Paulo Hasse Paixão
O novo líder da Síria, Abu Mohammad al-Julani [foto], também conhecido como Muhammad al-Jawlani ou Abu Muhammad al-Golani, já foi objecto de uma recompensa de 10 milhões de dólares por parte do governo dos EUA, e a sua organização Hayʼat Tahrir al-Sham (HTS), que recebeu apoio militar e financeiro do Departamento de Defesa Norte-Americano, da CIA, da Mossad e da Turquia – um Estado membro da NATO, é considerada pela ONU e pela maior parte dos estados ocidentais como uma organização terrorista, parte integrante da rede da Al-Qaeda, que a narrativa do 11 de Setembro apresentou como responsável pelo ataque às Torres Gémeas.
Al-Julani, nascido Ahmed
Hussein al-Shar’a na Arábia Saudita, é o líder da principal força rebelde na
Síria após o rápido colapso do governo de Bashar al-Assad. Anteriormente, era
um grupo aliado do Estado Islâmico no Iraque, conhecido como al-Nusra – um franchise da
Al-Qaeda.
A Al-Qaeda libertou o al-Nusra
dessa aliança em 2015, provavelmente por razões estratégicas. Na altura, o
então líder da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, disse: “A irmandade do Islão que existe entre nós é mais
forte do que quaisquer laços organizacionais que passem ou mudem”, dando
instruções a al-Julani para integrar os seus jihadistas no movimento anti-Assad
mais vasto.
O governo dos EUA não ficou
convencido com este rebranding, tendo a Embaixada dos EUA na
Síria declarado num post de rede social em 2017:
“O núcleo do HTS é a
al-Nusra, uma organização terrorista. Esta designação aplica-se
independentemente do nome que usa ou dos grupos que se lhe juntam. O HTS é uma
fusão e qualquer grupo que se junte a ele torna-se parte da rede síria da
Al-Qaeda”.
A embaixada também partilhou
um cartaz digital de “procurado” com a imagem de al-Julani e a inscrição “STOP
THIS TERRORIST”, oferecendo até 10 milhões de dólares por informações que
levassem à sua captura.
Na página dedicada a al-Julani, agora apagada, no sítio Web ‘Rewards for Justice’ do governo dos EUA, era afirmado:
“Sob a liderança de
al-Jawlani, o al-Nusra levou a cabo múltiplos ataques terroristas em toda a
Síria, muitas vezes visando civis. Em abril de 2015, o al-Nusra terá raptado, e
mais tarde libertado, cerca de 300 civis curdos de um posto de controlo na Síria.
Em junho de 2015, reivindicou a responsabilidade pelo massacre de 20 residentes
na aldeia drusa de Qalb Lawzeh, na província de Idlib, na Síria”.
No entanto, as potências
ocidentais não só apoiaram esta organização e o seu líder como parecem agora
dispostas a trabalhar com os terroristas, com o governo britânico a considerar retirar o HTS da sua lista de organizações
terroristas proscritas e o Departamento de Estado dos EUA a considerar que “a
Al-Qaeda está do nosso lado na Síria.”
Tudo permite, a russofobia. É espantoso.
We remain committed to bringing leading AQS figures in HTS to justice. #Syria pic.twitter.com/R8evqffWum
— U.S. Embassy Syria (@USEmbassySyria) May 15, 2017
Título e Texto: Paulo Hasse Paixão, ContraCultura, 11-12-2024
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