Pedro Almeida Vieira
Primeiro, puxo dos galões: tenho formação acadêmica na área do Ambiente, com uma licenciatura e um mestrado; fui dirigente de associações de defesa do ambiente na primeira metade dos anos 90; fui jornalista especializado em temas ambientais em jornais e revistas de âmbito nacional; escrevi três ensaios sobre questões ambientais – um deles que vai este ano fazer duas décadas: O Estrago da Nação –; recebi em 2003 o Prémio Nacional de Ambiente Fernando Pereira.
Digo isto para poder
acrescentar que acompanho este tema do aquecimento global desde os anos 90,
incluindo a altura em que Portugal era liderado pelo mesmo homem que fala agora em “ebulição global”, esse então
primeiro-ministro que, em 1997, mandou o nosso país negociar na União Europeia
a possibilidade de não se ter de cumprir as metas do Protocolo de Quioto – ou
seja, que as emissões pudessem aumentar 27% –, porque era preciso desenvolver.
Posto isto, vamos ao osso:
independentemente de considerar serem evidentes os sinais de alterações
climáticas, sejam estas ou não de origem antropogénicas, acho profundamente
lamentável a cobertura sensacionalista e manipuladora da comunicação social sobre
este tema.
E digo isto, não para recusar
a relevância de uma mudança de paradigma enetgético nem para reneger os efeitos
do aquecimento global – que são sobretudo mensuráveis e evidentes através de
indicadores ecológicos, e não tanto por eventos meteorológicos extremos, e
muito menos em mortalidade [explicarei essa questão noutra oportunidade] – ,
mas sim para acusar os media mainstream (sempre agora muito
disponíveis para causas mainstream) de pactuarem e integrarem mais
uma campanha de hipocrisia e de greenwashing empresarial e
político. O intuito passa por culpabilizar todos em geral, e assim ninguém em
particular, colocando ademais os políticos e empresários como nossos
salvadores, quando, na verdade, são eles os principais carrascos.
Este é tema longo – e do qual
regressarei de tempos a tempos aqui no PÁGINA UM, embora, desde já saliente
ser, cada vez mais, adepto da necessidade de nos adaptarmos às alterações, e
não andarmos quixotescamente em gritos histéricos.
Para já, e por hoje, desejo
dedicar este espaço a zurzir na “esperteza saloia” do Público – que não é
somente do Público, mas este jornal é relapso, e pela sua história na cobertura
ambiental não tem desculpa – que anda numa lamentável saga manipulatória em
redor do aquecimento global. Na sua seccção Azul, aquela que tem protocolos de índole financeira com compromissos editoriais,
trata sempre de passar as culpas dos políticos e das políticas para o cidadão
comum.
Que o faça à descarada – eu
até compreendo. Mas já me chateia que queira fazer isto ao belo estilo do wokismo e
que, por essa bitiola enviesada, sentencie ser FALSO que se possa concluir que
se “Portugal é um país pequeno, logo a luta climática não depende de nós”.
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