quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

"Parem este terrorista!" Governo dos EUA ofereceu, em 2017, dez milhões de dólares pela captura do novo líder da Síria

Paulo Hasse Paixão

O novo líder da Síria, Abu Mohammad al-Julani [foto], também conhecido como Muhammad al-Jawlani ou Abu Muhammad al-Golani, já foi objecto de uma recompensa de 10 milhões de dólares por parte do governo dos EUA, e a sua organização Hayʼat Tahrir al-Sham (HTS), que recebeu apoio militar e financeiro do Departamento de Defesa Norte-Americano, da CIA, da Mossad e da Turquia – um Estado membro da NATO, é considerada pela ONU e pela maior parte dos estados ocidentais como uma organização terrorista, parte integrante da rede da Al-Qaeda, que a narrativa do 11 de Setembro apresentou como responsável pelo ataque às Torres Gémeas.

Al-Julani, nascido Ahmed Hussein al-Shar’a na Arábia Saudita, é o líder da principal força rebelde na Síria após o rápido colapso do governo de Bashar al-Assad. Anteriormente, era um grupo aliado do Estado Islâmico no Iraque, conhecido como al-Nusra – um franchise da Al-Qaeda.

A Al-Qaeda libertou o al-Nusra dessa aliança em 2015, provavelmente por razões estratégicas. Na altura, o então líder da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, disse: “A irmandade do Islão que existe entre nós é mais forte do que quaisquer laços organizacionais que passem ou mudem”, dando instruções a al-Julani para integrar os seus jihadistas no movimento anti-Assad mais vasto.

O governo dos EUA não ficou convencido com este rebranding, tendo a Embaixada dos EUA na Síria declarado num post de rede social em 2017:

“O núcleo do HTS é a al-Nusra, uma organização terrorista. Esta designação aplica-se independentemente do nome que usa ou dos grupos que se lhe juntam. O HTS é uma fusão e qualquer grupo que se junte a ele torna-se parte da rede síria da Al-Qaeda”.

A embaixada também partilhou um cartaz digital de “procurado” com a imagem de al-Julani e a inscrição “STOP THIS TERRORIST”, oferecendo até 10 milhões de dólares por informações que levassem à sua captura.

Na página dedicada a al-Julani, agora apagada, no sítio Web ‘Rewards for Justice’ do governo dos EUA, era afirmado:

“Sob a liderança de al-Jawlani, o al-Nusra levou a cabo múltiplos ataques terroristas em toda a Síria, muitas vezes visando civis. Em abril de 2015, o al-Nusra terá raptado, e mais tarde libertado, cerca de 300 civis curdos de um posto de controlo na Síria. Em junho de 2015, reivindicou a responsabilidade pelo massacre de 20 residentes na aldeia drusa de Qalb Lawzeh, na província de Idlib, na Síria”.

No entanto, as potências ocidentais não só apoiaram esta organização e o seu líder como parecem agora dispostas a trabalhar com os terroristas, com o governo britânico a considerar retirar o HTS da sua lista de organizações terroristas proscritas e o Departamento de Estado dos EUA a considerar que “a Al-Qaeda está do nosso lado na Síria.”

Tudo permite, a russofobia. É espantoso. 

Título e Texto: Paulo Hasse Paixão, ContraCultura, 11-12-2024 

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