sábado, 23 de setembro de 2023

Em meio à onda de calor, pelo menos 600 ônibus ainda circulam sem ar-condicionado no Rio de Janeiro

Ainda na primeira gestão de Eduardo Paes, a promessa foi ter todas as linhas climatizadas até 2016

Felipe Lucena

anunciada elevação das temperaturas é uma realidade. Estamos todos sentido o calor extremo na pele. Quem anda de ônibus no Rio de Janeiro sente ainda mais. Atualmente são, pelo menos, 600 ônibus circulando sem ar-condicionado pela cidade. Além disso, existem os que têm refrigeração, mas não funciona como deveria.

“O ar não dá vazão ou nem pega direito e a gente fica num forno dentro dos ônibus”, comenta Rose Almeida, auxiliar de escritório, que pega transporte coletivo todos os dias da Zona Oeste até o Centro do Rio.

Nesta quinta-feira, 21/9, aconteceu uma audiência pública na Câmara dos Vereadores para debater o tema. No encontro, a Rio Ônibus (representando as empresas que operam na cidade) admitiu que aproximadamente 600 ônibus ainda circulam sem climatização. Ao todo são 3 mil rodando na cidade.

Maína Celidônio, secretária Municipal de Transportes, lamentou que a Prefeitura não tenha como punir as empresas cujos veículos andam com ar-condicionado desligado ou mesmo avariados e em péssimo estado de conservação.

Segundo a secretária, depois do acordo entre a Prefeitura e as empresas para o repasse do subsídio, foram criadas regras adicionais para o pagamento diferenciado para linhas com ou sem ar refrigerado, pois a diferença nos custos fica na ordem dos 30%. “As empresas foram descontadas em R$ 20 milhões. Com isso, vimos um aumento no número de coletivos com ar refrigerado. Não adianta voto de confiança. Só resolvem quando dói no bolso. Infelizmente, o Judiciário derrubou as nossas medidas e nos deixou sem qualquer capacidade de punir as empresas”, disse Maína. A Prefeitura está recorrendo contra essa decisão.

Ao DIÁRIO DO RIO, a Rio Ônibus informou que “a frota municipal já conta com 80% dos ônibus refrigerados. A conquista é resultado da aquisição de mais de 700 novos veículos, sendo centenas deles zero km. A renovação e climatização dos coletivos são parte das melhorias possibilitadas pelo acordo firmado com a Prefeitura e o MPRJ. Os consórcios mantêm diálogo permanente com a SMTR, visando a evolução dos serviços prestados”.

Durante a audiência pública, o vereador Luiz Ramos Filho, integrante da comissão de transportes, questionou se este desconto no valor do subsídio para as linhas que circulam sem o ar-condicionado ligado estaria no acordo assinado no ano passado. A Secretaria e a Rio Ônibus disseram que não. “O acordo não prevê qualquer penalidade às empresas que prestam um péssimo serviço. Ou seja, a Prefeitura não tem como punir se a empresa circula com veículo caindo aos pedaços, nem as que rodam com o ar desligado num calor de 40 graus. Pelo que a secretária explicou, temos que pagar e aceitar o péssimo serviço prestado”, lamentou o parlamentar.

A vereadora Teresa Bergher afirmou que não se pode esperar até 2028, quando o contrato com as empresas se encerra, para que tudo seja resolvido. “Se este contrato não está sendo satisfatório para o cidadão, tem que ser rescindido e a Prefeitura tem o dever de lançar um outro edital, porque tem obrigação de zelar pelo bem-estar do cidadão, que está pagando uma fortuna de subsídio sem que o serviço melhore. Não dá para entender como os ônibus circulam sem ar refrigerado ligado numa cidade tão quente como o Rio de Janeiro, inacreditável”.

A secretária de transportes garantiu, durante a audiência pública, que não haverá qualquer reajuste no preço da passagem no ano que vem. No entanto, não há previsão de quando toda a frota de ônibus da cidade estará rodando com o ar-condicionado ligado. Ainda na primeira gestão de Eduardo Paes, a promessa foi ter todas as linhas climatizadas até 2016.

Título e Texto: Felipe Lucena, Diário do Rio, 22-9-2023

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