Humberto Pinho da Silva
Parece ser afronta aos descendentes do escritor. As autoridades, com apoio da Fundação Eça de Queiroz, querem transladar os ossos do autor dos "Maias" para o Panteão, alegando ser figura nacional.
Todavia, a família não concorda, declarando que o
antepassado deve permanecer onde se encontra desde 1989 – após três
transladações – no cemitério de Santa Cruz, Baião, em jazigo de família, ao
lado da querida filha Maria e do neto Manuel, estando dispostos a recorrerem à
Justiça, caso seja necessário.
Para já, enviaram ao Presidente da Assembleia da República carta assinada pelos bisnetos, invocando que era vontade do bisavô ficar em Baião. Argumentando, ainda, que os restos mortais pertencem, legalmente, à família e não ao Estado.
Que Eça é merecedor de permanecer no Panteão, onde repousam ilustres escritores e figuras notáveis da nação, ninguém dúvida, mas parece-me que a homenagem póstuma deve ter o acordo da família.
Desconheço porque, mesmo contra a vontade dos
descendentes, querem prestarem-lhe essa honra, e deixando, há décadas,
esquecido, quase abandonado, o maior prosador da língua portuguesa, Camilo
Castelo Branco, de quem Castilho escreveu: "Sim senhor! é mestre e
cem vezes mestre, e de todos os nossos clássicos nenhum há que eu leia com
tanto gosto e aproveite." in "Carta a Camilo, Lisboa,
2/1/1866”.
E o grande Unamuno, referindo-se ao “Amor de
Perdição", afirma: "Es uno de los libros fundamentales da
literatura ibérica." in "Por Terras de Portugal
Y Espana".
Não entendo certas atitudes, a não ser que haja
razões que desconheço.
Título e Texto: Humberto Pinho da Silva, setembro de 2023
Esta coluna é publicada às quintas-feiras.
ResponderExcluirEça. Trasladação permitida por decisão judicial provisória
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