Aparecido Raimundo de Souza
Ontem, domingo, dia 7, logo cedo, voltei a exercer mais uma
vez a minha honrosa função de palhaço. Desta vez, ou melhor, mais uma vez,
apareci em público como um bufão anônimo, que se juntou a tantos outros, a
tantos mais desconhecidos, nos famosos cartórios eleitorais, ou melhor, nas
zonas eleitorais. Zonas... no meu tempo... tinham outros significados.
Constituíam um deles, em locais prazerosos, onde a gente
comia e se esbaldava com uma infinidade de boas e fogosas putas, figuras
maravilhosas que nos faziam ver estrelas incandescentes em plena meia noite.
Nos dias atuais, essas putas mudaram os sentidos das velhas e queridas zonas.
Hoje elas, as zonas, nos fodem e ainda pagamos, não para ver estrelas de
primeira grandeza, mas para sermos massacrados como se fossemos um punhado de
merda. E acreditem, somos um punhado de
merda.
De cara, anuncio logo (antes que me perguntem) não votei em
ninguém, apenas cumpri com dignidade forçada, com decoro imposto, meu papel de
idiota. Todas essas desgraças e infâmias que aí estavam, à cata de votos, fosse
para deputado, senador, governador, presidente, ou qualquer outra bosta que
tenha esquecido de mencionar, a meu ver deveriam estar queimando os ossos nos
quintos do inferno.
Infelizmente, há uma pedra enorme no meio do caminho. Se não
se comparece a essa zona de putaria, o cidadão (cidadão??!!) é penalizado e
passa a não existir oficialmente para a vida pública. Não tira passaporte, não
requer identidade, não sai do país, nem pode ir para o raio que o parta. A
justiça eleitoral ou tribunal eleitoral (não sei qual a porra pior, através
desse comparecimento, me obriga, me espicaça, me infringe um dever, e, só por
isso, fui exercer meu papel de palhaço, de otário, de Mané), com todas as
letras.
O voto (conhecido também pela bosta de sufrágio universal)
deveria ser livre. O tradicional “Vai quem quer”. Jamais uma imposição, uma
exigência, uma ordem. O mais engraçado: ainda temos filhos da puta que chamam a
isto de país democrático. País democrático devem ser os nomes das vadias. Mães
de todos esses ladrões e vagabundos que ai estão grudados em nossos colhões
faltando apenas que arriemos as calças para que eles nos preguem, no rabo, a
frase exposta espetada na portinha da entrada do cu: “VOTE EM MIM. QUERO SER
SEU REPRESENTANTE”.

Minha dúvida, no momento em que botei os pés fora de casa,
foi saber se, quando coloquei o nariz vermelho, na fuça, se me fiz representar
como um verdadeiro Arrelia, ou seja, se me identificaram como Chapolim,
Professor Girafales, Carequinha, Bozo... ou qualquer outro destaque imaginoso que a gente ainda consegue ver nos
picadeiros. E tome pica... santinhos do pau oco, etc. etc...
Devo lembrar, a todos os meus amados leitores o seguinte: se
tirarem este texto do ar, ou o site, ou melhor, se a Rede Social (que lindo
nome, Rede Social!) podar este comentário de qualquer de uma das minhas páginas
(não estamos num país demo - crático?!) farei a gentileza de publicar estas
palavras, este meu desabafo, em livro.
Vocês aí, de trás dos tocos, de trás dos muros, ou escondidos na casa do caralho, enfim, no geral, tipo um saco de gatos se arranhando como veados e meretrizes de sarjetas, generalizando, são todos salafrários e vagabundos. Saibam e entendam o seguinte. Podem me parar aqui, me brecar... quero ver, todavia, terem peito e coragem, para recolherem meus livros de circulação.
Título e Texto: Aparecido
Raimundo de Souza, 65 anos, jornalista. De Vitória, no Espírito Santo.
8-10-2018
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Infelizmente como cidadãos de bem temos que cumprir nossa obrigação! Mas confesso me sentir envergonhada de ser brasileira, não por ter que exercer meu papel, mas ver e ouvir tantas asneiras, seja de candidatos, seja de eleitores.
ResponderExcluirNosso país virou uma verdadeira bagunça, um grande puteiro, onde as putarias andaram soltas em vários protestos, meu comentário não é favor de um ou de outro, e sim de repúdio a algumas pessoas, que estão denegrindo mais ainda a imagem de nosso país, que além de ser conhecido como o país da corrupção, agora o país dos peladões. Agora somos o país da putaria. E vamos nós de novo mais vinte dias, Bem o Brasil é de todos, mas confesso que estou enojada. Parabéns pelo texto Aparecido. Atenciosamente Carla