É típico dos movimentos coletivistas organizados, que falam em nome das “minorias”, tentar monopolizar os fins nobres em nome de toda a categoria, como se tivessem procuração dos indivíduos que compõem tais “minorias”.
A feminista, por exemplo, jura
falar em nome “da mulher”, ou seja, de todas as mulheres,
assim como o líder racial acha que representa todos os negros e o líder do
movimento LGBT acredita falar em nome de todos os homossexuais, bissexuais e
trans. Nada mais falso.
Assim como nem todo proletário
era marxista, nem toda mulher é feminista, nem todo negro é racialista e nem
todo gay é militante LGBT. Diria que somente uma minoria dentro desses grupos
aderem a tais movimentos coletivistas em seu nome. Nesse sentido, sim, são
movimentos de minorias. Minorias barulhentas, que pensam representar o todo.
Os marxistas não sabiam como
lidar com o proletário que não queria saber de revolução. Como assim? Como é
possível um trabalhador que não quer saber de socialismo, mas sim de
capitalismo e melhores condições de trabalho por meio da concorrência de
patrões no livre mercado? A solução encontrada foi chamar todos eles de alienados
ou traidores.
O mesmo ocorre com esses
movimentos identitários “progressistas” de hoje. Uma mulher que prega o
conservadorismo, que admira Thatcher como símbolo de “empoderamento feminino”,
e que não odeia os homens, o casamento e tampouco fala em “igualdade salarial”
independente de produtividade? Só pode ser uma alienada ou traidora.
E com essa mentalidade as
esquerdistas, com a ajuda dos homens esquerdistas (esses são legais),
organizaram o movimento #EleNão contra Jair Bolsonaro, mascarando o que isso
significa na prática: o #EleSim para Lula, o machista que se refere às
feministas como “mulheres de grelo duro”. Míriam Leitão, jornalista que endossa
essas bandeiras esquerdistas coletivistas, vibrou com a ação “das mulheres” em
sua coluna de hoje:
O
movimento das mulheres conseguiu algo que os partidos de centro e de esquerda
não alcançaram: levar para as ruas, com uma mesma ideia, eleitores de diversos
candidatos que se opõem a Jair Bolsonaro. Era a união de centro-esquerda, que
tanto defendem alguns políticos, em defesa de conquistas como democracia,
liberdade, respeito às mulheres, combate ao racismo e à homofobia. Essa foi a
ideia que predominou e é por isso que as cores presentes eram muitas, inclusive
o vermelho do PT.
As
passeatas do fim de semana não foram equivalentes. Uma é mais forte do que a
outra, e não me refiro apenas ao número de pessoas. Não é quantitativa apenas a
diferença, é qualitativa. As manifestações das mulheres se projetam para além
das eleições e começaram antes da atual disputa. Representam a emergência de um
fenômeno novo que é o protagonismo das mulheres, a causa feminista. As
passeatas a favor de Jair Bolsonaro foram reativas, uma reação ao que houve no
sábado. Representam o que sempre acontece em eleições, em que os candidatos que
mais mobilizam eleitores conseguem fazer demonstrações disso. As fotos de uma e
de outra manifestação já revelam a diferença. Em uma, há a predominância de
mulheres, muita diversidade e nenhum partido específico no comando. Nas de
Bolsonaro, a maioria era de homens, em geral brancos, e que a pé ou de carro
gritavam os slogans em favor do seu candidato.
Míriam Leitão é uma típica
esquerdista que jura falar em nome das “minorias”, da “mulher”. Mas o que tem
de mulher que não a suporta! As passeatas a favor de Bolsonaro, ao contrário do
que ela diz, estavam repletas de mulheres, e há um movimento de mulheres a
favor do capitão.
Qualquer pessoa razoável
entende essa obviedade: existem mulheres contra Bolsonaro, e mulheres a favor
dele. Não há consenso. Não há hegemonia. Nenhuma fala em nome de todas. A menor
minoria de todas é o indivíduo, esse ser de carne e osso odiado pelos
coletivistas, que se pegam em abstrações.
Em entrevista ao mesmo GLOBO, Flávio Bolsonaro,
que disputa uma vaga no Senado pelo Rio, respondeu uma pergunta sobre a suposta
rejeição alta de seu pai entre “as mulheres”: “Até as pesquisas Ibope e
Datafolha mostram que o Bolsonaro tem maior percentual de voto entre as
mulheres. A rejeição que existe é de militantes, é uma rejeição ideológica natural”.
Ele está certo: Bolsonaro tem
a maioria entre as mulheres, assim como entre flamenguistas e
corintianos. Ele tem a maioria dos votos em praticamente todos os grupos, à
exceção dos mais ignorantes que olham para o estado em busca de paternalismo e
lembram de Lula nos tempos de vacas gordas.
E para calar definitivamente
essa turma barulhenta da esquerda, formada por feministas e homens oportunistas
ou covardes, a nova pesquisa que saiu mostra Bolsonaro subindo seis
pontos percentuais entre as mulheres, depois da militância do
#EleNão. Que ironia deliciosa! Talvez essas mulheres devessem intensificar sua
ação, para que Bolsonaro possa liquidar a fatura já no primeiro turno e impedir
de vez o risco de volta do PT ao poder. Em frente, mulher!
Título, Imagem e Texto:
Rodrigo Constantino, Gazeta do Povo, 2-10-2018
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