mínima dada ao "cosmopolita", eu me considero cidadão do mundo, e não o conceito ínfimo daquele que viaja muito.
De resto acredito em reencarnação a partir de hoje.
descubro que não estou só no Brasil.
Gostei do livro...
fui...
Obrigado meu caro Vanderlei , todo e qualquer tripulante , de rodomoça a astronauta é cosmopolita , somos em geral descobridores .
Excluirgrande abraço
F/E Rocha, pseudônimo rochinha
ExcluirParabéns! Mais uma vez, ao Entrevistador e Entrevistado! Excelente! Muito informativa, em experiências vividas, de um Profissional, Aeronauta. Todos nós, que muito viajados fomos , sempre temos muitos fatos e causos a Compartilhar, acho isto muito “bacana”, por parte de quem o faz. Grande generosidade do Entrevistado em dividir tais vivências! Longa, mas muito intensa Entrevista. Muito bom! Um Abraço Fraterno ao Marco, e a todos leitores desta nossa Revista Virtual!
ResponderExcluirCaro Volkart ,
ExcluirObrigado por sua gentil postagem ,
grande abraço
Sichi
Parabéns, Marco.
ResponderExcluirMuito elucidativa a tua entrevista.
Uma aula sobre aviação.
Idacil
Excelente reportagem , belo exemplo de vida!
ResponderExcluirParabéns ao entrevistado e ao entrevistador!
Porém... Discordo da tese de que "Sem dúvida alguma, jamais voto branco/nulo. Com isso, ao invés de protestar, você diminui a margem de votos válidos e, portanto..."
Esta não se sustenta!
Pois ao diminuir a margem de votos validos , não necessariamente diminuirá a porcentagem destes, refentes do candidato que tem a simpatia da maioria dos eleitores.
Exemplificando; o candidato que tiver 40% dos votos validos , permanecerá nesta margem independente dos votos validos.
E ,permita; se obrigar a votar no menos ruim ,também, é ruim!
Abraços e novamente meus cumprimentos pela entrevista.
Paizote
100 votos validos se elege com 50% + 1 = 51
Excluir80 votos em branco se elege com com 21
Desde 2014 os votos NULOS E EM BRANCO NÃO SÃO CONSIDERADOS VOTOS VÁLIDOS.
A ÚNICA DIFERENÇA FICOU NO QUOCIENTE ELEITORAL.
Digamos que numa cidade de 1000 votos válidos, e ela possua 10 vagas para vereador.
Um partido ou coligação precisa de 100 votos válidos para eleger uma vaga.
Só pode preencher a vaga se pelo menos UM dos candidatos tenha conseguido 100 votos. Se não tiver a vaga é transferida para outro partido ou coligação.
Com a nova regra para o voto na legenda, mesmo se um partido atingir o quociente eleitoral, só poderá preencher a vaga se um dos candidatos a vereador desse partido tiver conquistado, pelo menos, 10% do quociente.
Se não houver um candidato com a votação mínima, a Justiça Eleitoral fará um novo cálculo, e as duas vagas serão transferidas para outro partido ou coligação cujos candidatos cumpram o requisito.
fui...
Acho que errei colocando 21 seriam 11.
ExcluirSó comento o fato pois com nulos e brancos nós não diminuímos a porcentagem, mas diminuímos substancialmente o número de votos necessários para atingir o 50% + 1
Paizote Obrigado .
Excluira singularidade de ideias é que fazem o mundo melhor .
eu acho que sua ideia sim tem fundamento ( em uma eleição com poucos candidatos e com um muito forte ) , mas em uma eleiçao tão pulverizada e de fauna tao diversa havera diferenca sim no voto valido .
Muito bom!!!!!
ResponderExcluirElaine Miela Gonçalves
Obrigado , Miela querida , beijo grande
ExcluirTive o prazer de voar com o Marco, ele e mt inteligente e bem resolvido. Parabéns pela entrevista.
ResponderExcluirMaria Cecilia Schuffner
Obrigado Cecilia , bom ver pessoas queridas por aqui. beijo grande
ExcluirParabéns para toda a Família!
ResponderExcluirRobinson Mattos
Obrigado meu caro
ExcluirCapital social de unidade da Varig vai a leilão em maio – InfoMoney
ResponderExcluirVeja mais em: http://www.infomoney.com.br/negocios/grandes-empresas/noticia/7403529/capital-social-unidade-varig-vai-leilao -maio
Sem o mínimo pudor, mas com imensa admiração... Sichi você é FODA! Bjo no coração, foi um prazer trabalhar contigo, retentor de tantas experiência. Que seus caminhos sejam para o alto e para frente sempre.
ResponderExcluirObrigado , mas todos somos foda , fora uma meia duzia de 100
ExcluirOlha o primo aí!!! E olha que não conheço pessoalmente ainda!!! Parabéns e que Deus abençoe sempre.... beijo da prima Paula do tio Hugo Moraes
ResponderExcluirObrigação Paula , em breve está pendência será resolvida , bj
ExcluirAdorei a entrevista !!admiro seu profissionalismo e seu postura !! Faço parte da tripulação! Grande beijo
ResponderExcluirObrigado Paula e Lise , saudades de vocês
Excluir